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Review Clair Obscur: Expedition 33 (PS5) – Trazendo tudo o que fãs de RPGs apreciam

Se alguém fosse arriscar, dificilmente diria que um dos melhores JRPGs dos últimos anos seria desenvolvido por um estúdio estreante localizado na França. Clair Obscur: Expedition 33 é um jogo surpreendente, mostrando que novas ideias e qualidade altíssima podem fazer um jogo se destacar, independentemente do gênero.

Desenvolvimento: Sandfall Interactive
Distribuição: Kepler Interactive
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG
Classificação: 18 anos (conteúdo sexual, drogas lícitas, violência extrema)
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series S|X
Duração: 25.5 horas (campanha)/56.5 horas (100%)

Tente quebrar o ciclo

Cenas e diálogos variam de emocionantes a engraçados
Apresentação e direção são impecáveis

Em um mundo pós-apocalíptico inspirado pela estética da Belle Époque francesa, a população vive sob a ameaça da Artífice, entidade misteriosa que desperta uma vez por ano e pinta um número no distante monólito, um algarismo menor que o anterior. Todas as pessoas com aquela idade desaparecem e viram fumaça. Criou-se então a tradição de que aqueles que lutam e irão desaparecer no próximo ano (e mais jovens, se desejarem) partam em uma expedição em direção à Artífice, buscando destruí-la e acabar com o ciclo amaldiçoado, que já perdura há décadas.

Nesse contexto de ansiedade permanente, acompanhamos a Expedição 33 em mais uma jornada em direção à Artífice. Chegando lá, tudo dá errado logo de cara, e aos poucos vamos construindo uma equipe, entendendo mais desse mundo e o que ocorreu ali nas expedições anteriores. A história é incrível, com revelações e novos mistérios surgindo a todo momento, fazendo com que você não se acalme até saber como tudo acaba.

RPG japonês, diretamente da França

O sistema por turnos funciona impecavelmente e é viciante
Sistema de batalha é um dos melhores já apresentados em um JRPG

Clair Obscur é um RPG no estilo japonês, em que você explora dungeons, compra itens, participa de batalhas, ganha níveis e tantos outros elementos desse estilo. O diferencial aqui é que tudo é feito com tanto esmero e excelência, tanto técnica quanto artisticamente, que se torna uma experiência como poucas.

O sistema de batalha gira em torno dos Pictos, que são itens que aplicam efeitos nos personagens dos mais diversos tipos imagináveis. Cada personagem pode equipar três Pictos por vez e, após quatro batalhas, esses efeitos são conquistados permanentemente e podem ser equipados por todos os outros personagens, cada qual com um custo. Cada personagem é único, com sua própria árvore de habilidades e mecânicas exclusivas, fazendo com que existam inúmeras combinações e possibilidades de combate.

Sistema de batalha impecável e viciante

Porém, navegá-los por vezes é confuso
Cenários são fantásticos e muito variados

Os personagens podem realizar ações como ataque, habilidades, itens e outras. Outro destaque é que a maioria dessas ações são interativas, seja atacando ou defendendo, podendo aumentar o dano dos ataques, esquivar ou aparar golpes dos inimigos. Essas mecânicas, de certa forma já existentes nos RPGs do Mario, Like a Dragon ou Legend of Dragoon, provavelmente aqui encontram a sua melhor implementação até hoje, com as aparadas dando uma incrível sensação de satisfação quando você acerta no tempo exato.

Os monstros são espalhados pelo mapa-múndi e pelas dungeons, precisando ser encostados para ativar o combate. A exploração é bastante satisfatória, com recompensas e inimigos poderosos espalhados por todos os lugares, valendo a pena vasculhar tudo. Mas aqui está também o que é o maior dos meus poucos problemas com o jogo, que é a falta de noção de localização. As áreas podem ser um pouco grandes e com vários caminhos distintos, fazendo com que você possa se perder um pouco. A ausência de um mapa (ainda que provavelmente uma decisão consciente do time de desenvolvimento) acabou me parecendo incômoda, pois fico com certa ansiedade ao não saber se já explorei totalmente uma área.

Música para os ouvidos e arte para os olhos

Mapa apresenta itens, atalhos, locais secretos e tudo mais
Mapa-múndi, tão clássico em RPGs, também marca presença

Artisticamente, Clair Obscur se apresenta de forma impecável. Os gráficos são incríveis, desde os personagens e seus designs (e roupas alternativas) até os cenários fabulosos, principalmente considerando que muita coisa se passa em uma terra praticamente sem equivalentes na vida real. A excelente trilha sonora já entra para os clássicos do gênero, apresentando diversos temas memoráveis e que tornam ainda melhor a apresentação do excelente enredo.

Em resumo, trata-se de um game entregue de forma como não vemos por aí todo dia. Tudo encaixa harmoniosamente: história, sistema de batalha, exploração, arte, voz, música. Tudo isso construído por uma equipe de poucas dezenas de membros, algo muito raro na atual indústria AAA.

Reconhecendo um clássico em seu nascimento

Clair Obscur: Expedition 33 mostra que mesmo gêneros com décadas de estrada podem nos surpreender, inclusive de onde menos esperamos. Sendo impecável em quase tudo que apresenta, é certamente uma referência para os JRPGs daqui em diante. E tudo isso por um preço menor que o normal atual para títulos AAA. Esse é definitivamente um título que merece ser jogado e até mesmo experimentado por quem não é fã de RPGs, pois podem se surpreender.

Cópia de PS5 cedida pelos produtores

Revisão: Julio Pinheiro

Clair Obscur: Expedition 33

10

Nota final

10.0/10

Prós

  • História e escrita impecáveis
  • Sistema de combate profundo e divertido
  • Gráficos e músicas incríveis

Contras

  • A falta de um mapa pode causar desorientação