Com o tanto de jogos indies que são lançados a rodo, alguns gêneros vão ficando saturados, como os jogos de plataforma. Entretanto, ainda assim surgem títulos muito bons e que conseguem entregar uma ótima experiência. É exatamente este o caso de Flynn: Son of Crimson, que não se compromete em inovar nada, mas traz os elementos certos com uma competência bastante satisfatória.
Desenvolvimento: Studio Thunderhorse
Distribuição: Humble Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura, Plataforma
Classificação: Livre
Português: Não
Plataforma: PC, PS4, Switch, Xbox One
Duração: 6 horas (campanha)/8 horas (100%)
O despertar do herói carmim
Tudo estava tranquilo na ilha de Rosantica. O jovem Flynn descansava numa boa ao lado de sua companheira Dex, a loba protetora do local. Eis que uma força do mal, liderada pelo poderoso Zealock, surge e rouba os poderes da guardiã para tentar romper a barreira mágica que separa Rosantica do Scourge, uma dimensão sombria que faz surgir diversos monstros e quer dominar tudo que for possível.
Como sempre existe uma chama de esperança nessas horas, o pequeno garoto de cabelos vermelhos descobre que faz parte de uma linhagem de heróis que descendem da deusa que zela pelo local. Assim, com a benção dos poderes de Crimson, Flynn parte para salvar a ilha e combater esta perigosa ameaça antes que ela tome tudo ao redor.
A premissa pode ser até meio clichê, mas consegue justificar de maneira bastante satisfatória as interações do protagonista pelas diversas fases apresentadas, seja nas suas lutas contra os chefes, seja na aquisição de novos poderes.
Uma jornada interessante
Ao longo da aventura de Flynn, ele precisa cruzar diversos níveis que contam com criaturas para serem exterminadas, obstáculos e quebra-cabeças. Inclusive, o revezamento entre estes elementos, aliados aos diferentes layouts oferecidos, criam uma variedade de desafios na medida certa. Alguns deles até podem ter mais de um caminho, que levam a múltiplas saídas. O único ponto contra é que alguns estágios são longos demais, o que algumas vezes pode se tornar cansativo, principalmente em caso deles precisarem ser revisitados por causa de algum segredo que passou batido.
Para ajudar nesta jornada, o nosso herói conta com armas, como uma espada, um machado e garras; e magias, como disparos simples de energia, rajadas congelantes, incendiárias e elétricas. Cada uma tem seu uso distinto e será exigido o uso delas para que o estágio seja superado, o que é muito bom para o jogador dominar todas as possibilidades que estão ao seu dispor.
Da metade para o final da aventura, é possível contar com a ajuda de Dex para cruzar por trechos específicos. Assim que recuperamos parte da energia dela, é possível chamá-la em totens de invocação, mas este recurso é pouquíssimo utilizado, praticamente em momentos muito pontuais. Não seria de todo um mal poder usá-la livremente, para poder atravessar algumas fases mais rapidamente.
Além disso, Flynn aprende uma série de habilidades que incrementam os tipos de movimentos que podem ser utilizados durante a batalha. São ataques aéreos, carregados, giratórios e acréscimos de hits nos combos. Também é possível maximizar seu dano, seus pontos de vida e a quantidade de energia recuperada ao se curar. Tudo isso pode ser aprimorado sem um grinding muito agressivo.
Tudo isso é complementado com uma jogabilidade dinâmica e totalmente responsiva. Isso é vital para esse tipo de jogo, o qual exige reflexos rápidos e atenção afiada no momento exato, com toda a ação que acontece ao redor.
Dito isso, vale ressaltar também a batalha contra os chefes, que exigem uma combinação bastante hábil para serem superadas. Elas estão longe de serem muito complicadas, mas também tem uma proposta de superação na medida certa e são as ocasiões mais indicadas para utilizar suas habilidades de combate aprimoradas, já que elas não são tão vitais assim para os estágios comuns.
É possível escolher entre três níveis de dificuldade diferentes: fácil, médio e difícil. Se ainda assim o jogador sentir que não está apto para tudo isso, é possível desligar o dano recebido, tornando o personagem invencível.
Inovando com nostalgia
Se Flynn: Son of Crimson oferece uma boa experiência como uma aventura e plataforma, ele também não deixa a desejar nos quesitos visuais e sonoros. Apostando em uma identidade baseada no pixel art clássico dos 16-bits, que esteve em voga com Mega Drive e Super Nintendo nos anos 1990, o jogo tem cores vibrantes que combinam muito com o estilo da jogabilidade.
As áreas têm sua identidade muito bem definida, combinando elementos comuns a todos os locais e outros específicos para cada região, que variam entre vilarejos, montanhas nevadas e ambientes subaquáticos. Os inimigos também tem identificações ambientais bem claras e definidas, não criando confusão mesmo com um grande número deles presentes ao mesmo tempo.
As músicas também cumprem muito bem seu papel, agindo como pano de fundo para os momentos de calmaria e de ação. Cada trilha se encaixa perfeitamente, sem se tornar repetitiva e maçante.
Divertido na medida certa
Existe uma tonelada de platformers com visual retrô, mas Flynn: Son of Crimson é um tiro certeiro na união de elementos-chave para o gênero com uma mecânica totalmente atual, como o aprimoramento de habilidades e variedade de armas, que são necessárias para situações específicas.
Tudo isso, aliado a sua ótima execução, faz dele um título recomendado para quem quer um jogo bom, bonito e muito interessante. Flynn: Son of Crimson é altamente indicado para os fãs do gênero.
Cópia de PS4 cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong
Flynn: Son of Crimson
Prós
- Ótimo level design
- Desafio na medida certa
- Grande número de habilidades
- Visuais e trilha sonora se complementam perfeitamente
Contras
- Alguns estágios são muito longos
- A ajuda de Dex poderia ser utilizada em mais momentos
