Se você é fã assíduo da série Mega Man e, principalmente, da era “X” em diante, com certeza já deve ter tido contato com o lado Zero da coisa. Porém, se você, assim como eu, ignorou completamente os jogos Megaman Zero independentemente do motivo, saiba que deixou passar batido grandes obras. Confesso que os jogos entitulados Mega Man que não possuíam X ou Rockman como protagonistas sempre me afastaram, mas resolvi perder o preconceito e dar a chance para um dos Maverick Hunter mais adorados me cativar: e deu muito certo.
Desenvolvimento: Capcom
Edição: Capcom
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, RPG
Classificação indicativa: Livre
Português: Não
Plataformas: PC, Xbox One, PS4 e Switch
Duração: 42 horas
Seis jogos em um
Caso você não conheça, a série Mega Man Zero originalmente pertence ao grandioso Game Boy Advance, um dos portáteis mais vendidos de todos os tempos e completamente consagrado por fãs da Nintendo. Já os jogos Mega Man ZX fizeram sua estréia em outro console de bolso da japonesa, o Nintendo DS.
Todos os jogos citados foram lançados entre 2002 e 2008, e esta coletânea traz nada menos que 6 jogos no total. É, meu amigo e minha amiga, tem conteúdo pra meses de jogatina por aqui se você quiser se empenhar em fazer tudo.
A jornada de Zero e uma galera qualquer
Cerca de cem anos depois dos acontecimentos em Mega Man X, o Maverick Hunter Zero é ativado por um cientista de nome Ciel em uma situação emergencial. A história de Mega Man Zero se passa num período onde está acontecendo uma guerra entre humanos e Reploids, e, no desenrolar da história, Zero acaba estabelecendo um objetivo de restaurar a paz entre robôs e humanos.
Já Mega Man ZX é um pouco diferente e acontece 100 anos após Mega Man Zero. Os jogos desta série resolveram tomar um rumo fora do já visto até então, colocando o jogador na pele de um personagem masculino, Vent, ou feminino, Aile – um tanto genéricos, eu acho.
Digo com confiança que os jogos Mega Man Zero são os que fazem este apanhado de títulos brilhar pra mim. A jogabilidade se mantém fiel para com aquilo que a gente já conhece, mas com adições interessantes e missões variadas que não se prendem à formula clássica – apesar de já ser boa por si só -, portanto várias fases arriscam em trazer uma espécie de modo horda, já outras te colocam em objetivos que envolvem resgate, escolta, entre várias formas de trazer uma variação sem perder a essência do bom e velho Mega Man.
Na “segunda parte” da coletânea, o conjunto ZX, o jogo foca em personagens jamais vistos antes em toda a lore de Mega Man, e por isso provavelmente estes dois jogos não agradem tanto o público mais antigo como aconteceu comigo. Acredito que ao tentar inserir personagens desta forma em um jogo com protagonistas tão significantes torna tudo bem passivo de crítica. Mas, pra mim, um bom ponto foi que a forma de jogar contida aqui remete mais à jogabilidade de X/Rockman no início e permite que você adquira novas armaduras, até mesmo que incorpore alguns chefões depois de pegar seu powerup.
Talvez você se dê bem justamente pelo fato de tentarem criar elementos que fazem com que o jogador se identifique mais com quem está jogando, porém, mais uma vez, comigo o efeito foi o reverso. Já em relação às fases, algumas passam uma sensação de vazio, e o maior pecado na minha opinião foi inserir obstáculos onde precisamos abaixar para passar agachado. O problema nisso é justamente o processo: é necessário tirar a armadura com um comando, ver a animação e passar pelo caminho.
Jogabilidade igual, mas diferente
Mega Man Zero como um tudo possui uma estrutura que lembra muito os títulos com os quais já estamos acostumados de Mega Man. É a famosa seleção de fases, passar por todos os inimigos e obstáculos do cenário selecionado e, no fim, enfrentar o chefão do lugar.
Aqui é quase igual a isso, mas acontece de uma maneira que consiste em diálogos – que são bem truncados por causa da tela original do GBA – e missões. Um dos destaques em Mega Man Zero são a quantidade de armas variadas para equiparmos e evoluirmos, como um gancho, uma espécie de boomerang, entre outros.
Por aquie existem uns seres, que são encontrados nas missões, chamados Elf que nos dão vantagens dentro das fases como saúde extra, tiros que nos cobrem de inimigos, não morrer em precipícios, etc. Muitos são uma forma de powerup, já outros são tidos como uma segunda chance para o jogador, mas ambos são mecânicas muito bem-vindas que só agregam ao gameplay.
Outro elemento presente na franquia é que podemos aumentar o poder das armas através do próprio uso, o que faz com que possamos liberar novos golpes com a espada e tiros mais potentes com a pistola , por exemplo. Isso é bastante interessante porque te faz querer jogar um pouco com todas as armas disponível no jogo, então a habilidade de uso em cada uma não fica desigual.
Adições na coletânea
A melhor parte desse conjunto de jogos é poder salvar antes de áreas importantes através do Save Assist, um recurso que faz uso de um cristal verde e cria uma forma de checkpoint em locais antes de chefes, de transição entre áreas, etc.
E, nossa, como esses jogos da série Zero são difíceis. Não tenho tantas lembranças com estes jogos na época de Game Boy Advance, mas lembro que cheguei a jogá-los por um tempo. Provavelmente devo ter me afastado da série por conta da alta dificuldade sem misericórdia. Mega Man em geral não é um jogo fácil, mas Mega Man Zero está de parabéns. Além da facilidade que o Save Assist permite, também está disponível o Scenario Mode, onde o jogo fica bem mais fácil e acessível, e você começa logo com algumas vantagens mais o dano das armas bem mais alto que o normal.
Já tratando da parte sonora do jogo, as trilhas foram reorquestradas para uma nova versão. Porém, caso o saudosismo seja grande demais em você, também existe a opção de jogar ouvindo as músicas em suas versões originais.
Outra novidade é a adição do Z-Chaser que permite você entrar nos placares de pontuação online. É como se fosse um Ghost mode dos jogos de corrida, onde você corre contra seu melhor tempo para conseguir se autosuperar. Mas aqui você corre contra o “computador” em uma disputa até o final das fases do jogo. Ainda dentro do Z-Chaser temos a opção de Double Chase, que te permite jogar contra um amigo localmente para que os dois compitam entre si pelo mesmo objetivo do modo solo.
Por fim, temos uma galeria com alguns extras atrativos para colecionadores, além dos Z-cards que podem trazer itens que mudam o gameplay como também alterações cosméticas.
Obs.: os controles não são alteráveis pelo menu principal da coletânea, mas dentro dos jogos é possível mudá-los no menu de opções.
Elementos falhos
Apesar de recursos modernos como o save assist, o Megaman ZX Collection tem mecânicas datadas como mapa confuso – e bastante mal empregado – e liberdade errônea que deixa a pessoa perdida durante qualquer missão, sem saber onde exatamente está localizado o objetivo. Mesmo sendo fruto de sua época, estes defeitos permanecem inalterados, sem correção ou adaptação.
Também é irritante que não podemos cortar cutscenes, então morri várias e várias vezes em alguns chefões e precisei ver a mesma cena antes da batalha repetidamente – depois da 3ª tentativa fica bastante insuportável. Se houvesse ao menos uma forma de acelerar o momento já quebraria o galho.
E se você quiser entender a história e não sabe português, tenho a má notícia de que o jogo não tem o nosso idioma. Mesmo assim você vai conseguir passar pelas fases provavelmente sem muitas complicações, mas talvez fique empacado quando alguma missão exigir a leitura da instrução.
Uma coletânea valiosa
Se você, assim como eu, não jogou os jogos da saga Zero ou teve algum preconceito por eles na época, dê uma chance. São boas adições que foram inseridas nesta coletânea que tornam o jogo mais prazeroso de se jogar sem abusar do nível de habilidade de cada um.
Talvez os dois títulos ZX não lhe apeteçam tanto por causa de seus personagens genéricos, porém garanto que os quatro jogos de Mega Man Zero lhe renderão muitíssimas horas de diversão com alta qualidade. Aliás, felizmente a Capcom não dividiu a coletânea em mais de uma parte como fez em Mega Man Legacy Collection.
Este review foi feito usando uma cópia para Xbox One cedida pelos produtores