Caso você não faça ideia do que é Fairy Tail, é um anime e mangá criado por Hiro Mashima. Anime este que teve seu fim lá para o ano de 2016/2017, com 328 episódios que fecham o enredo. Particularmente parei lá pelo episódio 120 e alguma coisa, se não me falha a memória, e sinto que o jogo, apesar de ter bastante qualidade, não leva em consideração novatos na franquia e cria uma dependência de conhecer o conteúdo original. Bora conferir!
Desenvolvimento: Gust Co. Ltd.
Distribuição: Koei Tecmo America
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG
Classificação indicativa: 12 anos
Português: Não
Plataformas: Switch, PC e PS4
Duração: 15 horas (campanha)/ 37 horas (100%)
A guilda Fairy Tail
A história se passa no reino de Fiore, e gira em torno de um protagonista de nome Natsu Dragneel, um mago caçador de dragões, que está em busca de seu pai adotivo, o dragão Igneel. O rapaz de cabelos rosados e poderes dracônicos acaba conhecendo e virando amigo de Lucy Heartfilia, uma maga celestial que acaba entrando pra guilda da qual Natsu e seu animalzinho companheiro, o gatinho Happy, fazem parte.
No anime, vários personagens começam a participar da guilda e tem uma suma importância dentro do enredo, como Gray Fullbuster e Erza Scarlet, um mago do gelo e uma guerreira mágica – respectivamente. O enredo e interação entre personagens possui um humor único, lembrando bastante obras similares como One Piece. Então fica a dica se você gosta de desenhos japoneses com uma pegada mais cômica e cheio de magia.
Traduzindo o anime para jogo
Como falado, o jogo infelizmente não se preocupa muito em atrair novatos para a franquia, se ausentando de qualquer apresentações prévias ou uma uma introdução ao que está ocorrendo logo nos primeiros cinco minutos de gameplay. O jogador é recebido com uma avalanche de cenas de ação e diálogo que passam depois do episódio 150 do anime, e as chances de ficar completamente perdido sobre o que está acontecendo é enorme.
Felizmente existe uma solução póstuma para isso assim que o jogo inicia de verdade, através da enciclopédia contida no menu principal apertando “-“. Bom ou ruim, é tudo o que temos para conseguir uma base do universo de Fairy Tail, então é melhor do que nada.
Porém, em questão de mecânicas o jogo dá um show. Primeiramente temos um combate de turno o qual, confesso, tive bastante preconceito antes de realmente jogar Fairy Tail. Acontece que jogos com esse tipo de batalha normalmente tem um ritmo bem mais lento e se preocupa muito em mostrar suas animações. Felizmente eu estava errado e Fairy Tail se mostrou pensar em quem prefere algo mais acelerado.
Apesar de não possuir a função fast forward, o jogo teve a sensatez de adicionar opções de cortar as animações, o que economiza vários segundos da vida do jogador. Além disso também existe a função de auto battle, da qual não sou muito favorável mas acho bom que exista como algo a mais. Os confrontos em si podem ser resolvidos com alguns comandos, como ataques individuais aos inimigos, magias que consomem Magic Points e acertam vários inimigos ao mesmo tempo em diferentes posições do grid no campo (sim, os inimigos são alinhados em grids), empurrá-los para um quadrado diferente no posicionamento, lançar efeitos negativos e fazer ataques follow-up (em sequência) usando outros personagens do grupo – e até mesmo contra ataques.
Mais à frente é liberado o modo Awakening, onde os personagens acessam magias mais fortes, mas que gastam mais pontos de magia. Adicionalmente, existem slots de Lacrima, os quais são itens equipáveis que alteram atributos dos personagens positivamente e podem fazer muita falta caso o jogador esqueça de fazer uso deles.
Ataques especiais também podem criar o efeito chain, uma espécie de golpe ultra poderoso em conjunto apertando o R e comando respectivo do membro da party, em momentos específicos numa batalha, que une forças de dois ou mais personagens para criar um dano maior. Esse efeito do chain pode ser aumentado à medida que o jogador vai mantendo aqueles personagens juntos na sua equipe de até 5 membros (inicialmente com apenas 3), por causa do relacionamento entre ambos.
Missões podem ser coletadas pelo seu grupo no mural de missões da guilda, e na maioria das vezes são tarefas bobas ou simples demais – e repetitivas -, mas que resultam em alguns pontos de ranking para aumentar os rank dos personagens, aprender novas magias, realizar upgrades no saguão da guilda e elevar a reputação da Fairy Tail no placar mundial de guildas, fazendo com que ela suba para posições melhores e receba comentários que demonstram estar sendo reconhecida.
A exploração do cenário fora das lutas conta com uma fórmula já bem conhecida no cenários de jogos de RPG japoneses, usando NPCs muitas vezes com diálogos nada úteis só para preencher aquele mundo, lojistas que vendem itens, e alguma interação com objetos para proceder na história, abrir portas, encontrar itens perdidos, etc. Felizmente mais recursos que dão uma qualidade de vida boa para o jogador estão presentes, como o fast travel que transporta os personagens quase que instantaneamente para outros locais sem precisar ficar caminhando até lá, as telas de carregamento nestas transições são absurdamente rápidas.
No início do jogo são poucos os personagens disponíveis, mas com o tempo e missões novos convidados vão surgindo na equipe até que finalmente se juntam à ela, ficando disponíveis no quadro de membros para serem recrutados. Também é possível escolher qual personagem ficará em uso no campo, como seu avatar principal, podendo alternar facilmente entre os membros com o ZR e ZL.
Os gráficos infelizmente ficam devendo um pouco, apresentando algo bastante inferior aos jogos da geração atual que já conhecemos, como os próprios jogos da série Naruto Ultimate Ninja Storm, o que me lembra modelos 3D da geração PS3 e Xbox 360 ou até mesmo antes. Além disso, quedas de performance nos quadros por segundo são vistos em vários cenários, beirando os 20 fps nítidos na sua cara. Porém, as músicas são bem divertidas e encaixam perfeitamente em todos os ambientes do jogo, assim como a atuação (exclusivamente em japonês) que marcam a alta qualidade da dublagem da terra do sol nascente.
Atualização: recentemente a atualização 1.0.2 foi lançada para Fairy Tail de Nintendo Switch, trazendo o modo foto para posicionar personagens nas mais diversas poses e criar uma imagem personalizada do momento. Porém, o recurso conta com vários bugs, como o desaparecimento do personagem da cena caso o zoom esteja próximo demais, ou então caso você queira deixar o modelo 3D muito alto no eixo Y (vertical). Para piorar, o resultado final ainda sai com a márca d’água da Koei sobre a captura de tela, e isso acontece em todas as imagens e vídeos feitos durante o jogo.
É bom, mas podia ter sido mais
No fim das contas, o jogo oficial de Fairy Tail sem um subtítulo é uma obra feita para fãs, e mais especificamente os fãs que já terminaram de ver o anime. Como um videogame ele diverte, acerta em vários pontos e se mostra superior a muitos JRPG da atualidade. Várias das mecânicas apresentadas por aqui são interessantes, e é um ponto a se elogiar o fato de não terem inserido batalha aleatórias. Porém, o jogo em si se baseia muito em missões bem parecidas e genéricas, que se resumem em batalhas com um número contado de inimigos para derrotar e limpar uma área, ou então conversar com pessoas aleatórias que pedem um certo número de itens para entregar uma Lacrima em troca.
Fora isso, temos momentos diferenciados enfrentando chefes entre um evento e outro e níveis mínimos dos personagens para prosseguir na história. Fairy Tail é um bom jogo, mas podia ter sido bem melhor se tivesse deixado de lado algumas decisões de game design de duas gerações atrás que acabaram gerando uma repetição excessiva e um resultado mediano.
Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Samuel Leão