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Review Deepest Trench (Xbox Series X) – Uma história submersa

Dois especialistas são enviados para explorar uma base militar secreta no ponto mais profundo da Terra, a Fossa das Marianas, com o objetivo de descobrir segredos e enfrentar perigos inesperados.

Desenvolvimento: Favor Games
Distribuição: Favor Games
Jogadores: 1-2 (local)
Gênero: Ação, Aventura
Classificação: 10 anos (drogas lícitas e linguagem imprópria)
Português: Não
Plataformas: PC, Xbox Series X|S  
Duração: 2 horas (campanha)/3 horas (100%) 

Mergulho inicial

Jogue Deepest Trench em dupla do início ao fim
Mergulhe em dupla nas profundezas

Lançado em outubro de 2024, Deepest Trench, tem a proposta de explorar as profundezas do oceano em equipe, o que o diferencia de muitos lançamentos recentes no gênero.

A essência de Deepest Trench reside na cooperação entre dois jogadores, com cada jogador controlando um dos personagens simultaneamente. É possível alternar entre eles no modo solo, mas a experiência foi claramente pensada para o trabalho em dupla. A progressão baseia-se em exploração, resolução de puzzles e combates moderados, sempre com o relógio cobrando decisões rápidas.

Atmosfera abissal

Quebra cabeças, corredores apertados, e momentos de tensão recheiam esse jogo

A movimentação subaquática é fluida, porém deliberadamente lenta, aumentando o sentimento de vulnerabilidade. É preciso coordenar movimentos para avançar por passagens estreitas, ativar alavancas ou transportar suprimentos. A gestão de oxigênio funciona como cronômetro, gerando urgência em cada seção do mapa.

O jogo investe em momentos de tensão, com criaturas hostis que surgem das sombras e puzzles que bloqueiam o caminho até que as luzes ou ferramentas certas sejam acionadas. No entanto, a dificuldade oscila entre trechos quase triviais e situações frustrantes que exigem tentativas repetidas. Essa irregularidade enfraquece a proposta de cooperação equilibrada, pois um jogador pode avançar enquanto o outro se perde em uma tarefa mais complexa.

O sistema de progresso não conta com pontos de salvamento frequentes. Checkpoints são escassos e, em alguns trechos, forçam os jogadores a refazer longos percursos após uma falha. Essa decisão de game design compromete a exploração contínua e penaliza desproporcionalmente o jogador menos experiente, especialmente quando cooperando com um parceiro mais habilidoso.

Apesar dos acertos, Deepest Trench acumula falhas que comprometem o aproveitamento. A repetição de puzzles baseados em alavancas e plataformas móveis cansa rapidamente, e a falta de criatividade em desafios leva à sensação de “mais do mesmo”. Além disso, a curva de aprendizado não é bem calibrada, exigindo domínio exato dos controles antes de liberar missões mais complexas. Somado a isso, o gerenciamento de oxigênio, embora importante para a atmosfera, torna-se excessivo quando combinado com backtracking extenso.

Pressão nas profundezas

Apesar de muitas partículas, 60 fps e resolução em 4k, o jogo parece datado
Explore a Fossa das Marianas e encontre criaturas nunca vistas

Deepest Trench atende às expectativas de um título de geração atual, rodando a 60 frames por segundo na maior parte do tempo e alcançando resolução dinâmica de até 4K. Os shaders de água impressionam, com partículas em suspensão, reflexos em painéis metálicos e volumetria de luz filtrada pelas estruturas submersas. Raios de luz penetram na escuridão, criando efeitos de profundidade muito bem-vindos em um ambiente predominantemente monótono.

Por outro lado, as texturas sofrem pop-in ocasional, especialmente em longas passagens de corredor onde as paredes se repetem. Modelos de criaturas marinhas exibem bom nível de detalhe, mas a diversidade é limitada, gerando sensação de repetição. A ambientação fria e úmida beneficia-se de um hardware poderoso, mas poderia explorar melhor detalhes de fauna e flora, evitando cenários demasiadamente semelhantes.

Já o design de som é um dos pilares para a construção de tensão. A água produz estalos e ruídos abafados por meio de um sistema de áudio binaural. Ao nadar próximo a tubulações, o jogador ouve vibrações metálicas que sugerem perigo, e o toque de sonar configura alertas quando inimigos se aproximam. Esses elementos sonoros criam uma imersão valiosa, principalmente em um headset.

Enquanto isso, as vozes dos personagens são dignas de uma dublagem caricata de um novela mexicana, com entonações que não variam entre o humor leve nas cutscenes e a sobriedade durante crises. Falhas ocasionais de sincronização labial aparecem em diálogos, embora não comprometam a narrativa. Efeitos de áudio de armas e equipamentos têm peso audível, mas carecem de impacto quando comparados a títulos maiores do gênero.

Vale a expedição?

Deepest Trench apresenta um conceito sedutor, explorando o medo do desconhecido nas profundezas marinhas e reforçando a cooperação como um alicerce da gameplay. A ambientação é bem executada, porém não é aliada a gráficos e áudio de qualidade e cria poucos momentos memoráveis ou de tensão. A repetição de desafios, decisões de design punitivas e falta de polimento em certos aspectos de controle e câmera limitam o potencial do título. Quem procura inovações consistentes em puzzles e sistema de progressão pode se frustrar. No fim, Deepest Trench é uma aventura interessante, mas que poderia ter sido um grande tesouro ao invés de um naufrágio.

Cópia do jogo cedida pelos produtores

Revisão: Julio Pinheiro

Deepest Trench

6

Nota Final

6.0/10

Prós

  • Cooperação local
  • Bom conceito de jogo

Contras

  • Poucos quebra-cabeças
  • Dublagem horrível
  • Muita repetitividade