A primeira aposta da Nintendo para este ano é Fire Emblem Engage. A obra tem o objetivo de atrair novos jogadores e agradar os já antigos fãs da série.
O fato do jogo ser uma sequência de Fire Emblem Three Houses (que foi um grande sucesso) gerou polêmicas nos primeiros dias do produto no mercado, já que foi levantada a questão de que talvez o novo jogo não estaria à altura do antecessor de 2019. Será mesmo isso? Veremos agora nesta análise.
Desenvolvimento: Intelligent Systems
Distribuição: Nintendo
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG, Estratégia
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataformas: Switch
Duração: 37 horas (campanha)/65 horas (100%)
O continente de Elyos
FE Engage conta a história de uma guerra contra o terrível dragão das trevas. Quatro reinos trabalharam juntos com heróis de outros mundos (os emblemas de outros jogos) para selar este grande mal. Mil anos depois, o mal inominável está para despertar. Nosso personagem, o dragão divino, deve cumprir a tarefa aventuresca de coletar 12 anéis de emblema e trazer a paz de volta ao continente de Elyos.
O jogo segue uma narrativa linear, que não é preguiçosa, mas que também não é nenhum primor da escrita. A história tem seus momentos que podem surpreender alguns, e não é um completo “lixo raso” quanto muitos pintaram.
Os personagens secundários tem sim personalidade! Não todos, apesar disso – alguns são realmente só rostinhos bonitos que lutam. A maioria tem, além de um character design bem feito e elaborado, uma boa construção dentro da narrativa. Como eles não têm cada um 3 horas de cutscenes de história secundária, logo foram acusados de serem “rasos como um pirex”. Apesar de ser verdade que, se comparado aos de Three Houses, eles são sim mais simples, não significa que não nos apeguemos a eles. O próprio jogo funciona de um modo que os personagens se tornam importantes para nós, dentro e fora do campo de batalha.
A marcha do dragão divino
Engage foca bastante em seu sistema de combate, que é maravilhoso. O sistema meio jokenpô (weapons triangle) voltou nesta obra para dar uma complexidade a mais. Além do jogo estar lindo e colorido, trouxe várias melhorias de durabilidade de vida e fator replay, tais como a velocidade do combate que está mais agradável. A parte técnica não engasga tanto, e o fato de podermos sempre ver o alcance das armas de nossos heróis ajuda muito. Sem contar nas habilidades, itens e armas, que vieram melhorados e mais simples de serem utilizados.
O jogo pode ser aproveitado na modalidade normal, difícil e enlouquecedora. Todos esses níveis de dificuldade podem se tornar mais ou menos desafiadores se escolhermos a jogatina casual ou clássica. Na casual, os nossos aliados que morrem, apenas não ganham XP do fim da luta, mas estarão aptos para a próxima peleja. Já no modo clássico (o melhor, na minha opinião), os personagens que morrem durante missões da história, side quests e escaramuças não voltam da morte. Ao meu ver, esse feature dá um drama a mais no jogo.
Os senhores dos anéis
O game dá uma variedade enorme de anéis como os Bond Rings (anéis de vínculo) que são os mais simples. São anéis que nos vinculam com personagens dos jogos passados nos dando aumentos em status como habilidade, força, magia e etc. Esses emblemas são conseguidos na sorte, trocados por “laços”. Os anéis de vínculo podem ser fundidos e melhorados até o nível S, dando mais vantagens.
O brilho mesmo está nos anéis de emblemas, com estes nós invocamos os heróis dos outros mundos (personagens dos outros games) e podemos nos fundir com eles. Ao realizarmos a fusão com heróis tipo Marth, Byleth, Sigurd e Lucina, nossas unidades mudam de aparência: ganham uma armadura futurista branca meio estranha e tem a cor do cabelo mudado, mas a magia não é essa.
Com o sistema Engage, a fusão nos dá a possibilidade de usarmos todas as habilidades dos heróis do passado junta a dos nossos lutadores e isso prolonga a vida do game de um jeito que eu nem imaginava. A possibilidade de equipar esses emblemas em qualquer um dos nossos “bonequinhos” é única, e pode trazer vantagens e desvantagens que só descobriremos jogando. Quer colocar o guerreiro de machado Sigurd junto de uma unidade arqueira? Vai lá! Vai que dá certo e você curte a gameplay? As possibilidades são muitas. O marketing do jogo nos vendeu isso e nos trouxe exatamente isso.
Músicas, pesca e blá-blá-blá
Temos uma base de operações chamada Somniel, e lá podemos fazer várias coisas: cozinhar, comprar roupas e itens, voar num dragão, buscar mantimentos, malhar, entrar no coliseu e fazer mil e uma coisas que vários jogadores de FE amam e vários detestam. Não temos como fazer upgrades em Somniel como fazíamos no castelo de FE Fates, o que é uma pena. Contudo o lugar é lindo, muito bem feito e super útil.
O jogo todo é de um primor gráfico poucas vezes visto no Switch. Felizmente tive poucos momentos com quedas de frames e não presenciei travamentos. Em resumo, o jogo está bem polido. A trilha sonora cumpre bem seu papel.
Uma jóia polida
Fire Emblem Engage tem lá seus defeitos, pois alguns personagens sofrem de serem rasos e sem personalidade no design, a história não é tão cheia de nuances e background quanto em Three Houses, mas acho que esses são um dos poucos defeitos do game, que nem de longe atrapalha a aventura.
Engage dá um tropeço com seu sistema de classes meio confuso, mas brilha com os poderosos anéis. Talvez tenhamos o Fire Emblem com as batalhas mais intuitivas, bem ritmadas e bem feitas da franquia, sendo uma obra obrigatória para amantes de RPGs táticos e da própria licença da Nintendo. Estes por sua vez poderão se emocionar ao verem heróis do passado voltarem aos campos de batalha. Talvez Engage não faça você chorar por sua trama, mas definitivamente pode te deixar bem empolgado durante as lutas.
Revisão: Jason Ming Hong
Cópia de Xbox Series adquirida pelo autor