Deathloop é um jogo de ação desenvolvido pela Arkane Lyon e distribuído pela Bethesda. Com uma proposta embasada no subgênero Rogue-like, Deathloop entrega uma experiência sólida, inteligente e com “essência extremamente Arkane”.
Desenvolvimento: Arkane Studios
Distribuição: Bethesda Softworks
Jogadores: 1 (local) / 2 (online)
Gênero: Ação
Classificação: 18 anos
Português: Dublagem, legendas e interface
Plataformas: PS5 e PC
Duração: 14 horas (campanha) / 26 horas (100%)
O ciclo temporal
A trama se passa em Blackreef, uma ilha equipada com um dispositivo temporal que coloca o local e seus habitantes em um loop temporal diário, sendo este processo chamado Projeto AEON. A cada dia, o tempo volta e os moradores de Blackreef podem usufruir das regalias da ilha da forma como bem entenderem. A proposta dos idealizadores do lugar é de que ninguém precisa ter vergonha de fazer aquilo que mais desejam, visto que tudo será esquecido e reiniciado no dia seguinte.
Preso no ciclo está Colt, um protagonista sagaz, piadista e misterioso, cujo objetivo principal se torna um: quebrar o ciclo temporal ao qual está aprisionado. Como contrapartida aos planos de Colt, Julianna tem por objetivo preservar o loop. Faz-se assim um jogo de gato e rato constante, com mortes de Colt e Julianna sendo frequentes em embates armados e trocações honestas de deboches e piadas infames.
Embora Colt e Julianna tenham uma excelente dinâmica graças aos diálogos ácidos e agressivos entre os dois, é o mistério por trás da relação entre eles, o ciclo temporal e a ilha de Blackreef que move Deathloop. No que diz respeito a outros personagens, pouco há que se destacar. O gênero ficção científica, rico e pesado aqui, pode ser um aspecto bastante enfadonho para aqueles que não se interessam genuinamente pelo tema.
Caçando os Visionários
Para quebrar o ciclo temporal, Colt deve eliminar oito Visionários dentro de um loop temporal. São quatro períodos do dia disponíveis para explorar um dos quatro locais da ilha de Blackreef: manhã, meio-dia, tarde e noite. Cada um deles possui novas descobertas e desafios dependendo do horário do dia escolhido para exploração, o que incentiva múltiplas visitas à mesma área em horários diferentes.
Dentro de cada área, Colt descobre pistas sobre a trama principal e sobre os Visionários em forma de áudios e diversos tipos de documentos. Estas pistas devem ser usadas, então, para encontrar formas de eliminar os Visionários. Mesmo que Deathloop ofereça certa liberdade de ação e exploração dentro de suas fases, ter a chance de seguir um objetivo por conta de uma pista descoberta é algo muito bem-vindo, especialmente por quem prefere uma experiência mais guiada.
O arsenal disponível para Colt, em termos de armas de fogo, não é o mais vasto, mas as opções disponíveis são eficientes o suficiente para criar momentos de ação caótica. O chamariz principal, no entanto, são as Placas. Elas conferem habilidades especiais a Colt, como teleportar por curtas distâncias, deixar ele invisível ou criar uma conexão entre inimigos que inflige dano simultâneo a todos eles.
Verdade seja dita: tanto as Placas e seus poderes quanto a sensação que a jogabilidade passa, desde a movimentação, o uso dos poderes e o gunplay remetem excessivamente à Dishonored, franquia desenvolvida pela própria Arkane. Isso está longe de ser uma coisa ruim, visto que Dishonored é de grande qualidade e isso se refletiu em Deathloop, mas é inegável que a reminiscência tira um pouco do brilho e a originalidade de Deathloop.
Se equipando entre ciclos
Colt pode manter seus armamentos, Placas e acessórios de armas entre os ciclos temporais. Para isso, basta coletar Residuum nas fases e criar os itens desejados. Estes itens serão mantidos no inventário até que o jogador decida descartá-los. Residuum não acumula entre ciclos, então é importante utilizá-lo antes de reiniciar o dia.
As opções de enfrentamento dos desafios de Deathloop são várias, com dois estilos que prevalecem: abordagem direta à base de poder de fogo, com “tiro na cara e gritaria”; ou uma abordagem mais furtiva, executando inimigos na surdina com um facão e usando itens e Placas para distraí-los e criar oportunidades de execução.
Furtivamente, Deathloop funciona muito bem. Os inimigos possuem um medidor de atenção que é bem indulgente ao jogador na maioria das situações. Ainda assim, é preciso ser cauteloso ao explorar as áreas, tomando cuidado com alarmes e usando seu equipamento de hack para desbloquear portas e desligar torretas inimigas e câmeras com sensores de movimento.
Já os confrontos diretos, estes mostram como que a troca de tiros não é o foco principal de Deathloop. Embora a jogabilidade em geral seja satisfatória, Colt é bastante frágil e poucos tiros podem colocá-lo para dormir. No fim das contas, a abordagem mais favorecida acaba sendo a furtiva mesmo.
Preservando o ciclo
O modo multiplayer de Deathloop coloca o jogador na pele de Julianna, e o objetivo é invadir partidas de outros jogadores e prejudicar (ou ajudar) seus planos enquanto jogam como Colt. Em geral: um modo multiplayer bastante ok.
Assim que Julianna entra na partida, uma antena bloqueadora impede que Colt escape da área, exigindo com que ele desligue a antena com seu aparelho de hacking. Essa é a oportunidade de ouro para Julianna planejar uma emboscada com o auxílio de suas Placas e armas. E é isso. Talvez eu tenha jogado errado ou algo do tipo, mas minha experiência como invasor de partidas de outros jogadores se resumiu a perder meu rival de vista logo após ele desligar a antena. Quando isso acontecia, perambulava a fase inteira procurando o oponente, e nada. Quando não acontecia, uma saraivada de balas do meu rival e adeus.
Há diversos desafios a serem concluídos durante as partidas. Esses objetivos concedem pontos de experiência e permitem que o jogador suba de nível com Julianna, desbloqueando novas opções de equipamento e até mesmo itens cosméticos.
Uma experiência reminiscente
Deathloop é uma aventura interessante, intrigante e bem construída, com um par de protagonistas cujos mistérios e diálogos são o suficiente para manter o jogador ligado na trama. Suas fases são abertas o suficiente para oferecer desafios únicos de exploração, ao mesmo tempo que dá a opção de seguir um ponto de objetivo e direcionar um desafio específico. Novas descobertas sobre a história, personagens e itens estão espalhados por todo canto, e isso apenas reitera a qualidade e eficiência do fator replay.
É também, porém, um jogo extremamente semelhante à Dishonored em relação à jogabilidade em geral e o uso de poderes. Embora isso não seja um defeito, reitero que tira um pouco do brilho do novo título da Arkane.
Cópia de PS5 cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong