Dungeon Defender Awakened chegou ao mercado em 2020 para os PCs, e neste mês de março está finalmente chegando ao Xbox One. Infelizmente ainda está sem data para PlayStation 4 e Nintendo Switch. Para os que não conhecem, Dungeon Defenders nasceu em 2011, e desde então vem lançando jogos para expandir sua franquia. Alguns fazendo mais sucesso que outros, como o primeiro jogo, que foi muito bem recebido, enquanto que o segundo não teve a mesma reciprocidade dos fãs.
DDA, iniciado por meio de uma campanha no Kickstarter, tinha como promessa por meio de seus desenvolvedores de voltar às origens e chegar o mais próximo possível de seu primeiro título, regressando à fórmula de sucesso que conquistou os fãs.
Desenvolvimento: Chromatic Games
Distribuição: Chromatic Games
Jogadores: 1 (local) e 1-4 (Online)
Gênero: Estratégia, RPG
Classificação: 10 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, Xbox One
Duração: 32.5 horas (campanha)
O reinício de uma jornada
Com certeza a história não é a maior base de DDA, tanto é que somos lembrados de sua existência pouquíssimas vezes, o que na proposta de Dungeon Defender cai bem, até. A terra de Etheria possui bravos heróis que lutam para defendê-la de seus vorazes invasores incansáveis. Desses bravos heróis, 4 ganham destaque: Squire (Guerreiro), Apprentice (Mago), Huntress (Arqueira) e Monk (Monge). Enquanto defendiam seu reino, eles acabam caindo em uma fenda temporal, que os manda para o passado, quando eles ainda não eram tão grandes e bravos assim.
Agora tudo que os resta é defender Etheria novamente no passado para que possam voltar ao seu tempo verdadeiro. E é só isso, fim. Tudo isso contado em uma rápida cutscene no início, que tragicamente não pode ser “pulada” até quase o final e nada mais, nem sequer uma menção entre os atos que passamos durante o jogo.
Claro que esperar uma história complexa e elaborada era demais, só que a falta dela e sua extrema simplicidade pode vir a deixar a desejar um pouco no quesito enredo. Ainda bem que o foco de DDA está na jogabilidade, que cumpre um pouco melhor sua proposta.
Um pouco de estratégia
A verdade é que o jogo é bem simples, ao menos em sua premissa. Tudo o que temos de fazer é proteger núcleos (Cristais de Eternia), além de impedir que os inimigos cheguem a eles e os destruam. Infelizmente a jogabilidade em si não é tão simples ou sequer explicada em qualquer momento isso mesmo, não existe tutorial!
Eu sei que muita gente acaba por pular os tutoriais em muitos games e, embora Dungeon Defenders Awakened não seja o mais complexo dos jogos, muitos de seus comandos não são intuitivos, prejudicando sua experiência e gameplay até que descubra como tudo funciona.
Praticamente todos os botões possuem comandos duplos, separados por segurar ou apenas pressionar, mas em nenhum momento isso é dito. Para um jogador experiente, poucas partidas podem ser o suficiente para o aprendizado, porém, para os mais novos nesta árdua vida, talvez boa parte do jogo seja passada sem saber o que pode fazer. O pior disso tudo é nem o objetivo é falado, mas simplesmente te jogam na fase e “você que se vire – que mancada, hein, Chromatic.
Basicamente Dungeon Defenders Awakened consiste em duas fases: construção e combate. Na construção, podemos colocar nossas armadilhas, formando nossas defesas para ajudar a defender nosso(s) núcleo(s). As defesas variam de armas de longo alcance, armadilhas explosivas, bloqueios e lasers até auras que, além de dano, causam algum status negativo também.
Seu arsenal depende de com qual dos heróis estiver jogando, mas felizmente é possível utilizar vários deles “ao mesmo tempo”. Durante a fase de construção é possível trocar livremente entre 4 dos 5 personagens disponíveis. O quinto personagem foi um DLC gratuito disponibilizado, uma espécie de andróide Series EV-A. Combinar diversas armadilhas de diferentes personagens é uma estratégia muito boa e satisfatória. Funciona muito bem contra a maioria dos inimigos, e proporciona que um personagem cubra a fraqueza na defesa do outro.
Construir e defender!
Cada cenário possui um um limite de quantas armadilhas podem ser construídas, e cada uma delas consome um número específico desse espaço. Este é mais um motivo para pensar bem no que colocar, onde posicionar e como combinar essas armadilhas. Depois de construir sua defesa, a fase de combate iniciará. Aqui não é mais possível efetuar a troca de seus heróis, sendo assim, você jogará com o personagem que avançou da fase de construção. Finalmente os inimigos começarão a aparecer, divididos em ondas, sempre começando com inimigos mais fracos e em menor quantidade que vão aumentando ao longo de cada onda e se tornando mais poderosos.
Na fase de combate é onde as recompensas começam a surgir, os inimigos derrotados soltam itens, equipamentos e jóias que usamos para melhorar os heróis e as defesas. Os equipamentos deixam os heróis mais fortes, com armas mais poderosas, armaduras melhores, acessórios que aprimoram nossos status e até mesmo sets de armaduras que, combinados, são ainda mais fortes.
Já as jóias seriam como o dinheiro gasto para criar as armadilhas, já que existe o ouro também (dinheiro que ganhamos ao vender os equipamentos). Sem essas jóias não é possível criar, melhorar ou reparar qualquer armadilha. Elas também servem para restaurar a vida do herói quando muito ferido, impedindo assim que ele seja morto pelos inimigos.
Mas morrer não gera nenhuma consequência tão grave, a não ser ter de esperar os 5 segundos que demoram até que possamos renascer de novo. Nenhum item, experiência ou qualquer coisa do tipo é perdida. Porém, às vezes, 5 segundos é tudo que seus inimigos precisam para destruir seu amado núcleo.Sempre que a fase de combate é encerrada, sua vida e mana são completamente restauradas e uma nova fase de construção começa. Este ciclo se repetirá até ter passado por todas as ondas de inimigos.
O jogo conta com 5 modos diferentes a serem explorados: a tradicional Campanha, em que deveria haver um modo história entre os 3 atos, mas no fim são só 15 fases a serem jogadas mesmo; no modo Sobrevivência devemos lutar por 25 ondas de inimigos que são mais fortes que os normais e, a cada nova onda, ficam ainda mais fortes; e no Desafio enfrentamos as ondas de inimigos sem poder construir nossas armadilhas, ou seja, sem defesa, mas a quantidade de inimigos é menor que o habitual.
O Mixmode oferece um desafio ainda maior que os anteriores, em que inimigos fortes podem vir logo no começo e vão sendo invocados cada vez mais poderosos a cada onda. E, por fim, um dos modos que mais gostei e que mais demanda estratégia, o Pura Estratégia. Nele só podemos contar com nossas defesas para proteger o núcleo e nada mais. Depois de organizada, tudo o que temos a fazer é esperar que os inimigos ataquem e morram.
Mas com certeza o mais legal de tudo no jogo são os equipamentos que ganhamos e que podemos modificar e melhorar na Taverna. Ao melhor estilo RPG, os equipamentos melhoram os atributos nos deixando mais fortes, com um inventário imenso e muitas opções de sets de armaduras para formarmos, encontrar sempre os melhores é o mais empolgante. Neste game ganhamos até mesmo os Pets, que nos auxiliam de alguma forma nas batalhas.
Algumas estratégias falhas
Dungeon Defenders Awakened funciona bem grande parte do tempo, mas está cheio de bugs que hora ou outra acabam por prejudicar sua experiência. O mais comum, e o único que não te atrapalha de fato, é os inimigos simplesmente desistirem de atacar, e sem mais nem menos eles travam em algum canto e ficam parados esperando que você vá até eles e os mate. Quando se tem muitos inimigos, é bem comum eles travarem em escadas ou em alguma bifurcação, e ficam todos aglomerados sem se mexer até que avance contra eles matando uma porção para que os outros possam continuar.
Fora isso, existem atrasos nos comandos. É comum tentar usar uma habilidade e ter de apertar o botão2 ou 3 vezes até que o jogo entenda sua ação. Isso também acontece quando o ataque normal é usado. É possível segurar o botão de ataque para que o lance ininterruptamente, e, se por acaso o soltar e logo em seguida o segurar de novo, pode tentar mais uma vez que certamente vai falhar – em questão da jogabilidade, isso é o que mais atrapalha.
Todos os modos de jogo contam ainda com o multiplayer, mas apenasonline, infelizmente. Possivelmente este seja o maior defeito do jogo: a ausência de um modo multiplayer local. Lembro de me divertir bastante jogando com meus amigos o primeiro título da série em casa e, embora entenda que o online seja o foco hoje em dia, não faz o menor sentido um jogo com boa parte do foco em um multiplayer cooperativo ter apenas como jogar através da internet isso deveria ser um crime!
Com gráficos simples, mas bonitinhos e agradáveis, Dungeon Defenders Awakened nos ganha rapidinho. Seu design é até mesmo um pouco infantilizado, mas não que isso seja um problema, já que esse é o charme do jogo.
O seu único defeito gráfico vem da parte em que é possível ver os inimigos de longe caminhando de um jeito estranho como se fossem de papel em um cenário 3D, todos travados e com serrilhados.
Infelizmente aqueles que esperavam uma localização em português, como o jogo diz ter, foram enganados como eu. A localização funciona em 20% do tempo e ainda algumas partes parecem até aquelas frases traduzidas literalmente ao pé da letra, como o Google Tradutor costuma fazer.
Sem contar que muitas descrições de itens e escritas do menu e no HUB do jogo são muito pequenas e não possuem a opção de aumentar o tamanho.
Apesar de tudo, divertido
Por mais defeitos que Dungeon Defenders Awakened tenha, alguns piores do que outros, ele ainda sim é um jogo muito divertido, principalmente se tiver amigos com quem jogar. Ele me pegou brutalmente pela nostalgia que senti, já que havia jogado o primeiro game há quase 1 década ,e DDA trouxe mesmo de volta a essência que prometeram do primeiro título. Eu espero que muitos dos erros sejam corrigidos posteriormente, pois não sei dizer se a versão de PC também está assim, ou se foi melhorada já, por ter sido lançada primeiro, mas essa do Xbox precisa de um bom Patch de atualização.
Nota de Atualização: Esta análise foi feita em cima da versão 1.2 do jogo, e após ela ser concluída uma nova atualização foi lançada, a versão 1.3. Nesta atualização foi implementado o tutorial do jogo, coisa que não existia anteriormente, ajustes de drops de itens no Mix Mode e no Pura estratégia, que devo dizer que não mudou muito.
Nos modos extras do game, em que a contagem dos inimigos são bem altas e eles costumam “travar” em algum lugar estreito, acabou por ser corrigido com a redução desses inimigos, principalmente os mais fracos, não congestionando assim o percurso.
Uma das principais mudanças foi a redução de dano, o que influencia diretamente na experiência já que os personagens foram drasticamente enfraquecidos e não pareceu acontecer com os inimigos, deixando mais desequilibrado agora do que antes – uma mudança desnecessária, ao meu ver. Embora eu entenda que seria necessário o enfraquecimento dos heróis de alguma forma, já que houve a diminuição dos inimigos durante as ondas, isso aconteceu de forma desproporcional.
Uma grande lista de bugs foi apresentada com correções, mas quase nenhuma das citadas já nesta análise foram corrigidas, como os inimigos travando aleatoriamente em algum canto qualquer da fase sem voltar a atacar, ou então o problema ao tentar usar as habilidades mais de uma vez para que elas funcionem. Sem mencionar que ainda não há um modo multiplayer local – trágico.
Mesmo com a nova atualização ainda existem muitos problemas a serem corrigidos, mas que fico na esperança de que possam ser melhorados logo para melhor desfrutarmos do jogo.
Revisão: Jason Ming Hong
Cópia de Xbox One cedida pelos produtores