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Review Disgaea 6: Defiance of Destiny (Switch) – Quando SRPGs decidem se render à loucura

Disgaea é uma das franquias mais esquisitas que surgiram nos anos 2000. Sendo RPGs de estratégias, a série sempre utilizava a comédia e clichês dos animes para oferecer uma experiência diferente em relação a outros, como Fire Emblem. Contudo, os jogos sempre conseguiam se manter dentro do que era esperado.

Este não é o caso com Disgaea 6: Defiance of Destiny, que decide se entregar à loucura que a série sempre flertava. No game, tudo está na casa dos milhares, tais como dano, nível de personagens e status. Esta mudança sem sombra de dúvidas faz com que este seja um SRPG bastante diferente de todos os outros.

Desenvolvimento: Nippon Ichi Software
Distribuição: NIS America
Jogadores: 1 jogador
Gênero: RPG, Estratégia
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataformas: Switch
Duração: 39 horas (campanha principal)

Uma história sobre nunca desistir

Zed é um protagonista bem diferente dos anteriores

Disgaea 6: Defiance of Destiny conta a história de um zumbi chamado de Zed, que busca derrotar o Deus da Destruição, que é considerado o mais forte de todos. Curiosamente, toda a narrativa acontece em um formato de flashback que o protagonista está contando aos membros da assembleia das trevas de Netherworld.

Por ser um zumbi, Zed nasceu como uma criatura fraca e acaba sendo morto facilmente pelo Deus da Destruição. Contudo, com a ajuda do cachorro zumbi Cerberus – que diz ter sido um super sábio enquanto era vivo – o protagonista renasce graças ao poder do feitiço Super Reincarnation, que o faz ficar forte cada vez que ele retorna da morte.

Assim, a história tem Zed continuando sua batalha contra o deus, morrendo e renascendo a cada duelo. Ao longo dos 15 capítulos, o zumbi ganha aliados, e juntos todos vão evoluindo como um grupo até conseguir finalmente completar seu objetivo.

A história inclui bastante referências a animes e tokusatsus

Enquanto de início a motivação para Zed derrotar o Deus da Destruição parece ser apenas para ganhar poder para si mesmo, eventualmente é revelado a razão de sua obsessão com o monstro. A criatura matou a irmã menor do zumbi, Bieko. Motivado por seu amor a sua irmãzinha, Zed decide nunca desistir até finalmente conseguir derrotá-lo.

Ao longo da jornada, o protagonista procura uma forma de obter o poder necessário para derrotar o vilão. A história chega até a brincar com clichês dos animes sobre o que é esse tal “poder”, como amor verdadeiro ou justiça. Mas, no final, ela ainda envolve a amizade como fonte de energia principal, e o que eventualmente fez com que Zed derrotasse o Deus da Destruição.

O zumbi não é o único que ao longo da história fica mais forte e mudado, mas seus companheiros também passam por desenvolvimento em suas personalidades. Cada um deles se junta ao grupo querendo derrotar o Deus da Destruição, mas, com motivações e ideais totalmente erradas. Eventualmente, os personagens aprendem que estavam enganados e crescem como “pessoas”, o que acaba ajudando o time a ficar mais forte para completar seu objetivo.

A história em Disgaea 6: Defiance of Destiny utiliza bastantes clichês de anime assim como nos Disgaea anteriores. Ela é “legalzinha”, mas bem boba e pode acabar não agradando aqueles que não curtem algo caricato.

Eleve-se meus níveis, até quebrar os limites.

Status altíssimos e nomes esquisitos o esperam em Disgaea 6

Disgaea 6: Defiance of Destiny chama a atenção com sua gameplay. A fórmula básica do game é similar a outros RPGs de estratégia em turnos, com o jogador e a inteligência artificial alternando entre si. Contudo, ao se examinar a jogabilidade de uma forma em geral é possível perceber que este é um jogo que valoriza bastante efeitos especiais e grandes números para entregar uma experiência, no mínimo, curiosa.

Disgaea sempre foi uma série em que os personagens podiam alcançar altos números de poder de ataque, assim como níveis extremamente estúpidos como Lv.9,999. Disgaea 6: Defiance of Destiny pega esse elemento tradicional do design da franquia e simplesmente o eleva a 100 no quesito loucura. Desde o início, o game coloca seus personagens com status beirando a 1 mil, e cada batalha completa concede experiência suficiente para pular 10 ou 20 níveis.

Antes mesmo de completar o primeiro capítulo, seus personagens estarão causando dezenas de milhares de dano aos oponentes. O mesmo poderá ser dito dos inimigos, fazendo assim com que Disgaea 6: Defiance of Destiny mostre aos seus jogadores o que eles podem esperar no resto da aventura: uma briga de quem atinge o maior número.

Reencarne para aumentar os seus status

Eventualmente o game adiciona certos elementos que forçam os jogadores a parar e pensar antes de continuarem a batalha. Contudo, a forma com que o jogo faz isso é bem ruim, com muitas atrapalhando e servindo apenas para dar uma dificuldade extra ao combate.

Para ajudar os jogadores a atingirem números ainda mais impressionantes, Disgaea 6: Defiance of Destiny incentiva-os a utilizar a Super Reencarnação. O sistema serve para “resetar” um personagem de volta ao nível um e oferecer pontos bônus aos seus status, com o seu uso repentino servindo para produzir lutadores cada vez mais poderosos. Os fãs da série reconheceram que esta é uma versão moderna e bem mais eficaz da tradicional reencarnação.

Por incentivar o uso da Super Reencarnação e assim aumentar cada vez os seus status para poder atingir altos números, o combate de Disgaea 6: Defiance of Destiny acaba se tornando um pouco monótono e bem fácil. Jogadores perceberão que não é preciso bolar estratégias mortais, mas basta ter personagens com grandes cifras em seus status e colocá-los para bater forte no oponentes. A própria desenvolvedora parece ter percebido isso e colocou uma opção de batalha automática que resolve bem qualquer conflito que você possa encontrar.

Além da Super Reencarnação, Disgaea 6: Defiance of Destiny oferece outra forma de ajudar a melhorar os status dos personagens. O Juice Bar, um shop especial habilitado ao longo da aventura e que permite que o jogador troque experiência por pontos extras para melhorar os demônios.

Melhorar os status dos personagens em si não é a única forma de ficar forte, mas equipamentos também são importantes para lhe ajudar a ficar mais poderoso. Assim como em jogos passados da franquia, os itens possuem níveis e o jogador pode entrar dentro dos Itens Worlds para melhorar armas, armaduras e acessórios, deixando-os ainda mais poderosos.

A assembleia estar de volta e é possível pedir pelas coisas mais doidas possíveis

Por fim, a assembleia das trevas ainda está presente em Disgaea 6: Defiance of Destiny. Assim como no passado, é possível passar pedidos pelos senadores para ganhar bônus e habilitar novos personagens. O Cheat Shop adicionado no relançamento de Disgaea 4 no Vita também retorna aqui, permitindo que o jogador altere certas opções para ajudar ou atrapalhar na jogabilidade, como mais experiência ou inimigos mais poderosos.

Disgaea 6: Defiance of Destiny oferece aos jogadores bastante opções em relação ao seu sistema de jogabilidade. Infelizmente, a maioria é bloqueada no início e demora um tempo até tudo ser habilitado por completo ou o game passar avisar que tal opção está finalmente disponível para ser utilizada.

Apresentação e extras muito doidos

As sprites 2D foram substituidas por modelos 3D

Disgaea sempre foi uma franquia conhecida por utilizar sprites 2D e apresentar bons visuais que não afetam a estabilidade de seus títulos. Disgaea 6: Defiance of Destiny decidiu apostar totalmente no 3D, algo que certamente causa estranheza de início, principalmente se você estiver acostumado aos anteriores. O que foi meu caso, e confesso que sinto falta dos sprites.

Os modelos até que são bonitos e ainda conseguem transmitir charme e a identidade visual da franquia. As animações durante as lutas são bem bacanas e eles expressam bem emoções e outros visuais. Contudo, tal mudança teve seus efeitos negativos e podemos perceber durante a jogatina, principalmente no modo portátil com quedas no framerate e serrilhados.

Disgaea 6: Defiance of Destiny oferece três opções para os jogadores aproveitarem o game. O primeiro é focado em performance, sacrificando gráficos e visuais para permitir o jogo rodar melhor, enquanto o segundo foca em oferecer bons efeitos e uma boa resolução. Por fim, temos uma opção que equilibra ambos e é a melhor a ser escolhida.

As ctuscenes ainda seguem o formato de Visual Novel

Tirando as animações de batalha, todo o resto é bem simplista em sua apresentação. Existem apenas duas animações básicas durante as cutscenes, e a maior parte das cenas do game acontece em formato de visual novel ou apenas mostrando imagens dos personagens parados.

Os efeitos sonoros são bons, assim como a trilha sonora. É possível selecionar vozes em inglês ou japonesas, ambas são boas e gostei que dubladores passado retornam para dublar os personagens originais. Contudo, depois de um tempo fica repetitivo ouvir as mesmas 3 linhas de diálogos sempre que um ataque é realizado.

Além de batalhar para avançar na história, Disgaea 6: Defiance of Destiny oferece diversos incentivos extras para participar dos combates. Um sistema de quests está disponível para receber recompensas após cumprir um dos muitos objetivos. E formas de receber bônus é o que não falta aqui, com o jogo incentivando o jogador a cumprir diversas “missões” internas em troca de itens, tais como: causar uma certa quantidade de dano a inimigos, ou atingir um certo nível. 

Por fim, a base principal do jogador agora é bem maior e mais fácil de se movimentar do que em jogos anteriores. Ao longo da aventura a opção de fast travel no local é habilitada e, com um simples toque de botão, é possível se teletransportar para uma das lojas presentes.

Um jogo que não se leva a sério

Ao final do dia, Disgaea 6 ainda é uma experiência que vale a pena ser aproveitada

Disgaea 6: Defiance of Destiny é um bom produto, mas, que pode acabar deixando alguns jogadores confusos com seu alto foco em alcançar números grandes em seus status. O combate aqui é algo bem simples e que não envolve muita estratégia, então aqueles que esperam momentos de calma e pensamento não os encontrarão.

A história também é bem boba e muito baseada em clichês encontrados em animes, como poder da amizade, protagonista focado em lutas e personagens com apenas uma personalidade. Apenas fãs da cultura otaku conseguiram apreciar a história e as muitas referências em personagens e itens que Disgaea 6 oferece.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão por: Jason Ming Hong

Disgaea 6: Defiance of Destiny

8

Nota Final

8.0/10

Prós

  • Bons Visuais
  • Sistema de super reencarnação é muito bom
  • Boas melhorias a fórmula tradicional

Contras

  • Modo Handheld sofre um pouco
  • Combate pode ser muito fácil
  • Modelos 3D possuem poucas animações