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Review Days Gone (PS4) – O desafio da Bend Studio

Não é segredo para ninguém que os estúdios first party da Sony vem ao longo dos anos entregando grandes experiências aos fãs do PlayStation. De God of War a The Last of Us, sempre é criada uma expectativa enorme quando algum estúdio do SIE (Sony Interactive Entertainment Worldwide Studios) revela seu próximo lançamento. Até mesmo novas IPs, (Propriedade intelectual) provaram-se gratas surpresas para os fãs da plataforma, como por exemplo Horizon Zero Dawn que, desde seu anúncio na E3 de 2015 foi muito elogiado pelos trailers. Posteriormente, com seu lançamento, se tornou um dos exclusivos mais aclamados pela crítica, alcançando notas superiores a 89, o que foi refletido em suas vendas que já ultrapassam a marca de 10 milhões de cópias vendidas ao redor do mundo. 

Mas seria a Bend Studio capaz de manter a engrenagem funcionando e emplacar mais um grande sucesso no PS4? 

Desenvolvimento: Bend Studio
Distribuição: Sony Interactive Entertainment
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura, Sobrevivência
Classificação indicativa: 16 anos
Português: Dublagem, legendas e interface
Plataformas: PS4
Duração: 38 horas (campanha)/ 62 horas (100%)

Os conceitos de sociedade não existem mais

O início de mais um apocalipse…

No início da década passada, The Walking Dead, a série que tem como premissa um apocalipse zumbi e como a humanidade iria se portar em meio ao risco eminente de extinção, rapidamente se tornou um fenômeno e desencadeou o que podemos chamar de “onda zumbi” na cultura pop, pois inúmeras obras com essa temática surgiram a partir daí, o que posteriormente deixou o gênero saturado, causando até mesmo uma enorme queda nas buscas pelo tema. 

Days Gone à primeira vista é só mais um jogo de ação com zumbis em um mundo aberto. Nosso protagonista é Deacon St. John que, junto à sua esposa Sarah Whitaker e o amigo do casal Boozer, tenta escapar de Farewell durante o surto de um vírus que está deixando todos fora de controle, extremamente agressivos e mortais. Sarah acaba sendo esfaqueada e Deacon a coloca em um helicóptero da NERO (Organização Nacional de Resposta de Emergência) prometendo se encontrarem no posto avançado que era o destino do helicóptero. E assim, sem nenhum plano de fundo avançamos dois anos após estes acontecimentos, onde os conceitos de sociedade e democracia não existem mais. Os sobreviventes se organizam em pequenos acampamentos onde buscam se proteger e resistir aos ataques de grupos rivais e zumbis, apelidados de frenéticos. 

O enredo pode parecer muito simples, mas conforme avançamos na campanha principal, novos aliados e inimigos são adicionados à nossa jornada, impactando bastante em nossas decisões durante a campanha, nos fazendo duvidar se estamos fazendo a coisa certa.

Enfrentamos outros tipos de hordas em Days Gone

Uma horda de defeitos

Jogos de mundo aberto acabam deixando a desejar em alguns pontos como renderização, reflexos, e texturas o que acaba sendo compensado com telas de carregamento quase inexistentes e respawn quase automático, mas no caso de Days Gone nada disto foi aplicado. 

Ao iniciarmos o jogo no console temos um loading inicial que ultrapassa os 40 segundos e logo depois mais outro que beira os 30 segundos é apresentado antes de voltarmos ao ponto que paramos. Aliás, o que não falta em Days Gone são telas de carregamento. Ao iniciarmos uma missão, nas transições de diálogos e cenas para gameplay, ao falharmos ou no respawn, existem loading, loading e mais loading. Mas tudo isso pode nos fazer pensar que é resultado de um game excelente, não é mesmo? Bem, não é isso que acontece.

Não é difícil encontrar pelo mapa 3 ou 4 inimigos exatamente iguais um ao lado do outro, sejam eles humanos ou zumbis. 

A Inteligência Artificial deveria ser chamada de burrice artificial, pois os inimigos se trombam, às vezes não enxergam, não escutam e não reagem às suas ações como esperamos, seja pegando uma cobertura ou tentando flanquear e nos pegar desprevenidos. 

Bugs no som são comuns, você escuta um inimigo à sua frente, mas na verdade ele está atrás de você correndo pra cima como se não houvesse amanhã. A dublagem, com exceção dos protagonistas, é fraca e repetida. Você pode, por exemplo, encontrar dois NPCs com a mesma voz conversando em um acampamento e notar que a falta de sincronia das vozes em inúmeras cenas e diálogos. 

Outro problema recorrente é a queda no fps, principalmente quando você está enfrentando mais de 10 inimigos. Travamentos e lentidão durante a jogatina comprometem o sucesso em um combate, e pode atrasar muito a progressão na campanha. 

É comum o sentimento de não estar avançando no game, pois as missões se resumem basicamente em 3 objetivos: resgate alguém, elimine alguém e colete algum item.

Podemos utilizar diversas ferramentas para nos livrar dos inimigos

Nossas ferramentas

O game conta com um sistema de progressão por nível, onde ganhamos pontos que podemos usar para desbloquear novas habilidades, divididas em 3 categorias: Corpo a corpo, Combate à distância e Sobrevivencialista. Cada uma delas possuem habilidades únicas que nos ajudarão durante toda a jornada. 

O sistema de construção de itens também está presente, e nele podemos construir desde explosivos e armadilhas até itens de recuperação de vida. Conforme avançamos nas missões e exploramos o mapa, descobrimos novas receitas de fabricação de itens. 

Durante toda a campanha realizamos trabalhamos para acampamentos espalhados pelo cenário concluir estas missões recebemos créditos que podem ser trocados por itens e confiança – este último desbloqueia novos itens para compra. Outras maneiras de evoluirmos nossas relações com os acampamentos são vendendo orelhas de infectados que coletamos, carne de animais mortos e resgatando NPCs espalhados aleatoriamente pelo mapa.

O arsenal é bem variado, Deacon pode carregar uma arma secundária, (pistolas ou espingardas curtas), uma primária (rifles de assalto ou submetralhadoras) e uma especial (rifles de precisão ou bestas). Elas estão dividas por qualidade que vai de péssima à condição de forças especiais. Os desbloqueios de armas é por meio dos acampamentos, e quanto maior o nível da arma, maior é o nível de confiança nos acampamentos necessário para desbloquear. 

Também contamos com uma moto, totalmente personalizável, podendo alterar sua pintura, performance, carenagem e resistência. 

Inimigos em grande quantidade estão espalhados pelo mapa

Inimigos por toda a parte

Fora dos acampamentos não existem locais seguros, e a qualquer momento podemos ser surpreendidos por frenéticos, um ataque de animais selvagens ou uma emboscada de saqueadores. É necessário estar sempre alerta, pois o menor ruído emitido pode desencadear uma perseguição implacável de uma horda sedenta por sangue. Por isso a melhor escolha é  sempre agir furtivamente e não alertar os inimigos. 

Inimigos estes que estão divididos em 3 grupos: animais selvagens, humanos e infectados. Estes últimos estão literalmente por toda a parte, seja em construções abandonadas, dentro de florestas ou no meio das estradas. Nem sempre a melhor decisão é lutar, pois podemos acabar nos metendo em problemas muito maiores e ficando sem defesas para lidar com tantos inimigos que podem surgir. 

Ao longo da campanha vamos topar com variações dos infectados que, após o embate inicial, se tornam repetitivos e fáceis de combater.

  • Lagartixas: são adolescentes infectados. Atacam quando estamos distraídos e se escondem quando percebem que serão atacados;
  • Frenéticos: adultos infectados. São rápidos e agressivos, em grande quantidade são mortais;
  • Alvejante: adultos infectados mais fortes e resistentes que um frenético comum;
  • Atalaias: infectados que ao notarem qualquer ameaça emitem um grito que chama a atenção de outros infectados na área;
  • Quebrador: um infectado muito maior e muito mais forte que todos os outros, dá golpes fortes e tenta agarrar e esmagar o jogador
  • Animais infectados: os animais também sofrem mutações, o que os tornam muito mais agressivos, resistentes e mortais
Days Gone não atingiu as expectativas

Resumo da horda

Em sua essência, Days Gone apresenta uma idéia conhecida de surto apocalíptico, vírus mortal e a queda do ser humano. Seu enredo não é uma obra de arte e demora para engrenar, mas quando o faz é bem desenvolvido. Infelizmente apresenta diversos defeitos que podem frustrar o jogador. 

O game aparenta ter sido lançado inacabado. Seu enredo arrastado, apagões na inteligência artificial e problemas de carregamento excessivo empobrecem a experiência. Apesar de tudo, Days Gone é divertido e conta com momentos de tirar o fôlego ao nos colocar em a situações onde qualquer vacilo pode ser fatal. Não é uma compra obrigatória, e pode desagradar alguns e agradar muito mais outros.

Esta review foi feita com uma cópia de PS4 adquirida pelo autor

Revisão: Jason Ming

Days Gone

6

Nota final

6.0/10

Prós

  • Arsenal variado
  • Construção de itens intuitiva
  • Controles simples e responsivos
  • Personalização na moto
  • Ação frenética

Contras

  • Pouca variedade de inimigos
  • Mal otimizado
  • IA fraca
  • Muitas telas de carregamento
  • Pouca variedade de objetivos