Capa.

Review DC Super Hero Girls: Teen Power (Switch) – Uma experiência podada e simplória

Criada pela animadora Lauren Fast e tendo estreado na Cartoon Network, em 2019, DC Super Hero Girls buscou esvaziar a falsa associação do universo dos super-heróis ao mundo masculino. A série narra as desventuras de seis famosas super-heroínas da DC (Mulher-Maravilha, Supergirl, Batgirl, Lanterna Verde, Bumblebee e Zatanna) – retratadas como adolescentes colegiais – em uma história leve e bem humorada. O rejuvenescimento das personagens fazem da animação atrativa a um público mais jovem e permite explorar algumas dinâmicas pouco vistas nos quadrinhos. Lançado no último dia 04 de junho, para o Nintendo Switch, DC Super Hero Girls: Teen Power traz justamente esse universo para o mundo dos games

Desenvolvimento: Toybox
Distribuição: Nintendo
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação
Classificação: 10 anos
Português: Não
Plataformas: Switch
Duração: Sem registros

Defendendo Metrópoles

Salve Metrópoles!

O título de ação e aventura, para o bem ou para mal, lembra bastante os Beat ‘em up modernos da quinta e sexta geração de consoles. O mundo é semi-aberto e as batalhas se dão através de missões primárias e secundárias que vamos habilitando conforme exploramos os cenários. Toda a história se passa numa recriação modesta de Metrópoles. Existem apenas três áreas para explorar: Metropolis High School, Hob’s Bay e Old City. Podemos até acrescentar uma quarta área se levarmos em consideração o subterrâneo de Old City, mas é tudo muito contido.

No jogo, Metrópoles é atacada por Demobots, robôs da LexCorp que supostamente foram hackeados e destruíram parte da cidade. Em meio à reconstrução iniciada no grande centro, brinquedos malvados passam a atacar e assombrar os moradores. Cabe às jovens heroínas defender a cidade e investigar a origem de ambos os ataques. No processo, elas acabam somando forças com algumas vilãs do universo DC, formando alianças que, apesar de improváveis, são extremamente divertidas.

Cenários de um jogo do primeiro PlayStation

O visual cartoon das personagens é legal, mas os cenários não são caprichados.

O visual das personagens é bem fiel ao visto na animação da Cartoon. O design da Mulher Maravilha, Supergirl, Batgirl e companhia é bonito e as expressões faciais são bem legais. Temos ainda a possibilidade de realizar algumas customizações, comprando roupas e trajes para personalizar as jovens, seja com uma camisa descolada ou uma calça da moda. Porém, Infelizmente não percebemos o mesmo capricho com os cenários. 

As portas e janelas que adornam os prédios, por exemplo, possuem texturas com uma resolução tão baixa que parecem compor o cenário de um game do primeiro PlayStation. Os edifícios e lojas, na verdade, só “enfeitam” o cenário, na medida em que não há a possibilidade de interagir com eles. Quer comprar uma roupinha? A vendedora fica em frente da loja para te atender!

Por apresentar áreas de exploração tão pouco variadas e pequenas, a falta de capricho com a cidade é gritante. As ruas são vazias, os carros parecem caixas de sapatos com rodas e circulam com uma programação robotizada e pouca orgânica. A mesma falta de capricho com os cenários, a gente percebe nas músicas do game. Não que as composições sejam ruins, mas simplesmente não há variedade.

Propostas de gameplay diversa

As batalhas acontecem numa espécie de arena. Ao final ganhamos prêmios.

Conforme vamos avançando, mais personagens vão compondo nosso panteão, sejam heroínas ou vilãs. A história é desenvolvida por capítulos e se arrasta mais do que deveria para engrenar, seja por conta do tutorial ou por causa dos longos diálogos. Só passamos a ter um total controle do que o jogo pode oferecer lá pelo terceiro ou quarto capítulo. 

As batalhas contra os brinquedos de Toyman e os Demobots malvados, apesar de não serem muito inspiradas, divertem. Além dos combos, cada personagem possui dois movimentos especiais e um super ataque que podem ser desbloqueados. A Supergirl, por exemplo, destrói tudo com sua visão de calor, Harley Quinn usa a pistola Pop Roulette e por aí vai. Há, na verdade, uma espécie de árvore de habilidades que nos permite melhorar os atributos das heroínas e vilãs, desde a barra de energia até a eficácia dos golpes simples. 

Durante a reconstrução dos prédios destruídos, é iniciada uma espécie de Tower Defense. Aqui, temos que impedir Demobots e os brinquedos de Toyman de atrapalharem na reconstrução dentro de um tempo pré-determinado.

Os elementos de investigação se adequaram à realidade dos jovens tik tokers dos dias de hoje. Então, as fotografias tiradas, postagens nas redes sociais e o engajamento adquirido, ajudam solucionar mistérios, desbloquear itens cosméticos e resolver missões secundárias. Estas últimas ajudam a ampliar a jogatina, permitindo levantar fundos para melhorar nossos atributos (gemas verdes) e comprar novas roupinhas e acessórios (moedas).

Monte uma equipe e lute sozinho

Monte uma equipe e lute sozinho.

No início do texto atentei para a experiência bem próxima dos jogos do gênero da quinta e sexta geração dos consoles. Isso quer dizer que, alguns dos problemas vistos na época, a gente volta a ver aqui. Os controles são bem simples e cada personagem possui habilidades específicas que são bem legais de explorar. Mas, não temos muita precisão nos comandos. É comum o comando de pulo falhar, por exemplo. E voar com a Supergirl mais nos estressa do que nos diverte. 

Os golpes desferidos contra os inimigos não passam a sensação de impacto. Senti falta de um design de som mais apurado toda vez que golpeamos um adversário. Ao invés disso, temos onomatopéias ao estilo do seriado do Batman de Adam West. Outro componente que contribui para essa sensação é a subutilização do HD Rumble dos controles do Switch. Durante as batalhas podemos travar a mira no inimigo, mas aí entra outro problema: as câmeras. Por mais que estejamos com a mira travada a câmera se movimenta de uma maneira estranha e não raro perdemos nosso alvo de vista. 

Desde o início da campanha nos é passado a importância de montarmos uma super equipe para termos êxito em salvar Metrópoles dos vilões. Nesse sentido, o jogo padece de um mal imperdoável: não existe opção de um cooperativo local ou online. Ou seja, monte sua equipe e lute sozinho. Durante as batalhas nossa party sempre é composta por três personagens, sejam heroínas ou vilãs. Uma delas a gente controla e as demais ficam a cargo do computador. E, olha, a IA do jogo, pra dizer o mínimo, é irritante! Elas, simplesmente, não agregam nada à batalha e pouco fazem para somar forças contra os inimigos. 

Um jogo com mais pontos negativos do que positivos

DC Super Hero Girls: Teen Power, apesar de ter lá seu charme – afinal de contas é muito legal poder encarnar as heroínas e vilãs da DC -, é um jogo com mais pontos negativos do que positivos. Ele é arrastado, repetitivo, mal polido, com controles truncados e não possui qualquer tipo de cooperativo. A cereja do bolo é a ausência de localização para o nosso idioma, mas isso não chega nem a ser mais novidade, não é verdade? O game não faz juz à beleza na ideia de empoderamento feminino que a animação da Cartoon Network carrega e entrega uma experiência podada e simplória. Um conselho? Assistam a animação. Bem melhor!

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

DC Super Hero Girls: Teen Power

5

Nota final

5.0/10

Prós

  • Visual fiel das personagens
  • Customização
  • Controlar as heroínas e vilãs da DC
  • Variedade de golpes

Contras

  • Cenários sem capricho
  • Controles truncados
  • Sem multiplayer local ou online
  • Sem localização PT-BR