Nem todo simulador de vida tem um glamour oculto – às vezes, ele só escancara o caos. Drug Dealer Simulator tenta entregar uma experiência em que o jogador assume o papel de um aspirante a magnata do tráfico, construindo seu império no submundo do crime.
Desenvolvimento: Byterunners, Movie Games S.A.
Distribuição: Ultimate Games S.A.
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Simulação, RPG, Estratégia
Classificação: 18 anos (violência, drogas, linguagem imprópria)
Português: Sim (Interface e legendas)
Plataformas: Xbox Series X|S, PS5, PC
Duração: 22 horas (campanha)/48 horas (100%)
Uma bagunça de problemas
Desde o início, dá para perceber que Drug Dealer Simulator sofre com uma série de mecânicas quebradas e controles desajeitados. O movimento do personagem parece travado, como se ele estivesse andando com corrente nos pés, e a interação com o ambiente é, muitas vezes, imprecisa. Correr de uma perseguição policial deveria ser emocionante, mas vira um teste de paciência quando o personagem fica preso em objetos invisíveis ou quando a inteligência artificial dos policiais se comporta de forma completamente inconsistente.
Outro problema grave é a interface confusa e desatualizada. Menus desorganizados, botões de interação trocados, falta de explicações claras sobre algumas mecânicas e um sistema de inventário que mais atrapalha do que ajuda. Você perde mais tempo brigando com os menus do que planejando sua operação criminosa.
Da produção ao risco
Uma das mecânicas centrais de Drug Dealer Simulator é a mistura e preparação dos produtos. Você precisa comprar ingredientes, combiná-los e produzir drogas com diferentes qualidades para atender às exigências do mercado. Porém, o sistema de produção é pouco intuitivo, com quase nenhuma explicação e ainda sofre com interações desajeitadas, tornando tarefas simples uma experiência cansativa.
Além disso, o jogo incorpora um sistema de distribuição e comunicação com clientes, que deveria ser dinâmico, mas acaba sendo repetitivo e sem profundidade. Você tem um celular que avisa que tem novas mensagens mas deve sempre voltar para casa para ler pelo computador e fazer as interações com seus clientes. Para expandir seu império, o jogador precisa conquistar territórios e aumentar sua influência, mas a mecânica de progressão não é tão satisfatória quanto deveria. A evolução se dá por pequenas melhorias, mas não há um impacto real que te faça sentir como um verdadeiro líder do crime.
A parte financeira também é fundamental: administrar o lucro, investir em infraestrutura, novos esconderijos, traficantes para vender drogas no seu lugar e garantir que sua operação continue crescendo. No entanto, essas mecânicas acabam ofuscadas por problemas técnicos que tornam o gerenciamento de tudo isso mais frustrante do que desafiador.
Decepcionante e sem carisma
Embora o jogo tenha, em teoria, uma ambientação interessante, na prática os gráficos são decepcionantes. O Xbox Series X é uma máquina poderosa, mas Drug Dealer Simulator parece algo saído de uma geração anterior, e nem é bem otimizado. Texturas borradas, personagens sem vida e animações completamente robóticas transformam a experiência em um festival de estranheza.
Os ambientes são repetitivos, dando aquela sensação de estar explorando uma cidade genérica sem personalidade. Os NPCs se movem como se fossem bonecos de cera e a iluminação, que poderia salvar a atmosfera, acaba exagerada ou mal aplicada. E o pior: há momentos em que os elementos visuais simplesmente falham, pessoas atravessam paredes, objetos desaparecem do nada e sombras parecem feitas sem nenhum refinamento.
Um caos sem regras
Se existe algo que mata qualquer jogo, são os bugs, e Drug Dealer Simulator está lotado deles. Em várias situações, a IA dos NPCs parece desligada, fazendo clientes sumirem ou que fiquem presos em lugares impossíveis de alcançar. A polícia, que deveria representar um risco real, às vezes simplesmente não reage ao crime acontecendo na frente deles, ou então te prende sem motivo aparente.
Outro reflexo disso é a possibilidade de usar os mesmos bugs ao seu favor, tornando o jogo muito mais simples. Aprenda os pontos cegos da IA e venda drogas ao lado dos policiais, descubra o ponto na parede onde a interação alcança o outro lado e poupe horas carregando drogas entre setores, ou até mesmo por acaso, como no meu caso, descubra que itens podem ser duplicados e duplique pilhas de dinheiro e drogas que você carrega no inventário.
Além disso, existem problemas graves de desempenho. Quedas de FPS acontecem sem explicação, e não é raro ver travamentos que te obrigam a reiniciar o jogo. Em um console da atual geração, isso é inadmissível. Para um jogo que depende de tensão e estratégia, esses problemas técnicos acabam destruindo qualquer sensação de imersão.
Outro ponto crítico é a falta de atualizações que realmente corrijam esses defeitos. Parece que os desenvolvedores abandonaram qualquer tentativa séria de melhorar a experiência, deixando o jogo entregue ao caos.
Infelizmente, Drug Dealer Simulator não é só um jogo problemático, é uma experiência frustrante. A ideia de simular uma ascensão no mundo do crime até poderia render algo interessante, mas a execução falha em praticamente todos os aspectos. Jogabilidade travada, gráficos ultrapassados, uma avalanche de bugs e falta de refinamento tornam difícil recomendar o jogo.
Frustrante e problemático
Se você busca um jogo de simulação que realmente funcione, há opções muito melhores no mercado. Aqui, a única coisa que você vai sentir como um verdadeiro traficante é a dor de cabeça de lidar com problemas que parecem não ter solução. A não ser que esteja disposto a encarar tudo isso em nome da curiosidade, minha recomendação é: passe longe.
Cópia de Xbox Series X cedida pelos produtores
Revisão: Júlio Pinheiro
Drug Dealer Simulator
Prós
- Um bom conceito de jogo
Contras
- Bugs, bugs e mais bugs
- Má otimização
- Exploits tornam o jogo muito fácil
