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Review DARQ: Complete Edition (Xbox Series S) – Desperte do pesadelo

Lançado exclusivamente para PC, em 2019, DARQ é um puzzle side-scroller belíssimo, com um mundo misterioso, sombrio e macabro. A vinda do título para os consoles se deu através de uma edição especial que adicionou ao jogo base os DLC’s “A Torre” e “A Cripta”. Desenvolvido pela Unfold Games e publicado pela Feardemic, DARQ: Complete Edition chegou ao PC, PS4 e Xbox One, em dezembro de 2020. No Switch e nos consoles da nova geração (via otimização gratuita) a vinda do game se deu nos dias 18 e 25 de março, respectivamente. 

Desenvolvimento: Unfold Games
Distribuição: Feardemic
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, aventura, puzzle
Classificação indicativa: 12 anos
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC, PS4, PS5, Switch, Xbox One e Xbox Series X/S
Duração: 2 horas (campanha)/3 horas (100%)

Visual Burtoniano

Visual Burtoniano

A beleza visual do jogo é algo digno de nota. O design dos cenários e dos personagens remetem às animações, como o Estranho Mundo de Jack (1993), Noiva Cadáver (2005) e Frankenweenie (2012), de Tim Burton. A estética das obras de Burton é algo muito forte em DARQ, seja na ambientação gótica e sombria das fases, na dose de humor satírico (cuidado com a cabeça) ou no claro desajuste social do nosso personagem.

A paleta de cores abusa de tons escuros, apresentando um visual quase monocromático que faz bom uso do preto, cinza e branco. O level design é composto por ambientes tridimensionais numa progressão 2D. A movimentação é suave e a riqueza de detalhes nos cenários é incrível, assim como os efeitos de luz, sombra e partículas de poeira. A estética do jogo funciona como uma espécie de cartão de visitas e nos prende logo no início da jornada.

Os efeitos sonoros acompanham o capricho técnico visto no visual. Apesar do foco ser o de resolver quebra-cabeças, existem elementos de suspense e terror que hora ou outra explora os famosos jump scare, apesar de não ser gratuito e exagerado. Nesse sentido, o som de DARQ ajuda na imersão em seu mundo sombrio e é um elemento importante na experiência com o game.

Desperte do pesadelo

Ajude Lloyd a despertar do pesadelo.

A história é bem subjetiva e passível de livre interpretação, assim como Limbo, por exemplo. Apesar do título estar totalmente localizado para o nosso idioma, não há uma apresentação inicial, cutscenes, textos que possam nos situar na narrativa, linhas de diálogo ou qualquer coisa do tipo. No jogo, controlamos Lloyd, um jovem que é levado até DARQ ao dormir. Um mundo de pesadelos em que as leis da física inexistem e que nos desafia a solucionar enigmas inteligentes. Tudo que o personagem quer é acordar desse pesadelo. 

O jogo conta com sete fases principais e mais os dois DLC’s que citei acima. Cada uma delas possui desafios e ritmos próprios, porém, o tempo para conseguir concluir os níveis dependerá de cada jogador. Os puzzles são divertidos e criativos e as mecânicas são simples e intuitivas. Toda a dinâmica do jogo consiste na solução desses quebra-cabeças. Cada uma das fases guarda um segredo ou outro, então é necessário explorar cada canto do cenário para descobri-los. Os controles acompanham a simplicidade do jogo, não tendo nem mesmo um botão de pulo, por exemplo. E não há, de fato, a necessidade de termos tal comando para solucionar os desafios. 

Passeio pelo inconsciente e subconsciente

O jogo conta com puzzles inteligentes.

Existe uma máxima que diz que toda interpretação de obras artísticas e literárias é algo subjetivo e pessoal, e isso vai além da intencionalidade de seu autor. Imagino a experiência de DARQ através das noções abordadas pela psicologia Freudiana, que trata de questões relacionadas ao consciente, inconsciente e subconsciente (ID, Ego e Supergo). Por esse princípio, Freud analisava certas ações humanas que seriam condicionadas pelo inconsciente. Nesse sentido, seria possível encontrar a origem de certos distúrbios da mente e características da personalidade através da interpretação de sonhos.

O quarto de Lloyd funciona como um ponto seguro que separa um capítulo (ou pesadelo) do outro. A sua mente atormentada sempre o leva para um mundo sombrio e hostil. E a cada tentativa de acordar desse sonho lúcido de horrores – rodeado de criaturas bizarras que ficam à espreita – ele se afunda ainda mais no próprio pesadelo, sendo levado para um nível mais profundo de sono. Assim, Lloyd se torna prisioneiro de sua própria angústia, fixada no seu inconsciente e subconsciente, onde o horror é eternizado num ciclo sem fim. Ruim para o personagem, bom pra gente. Desculpa, Lloyd!

Experiência agridoce

Com o passar dos anos nos acostumamos com jogos que proporcionam horas de diversão. Muitos usam como parâmetro o tempo que terão com os jogos para decidir ou não pela sua compra. Convenhamos que a nossa realidade econômica atual contribui para uma certa seletividade na hora de escolhermos o que comprar. Existe um ditado popular, bem pessimista, que diz que tudo que é bom dura pouco. Acho que essa expressão casa perfeitamente com a experiência em DARQ. 

O jogo é perfeito enquanto dura, mas acaba rápido demais. Em cerca de três horas conseguimos completar todo o game (incluindo suas duas expansões). Agarrar-se no desbloqueio de conquistas até ajuda a prolongar mais o tempo com o título, mas ainda sim fica aquela sensação agridoce. Salvo o tempo de jogo, acredito que a estética Burtoniana, a temática psicológica e os puzzles inteligentes (sino maldito) são motivos suficientes para experimentar DARQ. É só escolher a plataforma que mais lhe agrada e se divertir ajudando Lloyd a despertar de seu pesadelo.

Cópia de Xbox cedida pelos produtores

Revisão: Kiefer Kawakami

DARQ: Complete Edition

9

Nota final

9.0/10

Prós

  • Visual incrível
  • Puzzles inteligentes
  • Controles simples
  • Jogue uma animação de Tim Burton

Contras

  • Muito curto