Muitos jogos tentam imitar Overcooked depois de perceber o sucesso estrondoso que o título da Team17 fez no mundo dos videogames. A Streamline Games chega com Bake ‘N Switch, um game com a proposta de ser ultra mega fofo enquanto pega emprestado alguma porção da essência de Overcooked, porém numa fórmula mais simples que tem seus altos e baixos.
Desenvolvimento: Streamline Games
Distribuição: Streamline Media Group
Jogadores: 1-4 (local e online)
Gênero: Party
Classificação indicativa: Livre
Português: Não
Plataformas: Switch, PS4 e PC
Duração: Sem registros
Nada de cozinhar por aqui
Apesar de ter uma clara inspiração no maior party game de cozinhar de todos os tempos, Bake ‘N Switch não possui uma jogabilidade complexa que envolve preparar pratos e servir clientes em um estabelecimento. Os cenários por aqui são em meio a ambientes naturais, como locais tropicais e desertos, todos sempre com um forno à lenha no centro da tela para receber os animais que – relaxa – são feitos de uma massa comestível. É um jogo que esbanja fofura – mas, parando pra pensar agora, realmente, estamos cozinhando animais.
Como sua inspiração, Bake ‘N Switch possui o famoso sistema de pontuação e classificação em até 3 estrelas. Ou seja, quanto mais pontos você conseguir marcar, mais estrelas tem a chance de ganhar. Antes de entrar numa fase, podemos navegar no mapa e selecionar o estágio que vamos jogar, mas para atravessar portões que ficam bloqueando a passagem para um próximo nível precisamos de uma quantidade específica de estrelas. Frequentemente também uma nuvem carregada de chuva fica transitando pelos cenários no mapa, o que pode acabar modificando uma fase em um formato “chuvoso” caso esta nuvem repouse ali em cima. Assim, a jogabilidade muda um pouco, adicionando relâmpagos que caem do céu com o tempo e podem destruir os animaizinhos feitos de massa.
Cuide de seus pãezinhos
A jogabilidade de Bake ‘N Switch é bastante simples e se resume em arremessar os animais-pãezinhos no forno. A dificuldade vai aumentando gradualmente enquanto adiciona elementos para dar um pouco mais de variedade ao gameplay como um todo. São sete tipos de pãezinhos no total, sendo que nas primeiras fases temos disponíveis apenas um que se assemelham a um porquinho. Também existe a mecânica de fundir os pãezinhos arremessando-os uns nos outros, fazendo com que eles se devorem e fiquem com um número em cima da cabeça representando a quantidade de pãezinhos fundidos ali.
O número máximo que podemos juntar em um mesmo animalzinho é de 30 unidades, desperdiçando o restante caso você tente fundir mais do que isso. Após uma grande quantidade acumulada, é só lançarmos ao forno e este simbolizará a realização de um combo por meio de movimentos espalhafatosos e animados. Desta forma é mais produtivo o processo de pontuação, e bem provável que você chegue à terceira estrela. Mesmo assim, conseguir a pontuação máxima em uma fase é uma tarefa bem difícil, e é necessário ser bem perfeccionista.
Ao longo das fases, novos tipos de pãezinhos são liberados, como um pássaro que fica fugindo dos personagens e correndo pelo cenário ou um macaquinho que bate no chão e elimina inimigos sem a intervenção dos jogadores. Também são adicionados pequenos monstrinhos gosmentos que surgem de repente por meio de portais e podem congelar os pãezinhos e fazer com que a quantidade fundidos em um mesmo pão seja diminuída.
Os jogadores devem usar de força bruta nestes momentos para eliminar esses monstros, como também abusar de habilidades – com um cooldown – que se livram deles mais rapidamente. Mais à frente, ainda somos apresentados aos mofos, que podem embolorar seus pãezinhos saudáveis e contaminar todo mundo. Também devemos nos livrar desses caras para evitar a propagação.
Outra mecânica interessante é a adição das geleias e coberturas, que funcionam como um toque extra aos pãezinhos. Nestas fases, os jogadores precisam arremessar os animais comestíveis nestes líquidos que ficam em buracos no chão para modificar o ingrediente, e em seguida arremessar ao forno. Forno este também que sempre mostra com um ícone de qual o próximo “prato” a ser feito, causando a diminuição de pontos caso o incorreto seja lançado ao fogo.
Sozinho não rola, mas pior ainda são os problemas
Bake ‘N Switch foi pensado para duas pessoas no mínimo e isso significa negativamente que não podemos jogar em apenas um jogador. É isso mesmo que você acabou de ler, o game exige que pelo menos duas pessoas estejam no jogo para poder iniciar, caso contrário, sem chances. O problema é que isso causa uma confusão enorme, principalmente pelo fato de na página do jogo nas lojas isso não estar tão claro. A descrição de Bake ‘N Switch apenas dá a entender essa peculiaridade, mas não vai direto ao ponto ou fala da exigência. Também vi no Discord oficial do game as pessoas questionando essa limitação e dizendo que não sabiam deste fato. O que me alegra um pouco é que, segundo um desenvolvedor da equipe, está nos planos de desenvolvimento a atualização que vai inserir a opção single player e equilibrar certas coisas dentro da jogabilidade que, sinceramente, precisam o quanto antes serem corrigidas.
Acho que o principal defeito é a falta de equilíbrio da pontuação que faz com que quatro jogadores seja o número mais indicado para se jogar Bake ‘N Switch. O jogo simplesmente não regula a quantidade exigida de pontos em relação à quantidade de pessoas ali, ao contrário de Overcooked que diminui a pontuação para adquirir três estrelas, por exemplo, caso apenas duas pessoas estejam jogando (ou uma). Este mesmo desenvolvedor de Bake ‘N Switch me comunicou que as mudanças quando jogamos com 2 ou mais pessoas ficam por conta do tempo de respawn dos pãezinhos e inimigos, mas que realmente a pontuação não se ajusta. Portanto, bola fora da equipe por não ter se atentado a isso e deixar algo tão crítico passar.
Jogar online também se torna um pouco desanimador caso você seja o participante e não o anfitrião. Você não irá liberar skins ou qualquer outro desbloqueável, fazendo com que o progresso seja única e exclusivamente de quem criou a sala. Poderiam ter permitido algum tipo de recompensa para incentivar o modo multiplayer, já que nem mesmo jogando no mesmo console podemos entrar no perfil do segundo jogador e afins. Aliás, não existe uma forma de criarmos partidas públicas, nem mesmo pesquisar por salas ou algo do gênero. É necessário ter amigos que compararam o jogo na mesma plataforma que você para conseguir mandar convites através do sistema do Switch, o que limita mais ainda e me faz questionar a existência do online.
Um bom jogo que precisa de ajustes
Bake ‘N Switch é um jogo com o qual, honestamente, tive boas horas de diversão. O problema é sua execução bastante falha no multiplayer, limitando as recompensas apenas ao anfitrião, não permitindo a criação de partidas públicas e sequer ajustando a pontuação exigida conforme a quantidade de pessoas na partida. O fato de não existir um single player logo no lançamento e não deixar isso claro já é ruim o bastante.
Nestes casos, é preferível adiar o lançamento para entregar um produto mais bem acabado. A impressão final que fico de Bake ‘N Switch é de um jogo que foi terminado às pressas e não teve uma comunicação muito boa com o público na hora de colher opiniões. É um excelente jogo na essência, nos gráficos bonitinhos e trilha sonora bem escolhida, mas no estado atual apenas a versão de PC e PS4 saem na vantagem por contarem com o recurso de jogabilidade remota.
Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores