Fatal Frame: Maiden of Black Water Capa

Review Fatal Frame: Maiden of Black Water (Switch) – Fotografia de fantasmas na floresta

Fatal Frame é uma série que acompanho apaixonadamente desde a era PS2. Tive contato com ela muito novo, com cerca de apenas 12 anos de idade, e fiquei impressionado com a qualidade do jogo na época, principalmente por conta de suas mecânicas diferenciadas. Sempre fui bastante fã do gênero terror no mundo dos games, e já tinha experienciado várias figurinhas carimbadas como Resident Evil, Silent Hill, Rule of Rose, etc. Porém, Fatal Frame era único, e trazia o melhor do terror psicológico japonês em um título com a premissa de utilizar uma câmera fotográfica para combater assombrações.

Tendo jogado Fatal Frame: Maiden of Black Water no Wii U, fico muito feliz de ver o retorno deste jogo às plataformas mais recentes. Apesar de ser o quinto jogo da série toda, Fatal Frame: Maiden of Black Water não possui um número em seu título, e isso muito provavelmente se deve ao fato de que os consumidores não sentiriam que perderam quatros jogos antes desse.

Desenvolvimento: Koei Tecmo
Distribuição: Koei Tecmo
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Terror, Aventura, Ação
Classificação: 18 anos
Português: Não
Plataformas: PC, Xbox One, PS4, Switch
Duração: 14.5 horas (campanha)/22.5 horas (100%)

De volta às fotos

Yuri
Yuri Kozukata

Em Fatal Frame: Maiden of Black Water começamos em Hikami Mountain, um local fictício e famoso neste mundo por causa de suicídios ocorridos no passado e espíritos se conectando a corpos de água. No passado, neste lugar havia donzelas de santuários (as Shrine Maidens) dali, as quais tinha um trabalho de guiar pessoas para mortes pacíficas e “tranquilas” através de suas habilidades mentais de controle de emoções.

Essas Shrine Maidens começaram, então, a se tornar pessoas muito emotivas e incapazes de utilizar suas habilidades, sendo sacrificadas como Eternal Flowers então para manter a Black Water na superfície.

O escritor e seu assistente
Ren Hojo e seu assistente

A história é causada por Ose Kurosawa, que no passado teve uma experiência de quase morte que lhe concedeu seis habilidades distintas. Com isso, ela se tornou uma Shrine Maiden e foi escolhida como uma Eternal Flower a ser sacrificada. Perto do seu ritual de sacrifício, sua foto foi tirada por Kunihiko Asou, criador da Camera Obscura, o qual se apaixonou pela moça. Com esses sentimentos à flor da pele, o ritual termina falhando, liberando a Black Water de uma vez por todas, o que acaba corrompendo a alma de Ose, a transformando em um espírito maligno junto com todos os fantasmas da montanha Hikami .

Dos três personagens jogáveis, incorporamos primeiro Yuri Kozukata, uma garota com a habilidade de trazer pessoas do submundo para o mundo real e tem ascendência da Shrine Maidens. O segundo é Ren Hojo, um escritor amigo de Yuzi que conta com um rapaz assistente pessoal, e ambos vão para a montanha Hikami para obter conteúdo para um novo livro autoral. A última é Miu Hinasaki, filha de Miku Hinasaki, protagonista do primeiríssimo Fatal Frame. A história dos três acaba se cruzando no decorrer do jogo, ao ponto de que um acaba precisando descobrir o paradeiro do outro e o que houve.

O combate fotográfico

Enquadramento fatal
Enquadramento fatal

De longe, a Camera Obscura (arma do jogo) é a estrela de Fatal Frame: Maiden of Black Water, assim como tem sido em toda a franquia. No quinto game, as mecânicas apresentadas contemplam modificações para a câmera através de lentes encaixáveis, as quais podem trazer efeitos diversos, como a possibilidade de cura para a personagem cada vez que acertamos um fantasma ou então muitos cliques seguidos com o obturador.

Além disso, também há vários tipos de filmes a serem utilizados na Camera Obscura, cada qual com uma potência diferente para causar danos mais elevados aos inimigos. Porém, a consequência é que um filme muito eficaz em dano pode ser lento para ser recarregado depois de um disparo. Fora que as “munições” melhores também são consumíveis, nos obrigando muitas vezes a apelar ao filme básico com dano baixíssimo utilização infinita.

A Maiden of Black Water
Maiden of Black Water

O combate, em si, também é um diferencial espetacular da série. Diferentemente do Wii U, que exigia o uso das duas telas (TV e gamepad), aqui utilizamos apenas a TV ou a tela do Switch, em conjunto com o Joy-Con com a opção de uso do sensor de movimento. Jogar no modo portátil traz uma sensação bem parecida como quando eu jogava no gamepad do Wii U, e optei mais por esse modo já que não existe uma forma de restaurar a mira da câmera ao centro da tela com o apertar de um botão.

Para abatermos os fantasmas inimigos, precisamos mirar a câmera neles, então alguns pontos de interação surgirão em certas partes de seu corpo. Uma vez clicada a foto em um desses pontos, mais alguns pontos aparecerão para serem atingidos. Colocado vários deles dentro da visão da câmera faz com que todos fiquem na cor vermelha, simbolizando uma taxa de dano altíssima no fantasma. E o ciclo se repete, enquanto nos esquivamos do inimigo e clicamos seus pontos com nossa arma sobrenatural e fatal.

Elementos secundários

Fotografia espontânea resulta em pontos extras
Fotografia espontânea resulta em pontos extras

Não apenas de eliminação de fantasmas vive a Camera Obscura, mas também de fotos pontuais de fantasmas que aparecem apenas por alguns segundos. Nestes momentos, é preciso sacar rapidamente a câmera e clicar a foto do ser sobrenatural em sua frente, já que ele desaparece instantes depois. Essa mecânica rende pontos para serem gastos depois em itens antes do início de um capítulo.

Sendo uma mecânica crucial para o avanço no enredo, temos também as Physical Photos, as quais são tidas clicando objetos físicos no cenário, os quais são identificados através do sensor de presença da Camera Obscura. Essas fotos revelam um ponto específico do mapa, no qual precisamos ir depois de fotografar o objeto a fim de reproduzir a exata mesma cena. O problema é que não é possível ver a foto novamente depois de clicada (mostrando a cena de objetivo, quero dizer). Se existe uma forma de fazer isso, confesso que não consegui encontrar de maneira alguma.

Photo mode
O modo foto é um extra bacana

Após a eliminação de um fantasma, também podemos tocar em sua forma astral que vai se desintegrando e dura apenas alguns segundos. Isso nos permite ter acesso às suas memórias, vendo o que se passou na vida daquela figura quando era viva. Apesar de serem apenas cutscenes a recompensa, é bem interessante e instigante saber a história de fundo daquela pessoa quando estava entre nós.

Como novidade, agora também recebemos um modo foto bem bacana para realizar vários tipos de montagens e compartilhar em redes sociais, algo que provavelmente muita gente faz atualmente. Pressionando uma combinação de L + Y habilitamos o Photo Mode, em que navegamos entre menus e podemos adicionar elementos na cena como as personagens principais e secundárias, além de fantasmas já conhecidos e eliminados durante o game. Filtros visuais e mudanças de poses também estão disponíveis nesse modo.

A parte mais fraca e, ainda assim, divertida

Cenários repetitivos de floresta
Ninguém aguenta mais essa floresta

A exploração é a maior dor de Fatal Frame: Maiden of Black Water, eu diria. A movimentação dos personagens é bem travada, e isso se dá ao fato de que a câmera não acompanha o modelo 3D. Ao contrário de outros títulos que, mesmo possuindo câmera acima dos ombros e atrás do personagem, utilizam controles mais voltados para jogabilidade de ação (tal como fez Resident Evil 4, anos atrás), Fatal Frame: Maiden of Black Water insiste em colocar o analógico esquerdo para controlar a movimentação completa e a câmera de maneira indireta.

Para virar à esquerda ou direita, é preciso utilizar o próprio analógico esquerdo em todo o tempo. É possível sim andar de maneira lateral, porém, apenas segurando um outro botão em conjunto com o movimento. Mas isso também não corrige as coisas, já que o analógico direito apenas mexe a visão da câmera para vermos o que está ao redor, mas não a direção para a qual o personagem vai andar.

Exploração concede mais inimigos
Prepare-se para lutar contra os controles durante a exploração

Outro ponto fraco são os cenários. Existe sim alguma variação entre casarões e construções abandonadas na montanha e até mesmo uma pousada com dois andares e vários quartos. Mesmo assim, em comparação à Fatal Frame IV, por exemplo, Fatal Frame: Maiden of Black Water deixa muito a desejar por usar e abusar da floresta. O resultado é uma repetição de cenários na maior parte do tempo, com árvores e mais árvores por todos os cantos. Curiosamente, isso contribuiu para que o clima de terror não tivesse tanto efeito em mim como nos títulos anteriores da saga.

Por fim, o salvamento do progresso acontece apenas em pontos específicos, e às vezes é possível passar cerca de 15 ou 20 minutos desde o último save. Isso estraga um pouco as coisas, já que o salvamento manual é algo que não existe desculpa para não existir em títulos modernos.

Glorioso retorno às plataformas atuais

Fatal Frame: Maiden of Black Water é um jogo incrível e divertido, apesar de ser um tanto quanto fraco no quesito “assustador” em comparação aos outros da série. Mesmo assim, as mecânicas de combate e de fotografias secundárias com a Camera Obscura carregam facilmente toda a qualidade vista no quinto título da franquia. A história também é interessante e te deixará bastante curioso para saber até onde as coisas irão escalar.

Alguns pormenores irritam um pouco, como a movimentação dos personagens funcionar um tanto quanto mal, além das Physical Photos não permitirem acessar novamente à cena da qual precisamos clicar uma foto. Mesmo assim, a jogabilidade compensa todos os problemas menos espalhafatosos, através das magníficas mecânicas da Camera Obscura que somente Fatal Frame sabe como fazer. A boa notícia é que agora o produtor tem a intenção de remasterizar os outros games da série, o que não podia ser mais empolgante. Definitivamente, Fatal Frame merece a atenção de todos os fãs de títulos de terror em videogames.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Fatal Frame: Maiden of Black Water

7.5

Nota final

7.5/10

Prós

  • Camera Obscura ainda é incrível
  • Combate é divertido e variado por conta dos filmes
  • Exploração concede itens úteis
  • Cenas intrigantes e macabras

Contras

  • Cenários repetitivos em excesso
  • Movimentação confusa e ultrapassada
  • Salvamento automático muito espaçado
  • Physical Photos não permitem visualizar o objetivo novamente