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Review Hyper Light Drifter (PC) – O sofrimento expressado pela arte

O que você faria se soubesse que não tem muito tempo de vida ou de que a qualquer momento ela pode acabar? Ficaria parado esperando esse tempo passar? Aproveitaria seus últimos momentos com as pessoas que ama? Tentaria deixar sua marca nesse mundo enquanto ainda lhe resta tempo? Agora imagine viver, desde criança, refletindo sobre essas questões, como se cada respiração pudesse ser a sua última. Alx Preston sabe muito bem sobre esse pensamento e expressou de forma exímia em Hyper Light Drifter.

Desenvolvimento: Heart Machine, Abylight Studios
Distribuição:  Heart Machine, Abylight Studios
Jogadores: 1-2 (local)
Gênero: Ação, RPG
Classificação indicativa: 12 anos
Português: Não
Plataformas: PC, iOS, PS4, Switch e Xbox One
Duração: 8 horas (campanha)/ 27 horas (100%)

Uma jornada bem dolorosa e inspiradora

A introdução à história é feita de forma emblemática e implícita, com uma cinemática apresentando a situação em que o personagem está inserido, este que se chama Drifter. Logo notamos que há algo de errado com ele, pois é apresentado que está doente, tossindo sangue e desmaiando, sendo morto aos poucos por algo que não consegue ver.

Logo após o tutorial, o Drifter desmaia e é salvo por um outro personagem que aparenta estar em busca do mesmo que ele, uma cura para sua doença. Com isso, toda a jornada é feita nessa atmosfera de acabar com o que está causando este sofrimento. 

Drifter acorda então em uma cidade misteriosa, onde em seu meio existe um losango peculiar e, para abri-lo, será necessário explorar as quatro regiões ao redor da cidade e ativar todos os seus pilares. Pode parecer simples, no entanto, com a quantidade de inimigos enfrentados e a doença, que permite no máximo 5 blocos de vida, tudo se torna um grande desafio a ser superado.

As grandes máquinas no início demonstram que nada será fácil.
Grandes desafios pela frente.

Essa foi a realidade de Alx (criador do jogo), quando descobriu desde muito novo uma doença no seu coração, colocando um limite de tempo em sua vida. Contudo, isso não o fez perder a esperança de deixar sua marca nesse mundo, por mais que tenha sido uma jornada dolorosa, com múltiplas cirurgias para estender seu tempo, ele felizmente conseguiu lançar seu jogo e nós o agradecemos por essa incrível obra de arte.

Descansando na fogueira apreciando o que o jogo propõe de melhor.
Um mundo e seus mistérios.

A beleza simples que conquista 

É indiscutível que esse é o ponto mais forte de Hyper Light Drifter, mesmo tendo gráficos em pixel art, os ambientes que adentramos são muito diversificados e ricos em detalhes. Passamos por montanhas cobertas de neve, uma floresta sombria cristalizada e sempre estamos encontrando desde máquinas destruídas até corpos de gigantes, fora as muitas dungeons que apresentam uma temática futurista pós- apocalíptica, deixando claro que há um segredo enterrado nas profundezas.

Por conta do baixo financiamento e a corrida contra o tempo para lançar, não foram inseridos diálogos no jogo, porém, isso é de longe um problema. Como o design visual é o foco, os personagens encontrados pelo caminho se comunicam por quadros, indicando o que ocorreu com eles e o que se passa naquele local.

Os quadros como forma de comunicação são uma beleza e uma boa jogada.
NPC’s e suas histórias.

Outro ponto marcante que não posso deixar de lado são as músicas. Elas ampliam demasiadamente a imersão, sendo fácil compreender o que se passa no momento, sempre complementando o tom de mistério. Porém, o real mérito vai para as músicas apresentadas em cada chefe.

Pense e você morre

Os comandos são básicos: movimentação, ataque corpo-a-corpo, à distância, um para se curar e o dash. Pode parecer pouco, mas o que difere é o tempo em que age, qualquer erro pode causar muito dano ou até matar. Porém acaba sendo algo viciante com o auxílio da música, pois os ataques parecem ser batidas não inseridas, fazendo com que seja extremamente satisfatório cada ataque desferido nos inimigos.

No entanto nem tudo é flores, e os inimigos não são intimidadores e nem muito difíceis de derrotar. Contudo eles vencem na quantidade, tendo vezes que me vi enfrentando pelo menos 20 em ambientes pequenos, se tornando injusto pelos diferentes tipos enfrentados em um mesmo momento. Enfrentamos desde aranhas, plantas, lobos, sapos ninjas até máquinas – estilo os Droidekas de Star Wars.

Sapos são inimigos um tanto quanto peculiares.
Sapos… ninjas?!

Por conta desse ciclo vicioso no combate, repeti incontáveis vezes movimentos para usar o dash, algo que me causou dores na mão, talvez pela falta de costume em tentar desafios nesse porte, ou talvez pela minha teimosia, porque é recomendado que se jogue no controle e utilizei de mouse e teclado.

Outro problema encontrado foi o número de segredos recorrentes em todo o jogo, pois são muitos e complicados de se encontrar, podem parecer desnecessários, mas detém importância na compra de novas habilidades para o personagem, podendo frustrar ao não se achar muita coisa.

Pós-jogo 

Mais um fator que me surpreendeu, mesmo após as 8 horas que passei destrinchando o que Hyper Light Drifter proporciona, no final ele entrega muito mais. Contendo dois modos muito conhecidos na indústria dos jogos: Boss Rush e new game plus. O primeiro não tem muito segredo, você enfrenta cada chefe do jogo com uma contagem de tempo, podendo bater recordes e reviver a satisfação em derrotá-los, mas o real prato cheio é no new game plus.

Existe a possibilidade de jogar com outros personagens, tendo variação em suas skins, nos seus ataques e também na quantidade de vidas, dificultando ainda mais toda a sua experiência anterior. E para aqueles que não temem um belo desafio, existe a opção de passar por tudo apenas com 1 bloco de vida, sendo assim um hit kill em toda a jornada.

Uma experiência recompensadora 

Hyper Light Drifter corresponde todas as expectativas que possui e as supriu, fortalecendo cada vez mais meu anseio para saber o que me esperava em seu fim e o que seria do Drifter. Cada vez que terminava uma área e me encontrava em uma nova, a sensação era de redescobrimento. Tudo era diferente da anterior e fazia com que explorasse ainda mais o que tinha pela frente. Poucos jogos com tão baixo orçamento conseguem a proeza que a Heart Machine conseguiu, ganhando prêmios pela simplicidade, deixando uma marca no mercado de jogos indies.

Vale ressaltar que a mesma lançará um novo jogo ano que vem chamado Solar Ash Kingdom, merecendo manter um olho bem aberto no que será entregue, agora que o financiamento será muito maior do que de seu antecessor.

Está review foi feita com uma cópia adquirida pelo autor

Revisão: Jason Ming Hong

Hyper Light Drifter

9

Nota final

9.0/10

Prós

  • Design impressionante
  • Ambientes memoráveis
  • Batalhas de chefes marcantes
  • Combate frenético

Contras

  • Muitos inimigos em curto espaço
  • Segredos complicados de encontrar