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Review Cardpocalypse (Switch) – Um ótimo cardgame com RPG

Lembra de Yu-gi-oh GX de PSP? Então, Cardpocalypse é tudo aquilo que fez a série do cardgame japonês mais famoso do mundo, mas depois deixou de ser há alguns bons anos. O jogo feito pela Gambrinous vai além de um jogo de cartas e insere elementos de RPG com direito à missões secundárias para prolongar o jogo e tornar tudo mais recompensador. Cardpocalypse originalmente saiu para iOS incluso no Apple Arcade, e depois foi portado para outros consoles e PC.

Desenvolvimento: Gambrinous
Edição: Versus Evil
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Cartas, RPG, Estratégia
Classificação indicativa: Livre
Português: Não
Plataformas: iOS, Xbox One, PS4 e Switch
Duração: 15 horas (campanha) / 20 horas (100%)

Um bom RPG que já não temos mais

Caso você não tenha jogado o grande Yu-Gi-Oh GX do PlayStation Portable da Sony, saiba que a série de jogos era simplesmente maravilhosa porque que te colocava na pele de um personagem que apesar de genérico, fazia você se sentir inserido no contexto da história.

Era possível caminhar nos cenários do jogo, desafiar vários deles para um duelo, simplesmente conversar ou comprar pacotes de cartas novas. Basicamente tínhamos um RPG da série Yu-gi-oh na palma de nossas mãos. Anos depois a franquia lançou jogos menos diferenciados, e resolveu substituir essa imersão por simples menus de seleção. Bom, o caso é que Cardpocalypse faz justamente o que tornava estes jogos do Yu-gi-oh GX de PSP tão legais.

Um jogo fenomenal

A história é uma homenagem aos anos 90 e tem como protagonista a pequena Jess – a qual você controla -, uma garota cadeirante que está prestes a ter o primeiro dia em sua nova escola Dudsdale Elementary. Jess é uma criança completamente obcecada por Mega Mutant Power Pets, a série de TV que possui um jogo de cartas bastante popular entre os jovens de sua idade.

Ao chegar na escola acontecem várias confusões com a garota envolvendo principalmente os próprios Power Pets, que acabam por ser banidos no recinto logo em seu primeiro dia de aula. Jess acaba como culpada pelo banimento e a maioria dos alunos de Dudsdale se afastam dela ao saber do ocorrido.

A história e os visuais de Cardpocalypse são simples e caricatos e lembram os jogos feitos no antigo Flash da Adobe, mas empolgam por tratar de conflitos logo de cara nos primeiros minutos de história e oferecer mecânicas bem variadas em relação ao cardgame. Nunca julgue algo pelos gráficos.

Cardpocalypse tem estruturas bem presentes atualmente em títulos do gênero RPG como por exemplo missões a serem cumpridas – e você é bastante recompensado por isso -, além de diálogos onde são apresentadas escolhas de falas. Podemos também construir nosso próprio deck de cartas dos Mega Mutant Power Pets através do menu de construção de deck com as cartas adquiridas ao longo do jogo após batalhas contra adversários ou ganhadas por outros fatores. Fora isso, também é permitido trocar seus cards com NPCs com um ícone indicativo acima da cabeça.

O cardgame em si

Mega Mutants Power Pets é um jogo de minions e heróis, onde seu objetivo principal é destruir a carta herói do adversário. A cada rodada você vai ganhando mais pontos de comida, os quais são usados para invocar seus minions que custam, cada um, uma quantidade de comida específica.

Todas as cartas pertencem a diferentes classes com efeitos únicos, como os Defenders que servem como a linha de frente e exigem que sejam atacados enquanto estiverem em campo, os Lethal que destroem qualquer Minion com um ataque apenas, os Charge que podem ser invocados e atacar no mesmo turno, etc.

Sua carta herói possui um efeito distinto quando alcança o estado Mega, o qual é ativado geralmente quando os pontos de saúde desta carta chega à metade – o que também dobra seu ataque.

Cardpocalypse pode passar a impressão de ser bastante casual, mas suas regras são profundas e exigem uma boa dose de estratégia para vencer uma partida, podendo ser considerado até complexo por algumas pessoas.

A mecânica de stickers é um recurso muito interessante e funciona como uma espécie de modificador das cartas. Você pode usá-los para renomear cartas, adicionar pontos de ataque ou saúde permanentes em seus minions e até mesmo trocar a classe deles. Tudo isso só aumenta mais ainda as possibilidades do gameplay e te permite criar novas estratégias para vencer seus oponentes.

As regras de Mega Mutant Power Pets são bem fáceis de compreender em poucos minutos do jogo, eu mesmo levei cerca de 3 ou 4 duelos para entender completamente como tudo funcionava sem problemas. Mas, caso você deixe passar batido alguma informação importante sobre como funciona ou ache tudo compexo demais, pode acessar o tutorial para ler as regras no menu principal.

Deslizes e acertos

Cardpocalypse tem poucos defeitos e muitos jogadores provavelmente não irão notar. Um deles é a falta de um catálogo com todas as cartas que você possui, e até mesmo um indicador dizendo quantas existem ao todo para que você tenha uma sede maior de colecionador. Um outro fica na conta da trilha sonora, que não varia e me fez querer ouvir um podcast ou música em vez de ficar ouvindo a faixa que estava rolando no jogo.

Apesar de diálogos tão bons, muitas vezes vamos ver os mesmos textos sendo falados, e normalmente isso não faz sentido nenhum. Várias vezes perdi um duelo e a conversa continuou sendo “é assim que se joga esse jogo?”, sendo que no contexto da história eu havia estreado o primeiro duelo daquele NPC que havia acabado de adquirir seu primeiro deck.

O jogo também pode afastar algumas pessoas por ser bastante difícil no começo, ou até mesmo injusto. Não sei ao certo o que concluir sobre isso, mas é fato que não existem muitas cartas boas em seu deck inicial e conseguir novas de imediato pode acabar sendo um fardo.

Percebi alguns bugs de seleção, em certos momentos acabei não tendo como mexer o cursor e tive que tocar na tela pra prosseguir. Talvez sejam resquícios de sua versão original para smartphone que acabaram passando desapercebidos pelos desenvolvedores na hora de converter para os consoles.

Por outro lado, existem ótimas decisões de game design que me fizeram bem mais feliz. O jogo permite abrir o mapa e entrar em locais já visitados com um simples toque/comando, então você não precisa ficar andando por vários segundos até chegar onde deseja.

Além disso, novamente no mapa é possível ver quais pessoas estão naquele lugar e se elas possuem uma missão secundária disponível, missão primária, disponibilidade para duelar ou fazer trocas.

Experiência acima da média

Cardpocalypse é um dos melhores cardgame que já joguei até hoje, sério. O jogo perdeu a oportunidade de criar algo bem maior por não incluir um multiplayer online, o que faria uma diferença gritante e talvez traria uma legião de fãs. Apesar disso, a experiência do modo história é simplesmente fantástica. Reiterando, se você gostava de Yu-Gi-Oh GX de PSP, ama jogos de carta e mecânicas de RPG, Cardpocalypse é um jogo que você precisa conhecer o quanto antes.

Este review foi feito usando uma cópia para Switch cedida pela Versus Evil

Cardpocalypse

9

Nota final

9.0/10

Prós

  • Visual coeso
  • Batalhas frenéticas e rápidas
  • Missões secundárias recompensadoras
  • Mecânicas bem construídas

Contras

  • Sem modo treino
  • Não tem português
  • Sem multiplayer