Com a direção assinada por Takuro Hiraoka, de Monster Hunter World: Iceborne, Exoprimal é um jogo online que traz uma salada de elementos diferentes, envelopados em uma trama futurista e maluca. A jogabilidade é divertida, mas o conjunto da obra decepciona devido aos sistemas de progressão confusos e disfuncionais.
Desenvolvimento: Capcom
Distribuição: Capcom
Jogadores: 1-10 (online)
Gênero: Ação, Tiro
Classificação: 14 anos
Português: Interface, dublagem e legendas
Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S
Duração: 30 horas (campanha)
Tá chovendo dinossauro
Exoprimal é um musou que combina hordas de dinossauros com um multiplayer competitivo que mistura PvP com PvE. O jogo reúne duas equipes de cinco combatentes dentro de um campo de batalha controlado por uma IA, que faz com que os times lutem para cumprir objetivos e coletar dados que avançam a história. As mecânicas de tiro em terceira pessoa e combate corpo a corpo são sensacionais e responsivas.
A jogabilidade é complexa e abre espaço para uma variedade de estilos, graças à possibilidade de optar entre 10 classes distintas. As partidas são caóticas e a habilidade de poder alternar entre tanque, suporte e dano a qualquer momento adiciona um dinamismo espetacular aos confrontos.
O fato do jogo ser uma bagunça pura é justamente o que o torna divertido. É impressionante como a Capcom utilizou o poder de sua RE Engine para trazer uma quantidade inacreditável de dinossauros na tela, sem uma queda de frames sequer na versão para computadores.
Além de um anti-cheat eficiente, a produtora preparou servidores estáveis, propiciando partidas livres problemas de latência e com suporte ao crossplay – mas limitado, já que não é possível adicionar amigos de outras plataformas ou compartilhar o progresso entre sistemas diferentes. Porém, a disponibilidade futura de Exoprimal está nas mãos da Capcom, visto que a conexão aos servidores da empresa é obrigatória para jogar o título, que não oferece modos offline e nem partidas com bots.
Progressão confusa
A Capcom construiu uma gameplay sólida, mas acabou desperdiçando seu potencial com um sistema de progressão bizarro. Toda a experiência é concentrada em uma única opção, a Sobrevivência Jurássica. Nela, as partidas são randomizadas a partir de uma lista de missões, podendo resultar em duelos contra outros jogadores ou em ambiciosas boss battles contra dinossauros, no melhor estilo Monster Hunter.
Inicialmente, as partidas tendem a ser iguais e repetitivas, porque as tarefas mais interessantes são desbloqueadas na medida que o jogador vai avançando de nível. A presença de uma única escolha no menu principal dá um errôneo sentimento de que o jogo não tem muito a oferecer, pois o título não avisa direito que as partidas serão sempre diferentes depois de um certo ponto. Por conta disso, Exoprimal erra ao não ter um matchmaking simplificado, com liberdade para escolher e customizar os modos de jogo.
A equipe de desenvolvimento fará constantes atualizações com novos conteúdos, uma vez que Exoprimal é um jogo de serviço. Só que essa repetitividade inicial da Sobrevivência Jurássica é um fator que vai afastar muitos jogadores logo no período de lançamento e prejudicar a longevidade almejada pelos produtores. Quando tratamos de uma nova IP, a primeira impressão é crucial e algo abaixo das expectativas pode acabar tendo um grande impacto no futuro de um jogo.
História louca
A narrativa também é apresentada de uma forma confusa e desorganizada. Cada partida recompensa conteúdos que dão informações expositivas sobre o universo e seus personagens. Esses dados podem ser acessados diretamente pelo menu principal, mas entender o funcionamento dele é tão difícil quanto encontrar alguma lógica na história que o jogo tenta contar.
As cenas são pitorescas e possuem um tom exagerado, o que é hilário, mas ter paciência para acompanhar a narrativa chega a ser um desafio adicional. É preciso jogar várias partidas para liberar cutscenes que duram segundos, sendo assim fácil perder o ritmo e esquecer o que está acontecendo na trama.
A localização para o idioma nacional é preguiçosa e incompleta, pois a IA dá suas ordens em português enquanto todos os outros personagens falam apenas em inglês. O que chama a atenção é o fato da Capcom ter utilizado uma dublagem artificial, realizada por ferramentas de conversão de texto em fala.
A interpretação inexistente do Leviatã é acompanhada por um roteiro mal traduzido e repleto de frases estranhas. Desativar o incessante som da IA é necessário para prestigiar Exoprimal sem se frustrar com a qualidade vergonhosa desse aspecto.
Potencial inatingido
Apesar de acertar na gameplay propriamente dita, Exoprimal falha em quase todo o resto. Devido às várias decisões equivocadas tomadas pela Capcom, o título desperdiça o alto potencial dado por sua excelente jogabilidade, sendo efetivamente apenas um multiplayer que não tem sintonia em relação a como um jogo online deve funcionar.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno