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Review Dying Light: The Beast (Xbox Series X) – O retorno da besta

Dying Light: The Beast chega como uma promessa de retorno às raízes da franquia, depois de experimentos narrativos e mecânicos em sua última entrada. A sensação inicial é de familiaridade imediata: parkour fluido, noites perigosas e um tom visceral que combina horror de sobrevivência com ação frenética. 

Desenvolvimento: Techland
Distribuição: Techland
Jogadores: 1 (local) e 1-4 (online)
Gênero: Ação, Aventura
Classificação: 18 anos (violência extrema, drogas lícitas)
Português: Interface, dublagem e legendas
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series X|S
Duração: 15 horas (campanha) / 40 horas (100%)

Um novo salto, um novo susto

O que era para ser inicialmente uma DLC, se tornou um jogo completo
Kyle Crane retorna

The Beast foi inicialmente planejado como um conteúdo adicional para Dying Light 2, mas ao longo do desenvolvimento cresceu em escopo e ambição até que se tornou um título próprio. Kyle Crane, o protagonista do primeiro jogo, retorna 13 anos depois, em uma narrativa mais direta e concentrada do que o último jogo. Em vez de um arco amplo e episódico, o enredo foca em um conflito específico envolvendo uma nova variante do vírus e facções humanas que surgem para explorar o caos. The Beast aposta em personagens com motivações claras e confrontos morais simples, o que torna a progressão narrativa imediata e fácil de acompanhar.

Os protagonistas têm camadas, mas seguem arquétipos conhecidos: o sobrevivente endurecido, a cientista obstinada e o antagonista carismático disposto a justificar ações extremas. A escrita é competente e oferece momentos impactantes, mas raramente alcança profundidade emocional duradoura. O que brilha é o uso do ambiente para contar a história: cidades devastadas, prédios tomados e folclore local transformam o cenário em um personagem ativo, ajudando a construir tensão sem depender apenas das cenas.

Em relação ao primeiro Dying Light, The Beast retorna a um tom mais cru, menos carregado de subtramas políticas ou peças cinematográficas que marcaram a sequência. Isso é positivo para jogadores que sentiram que a série havia se diluído, mas quem esperava uma evolução profunda na narrativa pode sentir que o jogo recicla temas já conhecidos.

Pés nas paredes

Corra, salte e role para sobreviver em ruas recheadas de mortos vivos.
Hordas de zumbis o esperam em cada esquina

A movimentação continua sendo o coração do jogo. A resposta do controle é imediata, com animações de transição entre corridas, saltos e escaladas muito bem polidas. Pequenas melhorias adicionam fluidez: deslizes mais responsivos, agarrões em beiradas mais confiáveis e novas opções de evasão. Essas atualizações fazem com que explorar o mapa seja sempre satisfatório.

O combate mantém a mistura de arma branca e fogo de longo alcance, mas The Beast enfatiza encontros mais punitivos e coreografados. Armas são mais variadas e entregam sensações distintas; o sistema de durabilidade ainda existe e incentiva a improvisação. Uma novidade marcante é a presença de habilidades relacionadas à “bestialidade” do vírus em Kyle Crane, criando momentos em que o jogador ganha vantagens físicas notáveis, o que altera o ritmo das lutas.

Os gráficos impressionam, a trilha sonora ainda mais.
Nenhum lugar é seguro…

O ciclo de dia e noite retorna como uma mecânica central, com a noite se tornando um território dominado por inimigos muito mais agressivos (embora em alguns momentos durante o dia os zumbis se mostrem igualmente agressivos, contrariando a mecânica criada no primeiro jogo). O jogo explora isso com eventos noturnos que não só aumentam a dificuldade, mas também oferecem recompensas únicas, promovendo escolhas entre risco e retorno de forma eficaz.

O sistema de progressão é acessível e dá liberdade para construir estilos distintos: um personagem ágil e focado em parkour, um tanque corpo a corpo ou um atirador furtivo, mas no fim, ao chegar no nível máximo, você poderá ter todas as habilidades desbloqueadas. A criação de itens é sólida e útil, mas alguns itens se tornam triviais cedo demais caso o jogador dedique tempo a rotas de farm que se repetem muito.

Noite que não perdoa

Jogar durante o dia e durante a noite se mostram quase que como jogos distintos.
A noite volta a ser o inimigo mais letal.

No Xbox Series X, The Beast equilibra fidelidade gráfica e desempenho. As texturas são ricas, a iluminação dinâmica nas ruas e interiores cria atmosferas tensas, e modelos de inimigos têm um nível de detalhe satisfatório. O design de ambientes funciona bem para parkour, com rotas verticais bem pensadas.

O jogo oferece modos que priorizam qualidade visual e performance. O modo performance é recomendado para jogadores que valorizam a fluidez do parkour, garantindo 60fps estáveis em grande parte das situações. Em batalhas muito intensas ou durante eventos noturnos, ocorrem quedas ocasionais de frame rate e microstutters, mas raros travamentos. Tais quedas são perceptíveis e prejudicam segmentos de precisão, revelando que o motor precisava de otimizações adicionais. Efeitos de partículas, névoa e iluminação crepuscular são pontos fortes, especialmente quando a cidade é tomada pela noite. Entretanto, o excesso de partículas em algumas áreas reduz a visibilidade e afeta o desempenho, algo que poderia ser melhor equilibrado para manter a clareza de leitura em combates.

O design sonoro é um dos pontos altos. Rugidos, passos distantes e o som dos infectados no escuro criam uma imersão constante. A mixagem de som favorece sinais auditivos como pistas de perigo, o que funciona bem com a mecânica de furtividade e alerta. A trilha sonora conecta emoção e tensão. Composta por camadas eletrônicas e percussivas, ela surge em momentos-chaves e eleva a intensidade dos confrontos e das explorações noturnas. Em ambientes mais calmos, faixas mais atmosféricas contribuem para a sensação de abandono e perigo iminente.

A atuação de voz é sólida e entrega momentos convincentes, embora nem todos os diálogos atinjam o mesmo nível emocional. A dublagem em português varia em qualidade, enquanto a versão original em inglês mantém um tom consistente e profissional.

Conclusão

Dying Light: The Beast é, no conjunto das qualidades e falhas, uma reafirmação do que fez a franquia especial: movimentação fluida, tensão noturna e um design de mundo que convida à exploração. Embora cometa erros previsíveis, como a repetição de conteúdo, problemas de balanceamento e picos de performance em certas situações, o jogo entrega uma experiência satisfatória e, muitas vezes, emocionante para fãs e novatos.

Recomendo jogar no modo performance para quem prioriza fluidez, especialmente ao tirar proveito do parkour. Jogadores que desejam narrativa mais profunda ou inovação radical talvez sintam que The Beast é um refinamento e não uma revolução, mas para quem buscava a sensação clássica de Dying Light com melhorias técnicas e algumas ideias novas, este título cumpre seu papel com competência.

Cópia de Xbox Series X adquirida pelo autor
Revisão: Júlio Pinheiro

Dying Light: The Beast

8

Nota Final

8.0/10

Prós

  • Foco na verticalidade
  • Mecânica de "bestialidade"
  • A noite volta a trazer o terror

Contras

  • IA inimiga inconsistente
  • Repetição de missões secundárias
  • Economia e balanceamento