Iniciar sua vida em uma nova e pacata cidade após terminar uma faculdade de medicina, não deve ser fácil, certo? Em Fall of Porcupine acompanhamos a vida de Finley, um médico novato recém-formado que consegue seu primeiro emprego no Hospital St. Ursula. Apesar de parecer tudo certo nos primeiros dias, Finley nota que grandes segredos rondam Porcupine e o hospital em que trabalha.
Desenvolvimento: Critical Rabbit
Distribuição: Assemble Entertainment GmbH
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataformas: PC, Xbox One, Xbox Series X/S, PS4, PS5, Switch
Duração: Sem registros
Os três grandes protagonistas
Um dos primeiros destaques ao iniciar a gameplay certamente é a pequena cidade de Porcupine. Com uma bela paisagem outonal, a cidade brilha. Áreas residenciais, florestas, parques, a arquitetura alemã: tudo é muito bem trabalhado sobre um lindo estilo artístico que lembra outro jogo indie bem conhecido: Night in the Woods. Apesar de linda, Porcupine guarda mistérios bem suspeitos entre seus diversos habitantes animalescos, e cabe ao nosso protagonista, Finley, descobri-los.
Falando em Finley, vamos conhecê-lo melhor: o pequeno pombo é um recém-formado em medicina que começou recentemente sua residência no Hospital St. Ursula. Finley irá confrontar na sua jornada problemas comuns da vida adulta: a adaptação a uma nova cidade, o desconhecido do primeiro emprego, a dificuldade para gerenciar sua vida pessoal junto com o trabalho e, por fim, as diversas emoções que podem surgir sendo um médico.
Por fim, nosso terceiro protagonista se chama Hospital St. Ursula. Sendo o único presente na pequena Porcupine, o local é repleto de mistérios e suspeitas que vão se desenrolando durante a história, sendo o principal motivo de tudo no jogo acontecer. Cabe a você e seu grupo de amigos e funcionários desvendarem o que acontece no background do hospital.
Seja um médico perfeito (ou não)
A gameplay de Fall of Porcupine é simples: ande para os lados, interaja com algumas pessoas e cumpra seu papel. A história do game progride através das conversas efetuadas e dos mini games jogados. Apesar de haver algumas possibilidades diferentes de diálogo – que podem trazer novas conquistas -, tudo te leva para o mesmo caminho, sendo uma experiência bem linear.
As conversas com os habitantes de Porcupine são, no geral, agradáveis. Comerciantes, pescadores, pacientes do hospital, velhos habitantes da cidade, alguns rabugentos não muito confiáveis, todos têm algo interessante para te contar, possibilitando conhecer mais da cidade. O game faz questão de tornar todos os personagens não apenas NPCs comuns, mas pessoas importantes, deixando a cidade muito mais viva e interessante.
As comuns tarefas de um médico como prescrever medicação e aplicar injeção são feitas através de simples mini games que, apesar de fáceis, podem ser irritantes. Cada tarefa gera uma nota naquele velho padrão de letras (C ao A). Porém, algumas das tarefas são mal explicadas. Aplicar injeção, por exemplo, é algo que tive dificuldades até o fim do jogo pela falta de informação, e tirei nota B na maioria das vezes. Vale lembrar que as notas não influenciam na gameplay, sendo mais uma questão de perfeccionismo.
Crítica social presente
Como citado em sua sinopse oficial, Fall of Porcupine é uma reflexão sobre um sistema de saúde insalubre. A responsabilidade de trabalhar como médico, insanas jornadas de trabalho, fortes emoções com a morte de pacientes, falta de infraestrutura dos hospitais, e diversos outros assuntos menores são abordados durante a gameplay, seja de forma direta ou indireta, sendo uma crítica social bem elaborada.
Apesar da justa análise sobre o sistema de saúde, o jogo dá uma escorregada na reta final. O desfecho é totalmente acelerado, com muitas coisas acontecendo literalmente na última hora de gameplay, e quando tudo por fim acaba, você fica com uma sensação de que pouco aproveitou o final. Algumas horas a mais de gameplay caíram muito bem, dando possibilidade para desenvolver ainda mais as críticas e o mistério que ronda o Hospital St. Ursula.
Pequenos probleminhas de sempre
Fall of Porcupine apresenta uma experiência incrível, mas, como qualquer jogo, não está livre de bugs. A aconchegante trilha sonora hora ou outra é sobreposta pelos efeitos sonoros absurdamente altos. Em alguns momentos também notamos resquícios da versão de PC, como um cursor na tela e ícones de teclado. Um dos minigames ficou complicado de jogar, visto que o game não reconhece o pressionar do botão RT no Xbox.
Também há dois problemas que estão atrelados a atual geração de consoles, sendo um deles específico do Xbox. Os loadings entre cenários são um pouco altos, considerando o poder dos consoles poderiam ter otimizado melhor essa questão. Por fim, tentei algumas vezes durante a jogatina, mas não consegui manter o jogo no Quick Resume do Xbox – opção que funciona como um save state, voltando ao game de onde parou. Uma pena, pois amo essa função.
Uma aconchegante experiência com críticas válidas
Sem dúvidas, Fall of Porcupine é um ótimo cozy game – termo que surgiu recentemente e traduz como “jogo aconchegante” -, mesmo com seus momentos dramáticos. Suas críticas sociais são válidas, seus personagens bem elaborados e a pequena cidade de Porcupine é um show à parte. Mesmo com pequenos problemas, o game oferece uma experiência sólida. Se busca algo para relaxar, venha desvendar os mistérios que rondam a pacata cidade e seu hospital.
Cópia de Xbox Series X/S cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong
Fall of Porcupine
Prós
- Arte agradável e aconchegante
- Cidade bem construída, sendo tão importante quanto o protagonista
- Personagens bem elaborados
- Crítica social interessante e pouco comentada
Contras
- Pequenos problemas nos mini games que vão atrapalhar tanto os perfeccionistas quanto os desatentos
- Desfecho acelerado, reta final poderia ser mais longa