Comande um bando de mercenários, por uma terra medieval, com um pequeno toque de fantasia, gerencie armas e mantimentos a fim de crescer, afie seus machados e prepare aquele fazendeiro que você recrutou para uma próxima batalha sangrenta. Podemos achar tudo isso no neste RPG de estratégia. Desenvolvido pelo Overhype Studios, Battle Brothers parece um complexo e divertido board game portado para plataformas de jogos eletrônicos e, se esse era o objetivo da desenvolvedora, falo sem pensar duas vezes que conseguiram de forma magistral – mas não para o Switch.
Desenvolvimento: Overhype Studios
Distribuição: Ukiyo Publishing
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG, Estratégia
Classificação: 16 anos
Português: Não
Plataforma: PC e Switch
Duração: 27 horas (campanha)/77.5 horas (100%)
Um mundo cheio de regras
Nesse port de Battle Brothers para o console híbrido da Nintendo, tomamos o papel de um líder de um grupo de mercenários, cujo estandarte e nome podemos escolher e personalizar. Tais grupos não eram incomuns na Europa feudal, e é num cenário fantástico, que se parece muito com o velho continente, que o título se desenrola. Andamos e exploramos mapas feitos de forma procedural em busca de contratos e mais contratos, e no começo isso é mais do que necessário para mantermos nossos homens aptos à batalha. Conforme avançamos na gameplay, as coisas ficam mais interessantes, entretanto, antes disso temos talvez o maior tropeço do game: a falta de um tutorial ou de um guia oficial.
Um tutorial facilitaria em muito a introdução do jogador ao de Battle Brothers, e por algum motivo os desenvolvedores optaram por não colocar nada do gênero in-game, fazendo com que a pessoa precise se virar no meio de certas complexidades do combate. Eu, por exemplo, tive que procurar guias e tutoriais feitos por fãs do game na internet – e isso me custou mais de uma hora. Mas, para sermos sinceros temos que admitir que, uma vez familiarizados com as mecânicas, Battle Brothers brilha como uma espada bem afiada.
A liberdade da batalha
Quando ultrapassamos a barreira da falta da falta de explicações e mergulhamos conhecendo certos aspectos do game, o sistema de combate é de um RPG tático por turnos, que pode lembrar um pouco XCOM ou até Fire Emblem, sem muito mistério, e seria até fácil de se familiarizar com as mecânicas de luta se tivéssemos, novamente, o tutorial junto a uma interface intuitiva. É quase como se jogássemos um board game sem os dados e as cartas. Mesmo com certos problemas e uma relativa bagunça, a gameplay durante o combate funciona e é recompensador vencer inimigos mais poderosos usando estratégias disponíveis.
Andar pelo de Battle Brothers não é tão legal assim, porém temos a opção de sempre avançar o tempo. Nessas andanças pelo mapa achamos vilarejos ou cidades e dentro desta cidade podemos interagir com certos NPCs, dentro de igrejas, tavernas e por aí vai. Nos lugares podemos aceitar contratos de batalha e recrutar novas pessoas. O sistema de recrutamento lembra muito o que encontramos em produtos como Mount and Blade, em que você pega novos integrantes para seu bando quando os contrata ou os vence em batalha.
Quando ganhamos de alguma outra tropa no combate, temos a opção de pilhar os adversários abatidos, pegar ouro e mantimentos, além, é claro, de recrutar os melhores para o nosso lado do campo de batalha. Quando já temos um grupo estabelecido é sempre bom evoluirmos nossos irmãos de combate, e é necessário até mesmo presentear os seus empregados de batalha, senão eles ficam de mau humor e perdem eficiência nas lutas.
Gerenciar o bando é uma tarefa mais complicada do que parece. Temos que equipar nossos homens – que vão desde cavaleiros dignos de novelas medievais até fazendeiros que nunca chegaram a empunhar uma espada antes na vida – e mantê-los bem protegidos com bons itens e sempre ganhando habilidades. Uma tarefa dura, mas recompensante durante as pelejas.
Pós-Guerra
A versão de Battle Brothers para o Nintendo Switch veio ao console com muitos defeitos e isso é inegável. A falta de um bom tutorial, interfaces pouco intuitivas durante as batalhas e uma arte genérica – que parece ter saído de uma revista de fantasia indie da Chéquia – são fatores que impedem que Battle Brothers seja uma obra mais agradável e prazerosa. Contudo, para jogadores mais persistentes que gostam do tema, de RPGs táticos ou jogos de tabuleiro de forma geral, ele é uma ótima obra. Depois que estamos mergulhados nas raids, batalhas e pilhagens, Battle Brothers pode ser um parque de diversão com escudos, espadas, lanças e reinos combatentes.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong