Lançado pela primeira vez nos Arcades em 1985 sob o nome de Makaimura, Ghost ‘n Goblins era, já naquela época, uma celebração à dificuldade, um game de plataforma feito escancaradamente para ser difícil. Se passando num mundo cartunesco e assombrado por zumbis e outros tipos de seres das trevas, acompanhamos o bravo cavaleiro Arthur se lançando numa busca cheia de percalços com objetivo de salvar sua princesa.
Festejando 35 anos da franquia, a Capcom traz de volta os desafios de Arthur, com Ghost ‘n Goblins Resurrection em uma nova roupagem para 2021 que apesar de mais justa, doce e mais fácil que a obra original, o jogo continua extremamente desafiante e enfurecedor.
Desenvolvimento: Capcom
Distribuição: Capcom
Jogadores: 1-2 (local)
Gênero: Ação, Plataforma
Classificação: 12 Anos
Português: Não
Plataforma: PC, PS4, Switch, Xbox One
Duração: 6 horas (campanha)/7 horas (100%)
Uma releitura com alma
Numa época onde muitos jogos são esnobados por “pegarem a mão” do jogador ou serem estupidamente fáceis, o remake de aniversário de Ghost ‘n Goblins nos lembra como eram duros os games dos anos 80. Tokuro Fujiwara, que também dirigiu o título original, fez questão de fazer essa releitura com muito esmero, e não tirou o pé do acelerador, deixando a experiência impiedosa mesmo aos novos jogadores, tal qual na versão de 1985.
Ghost ‘n Goblins Resurrection exige uma precisão absurda, pois tudo acontece muito rápido em suas fases. Qualquer toque que nosso cavaleiro Arthur sofra pode ser fatal, mesmo nas dificuldades mais baixas. Intensidade e inimigos que aparecem sem parar ditam o ritmo da gameplay, que se baseia em matar hordas de mortos vivos e seres tenebrosos arremessando rajadas de golpes de lanças, ou outras armas e feitiços que encontramos pelo caminho.
Em diversos momentos, querer ser corajoso, se precipitar e ir para cima dos oponentes é certeza de uma derrota vergonhosa. Mesmo aqueles que vão cuidadosamente precisam de reflexos de um gato para se safar de certas situações, até se habituarem com o modo como Arthur se movimenta. Decorar o padrão dos inimigos leva um tempo e, nesse processo de aprendizagem, a chance de frustração com a dificuldade do título é bem grande.
Para os jogadores acostumados a experiências mais casuais, Ghost ‘n Goblins Resurrection pode parecer tão desalmado e sem piedade quanto os mortos-vivos que enfrentamos no remake.
Um pouco menos amargo
Temos aqui uma fidelidade grandíssima com a obra original, porém, os desenvolvedores tinham consciência de que o público atual não é o mesmo de antigamente. Assim, para deixar Ghost ‘n Goblins Resurrection mais acessível às novas gerações de jogadores, foi preciso fazer pequenas adaptações e o jogo nos dá quatro opções de desafio. É possível escolher desde a dificuldade destinada aos masoquistas – chamada de Knight Mode – até a opção mais fácil – chamada Page Mode. Essa última tira bastante do game, seja em relação ao desafio ou a certas recompensas que só vemos nos modos mais difíceis.
O bom uso da RE Engine é algo fácil de notar durante a jogatina. Percebemos logo que no remake todas as coisas foram cuidadosamente feitas com intuito de criar um ambiente condizente com o que o que é proposto. Desde o novo design e estilo de arte até a trilha sonora, que é uma grande homenagem ao título de 1985, tudo foi feito com muito esmero e, nessa parte, o game é um acerto
Apesar de todos os pontos positivos já citados, a gameplay sofre em se ater demais à obra original, o que pode não ser um bom chamariz para novos jogadores. Arthur é travado, não anda nem golpeia com fluidez e é impossível fazer coisas que hoje em dia são triviais em obras do tipo. Um exemplo é correr e atirar. Em contrapartida, temos o modo cooperativo que deixa as coisas mais fáceis e torna o remake um pouco mais divertido.
A receita da dificuldade e do sucesso
Apesar do problema da jogabilidade travada, que não é apelativa para novos jogadores, aqueles que amam experiências desafiadoras estão mais do que servidos com Ghost ‘n Goblins Resurrection. Mesmo em 2021, o remake é um dos produtos mais difíceis que podemos encontrar no mercado nos últimos anos. Mais do que isso, é uma repaginada feita de maneira carinhosa, o que vemos em cada canto desta obra repleta de boas ideias bem executadas.
Mesmo assim, não podemos mentir e dizer que, mesmo com os modos mais fáceis, Ghost ‘n Goblins Ressurection é para todos. Aqui, temos claramente um jogo de nicho e, sendo sincero, vejo que ele surge como um verdadeiro rei (tal qual o Arthur das lendas que dá nome ao protagonista do título). Para fechar, pergunto aos gamers mais hardcore que adoram um bom desafio: por que não estão jogando Ghost ‘n Goblins Resurrection ainda? Ele, sem dúvidas, é obrigatório aos aficionados em experiências com boa dificuldade e bem feitas!
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong