Após o fim de uma expedição científica que não terminou bem, você é um pesquisador que está supostamente sozinho numa zona de anomalia na taiga siberiana, uma das regiões florestais mais frias do mundo. Depois de anos completamente isolado e abandonado por todos, o personagem principal recebe uma misteriosa ligação via rádio de um outro sobrevivente com ideias para tentar fugir deste local que é protegido por um enorme muro, decidindo enfrentar a aterrorizante floresta, em busca de respostas e anomalias. Essa é a proposta de Expedition Zero. O jogo de estreia do estúdio independente Enigmatic Machines é uma interessante e funcional combinação de survival horror em primeira pessoa e mecânicas de crafting, tipicamente vistas em jogos de sandbox.
Desenvolvimento: Enigmatic Machines
Distribuição: TinyBuild
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Terror
Classificação: 16 anos
Português: Legendas e interface
Plataforma: PC
Duração: Sem registros
Floresta adentro
Sem um grande esforço no lado narrativo, Expedition Zero é uma produção focada em exploração que tenta oferecer uma experiência realista para quem está jogando. A mecânica de stamina faz com que o jogador não possa correr o tempo todo e, mesmo utilizando o traje de isolamento térmico, seu personagem ainda passa muito frio.
Para criar itens, é necessário encontrar matéria prima através de depósitos ou objetos usados, e utilizar as impressoras 3D, que estão dispersas pelo mundo. Não é possível criar todos os itens em uma única impressora 3D, já que cada uma possui uma configuração diferente. Qualquer item no inventário tem o seu peso, e todas as ações demoram um determinado tempo para acontecer, o que afeta muito o combate, já que há uma perceptível demora para trocar de arma ou recarregar a munição. E com tutoriais explicando apenas mecânicas básicas, Expedition Zero não tenta guiar o jogador, deixando o entendimento e conhecimento do mundo e de muitas mecânicas por conta e risco próprios.
Com uma excelente atmosfera, mas sem muitos sustos, é preciso conhecer o cenário, saber se esconder e sempre calcular todo e qualquer movimento. Os inimigos conseguem matar o personagem principal com poucos hits e em segundos, sem ter um tempo de reação por parte do jogador. Esse desafio extremo e realista proposto pode acabar se transformando em uma experiência frustrante para alguns já que não existem opções para personalizar a dificuldade em Expedition Zero. A presença de opções para diferentes tipos de desafios sempre ajuda a ampliar o fator replay. Um modo no qual fosse possível apenas explorar o mundo, sem se preocupar com o frio ou a duração de seus equipamentos, seria muito mais interessante para uma primeira jogatina do que a experiência inicial e padrão que foi escolhida pelos desenvolvedores.
Um balde de água fria
O primeiro jogo da Enigmatic Machines não foi muito bem polido por sua equipe de desenvolvimento. O principal e mais notável erro é a localização incompleta para o português brasileiro. Dificultando o completo entendimento para quem não possui um grande conhecimento do inglês, muitas descrições de objetivos e de algumas mecânicas não foram completamente traduzidas para o nosso idioma. O sistema de salvamentos também apresenta problemas, não mostrando nenhum dos jogos salvos manualmente no menu de carregamento, possibilitando apenas continuar a jogatina pelos dados salvos automaticamente. São dois grandes problemas que demonstraram uma grande falta de cuidado por parte dos responsáveis em áreas vitais, que precisam ser corrigidos o mais rápido possível por meio de atualizações.
Apesar de não ser um título de mundo aberto, a floresta de Expedition Zero é enorme, porém há muitos elementos no cenário que visivelmente não receberam os acabamentos necessários. Nem tudo tem a colisão configurada corretamente, tornando o clipping entre jogador e cenário constante. A boa ambientação, que conta com um inteligente uso de recursos de iluminação, acaba sendo prejudicada por pequenos bugs gráficos, que sempre chamam a atenção.
No combate, há uma incômoda falta de pequenos detalhes, que sempre fazem a diferença, como animações de transição para o modo de mira. Extremamente scriptados, muitos inimigos só aparecem em determinados pontos do mapa e deixam de ser uma ameaça instantaneamente quando você vai para outra área do mapa. Os oponentes também passaram a impressão de não terem recebido a devida atenção pela equipe de desenvolvimento, já que muitos deles não expressam nenhuma reação perceptível após sofrerem qualquer tipo de dano.
Frio e falhas extremas
Expedition Zero tem boas ideias, mas que imploram por um polimento maior por parte da equipe da Enigmatic Machines. Possuindo uma excelente base, o produto tem muitas falhas que não deveriam estar presentes numa versão final, e que precisam ser consertadas pelos desenvolvedores em atualizações futuras. Com sua dificuldade extrema e inalterável, Expedition Zero é uma experiência recomendada apenas para fãs de jogos extremamente punitivos e desafiadores, que estão dispostos a encarar o frio, o medo e uma longa lista de problemas técnicos.
Cópia para PC cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong