Ghost of Tsushima capa

Review Ghost of Tsushima (PS4) – O Hagane do PS4?

Assim que comecei a jogar Ghost of Tsushima, pensei: mais um mundo aberto. Depois de tantos jogos do gênero nessa geração, mais um jogo para fazer as mesmas coisas, repetidas vezes, por 80 horas e sem finalizar (estou falando de você, Assassin’s Creed Odyssey).”Mais um HAGANE”, lembro de ter pensado após jogar duas horas e desligar o videogame ainda no dia do lançamento. Hagane foi o milionésimo plataforma da geração 16 bit, um plataforma de ninja com belos gráficos em uma geração ainda marcada pelos plataforminhas. 

Um amigo perguntou se valia a pena comprar o Fantasma do Sushi. “Espere mais um pouco, quando estiver em promoção, vale a pena”. Dois dias após o lançamento, tendo jogado dez horas do game, minha opinião já era outra. Compartilho com vocês a minha jornada de heroína.

Desenvolvedora: Sucker Punch
Distribuição: Sony Interactive Entertainment
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura
Classificação indicativa: 18 anos
Português: Dublagem, legendas e interface
Plataforma: PS4
Duração: 21h (campanha), 53h (100%)

Jin Sakai é o protagonista de Ghost of Tsushima.

O jogo sem spoilers

Enfrentar os invasores estrangeiros é divertido e o jogador tem uma variedade de recursos que aumenta ao longo do jogo. Libertei as três partes da ilha de Tsushima (Izuhara, Toyotama e Kamiagata), fiz todas as missões secundárias (Contos de Tsushima) e as missões de “caça ao tesouro”, chamadas de Contos Míticos. Os Contos Míticos por si só já valem o jogo: são lendas com elementos de exploração e de combate, além de terem um visual de encher os olhos.  

Apesar do fator diversão, há um desbalanço nos níveis de dificuldade. No início do jogo no modo normal, qualquer “bandidinho” em Izuhara conseguia despachar meu Jin Sakai para visitar os ancestrais. Mas tudo começa a ficar mais fácil conforme são desbloqueadas habilidades, armaduras, armas e upgrades. Fácil ao ponto de deixar de ser desafiador, em alguns momentos da campanha.

O game não é só combate: honrar santuários Xintoístas, descobrir itens cosméticos e seguir as raposinhas durante o jogo para achar santuários de Inari é algo que você fará repetidas vezes até enjoar para ter a chance de afagar a raposa ao final ganhar amuletos.

Apesar de ter bastante coisa para fazer, em nenhum momento o jogador é acuado com vários ícones no mapa de jogo… Parece, mas não é Assassin’s Creed. 

As raposas conduzem aos 49 santuários de Inari.

Quem quer ser um samurai?

Os controles de Jin Sakai são razoavelmente precisos… mas nem sempre. Algumas vezes o pulo em direção à uma escada acaba saindo em direção aos inimigos. Em outras, não há corpo a corpo possível quando Jin ou o inimigo não estão no mesmo plano; tem que estar na mesma plataforma – igualzinho Hagane

Esses maus momentos são compensados pelo controle do cavalo. Cavalgar em meio a um bambuzal ou à uma densa floresta sem o cavalo tropeçar e lançar Jin de cara ao chão é uma experiência que aprendi a apreciar e agradecer, após acumular tantas horas caindo de cavalos em Red Dead Redemption 2 e The Witcher 3. 

O jogo apresenta uma boa combinação de abordagens entre os momentos-samurai, que é quando Jin parte para desafiar os inimigos, e os momentos-ninja, de combate furtivo. Esses momentos de seguir NPCs sem ser detectado e os assassinatos na traição lembram muito os Assassin’s Creed da geração passada (X360/PS3), com gráficos obviamente mais bonitos. 

Sim, Assassin’s Creed é a comparação mais recorrente. E isso não é demérito, já que o jogo só aproveitou o que há de bom nos antigos AC.

Jin Sakai cavalga em direção a uma construção em chamas no Ghost of Tsushima

Mas e os gráficos?

O visual de Ghost of Tsushima não é apenas bonito. O cuidado quase cinematográfico ofusca eventuais falhas gráficas, como as (des)animações de Jin escalando rochas. Na tela, não há informações. Não há nada além de Jin, a paisagem e os NPCs. O modo foto traz muitas opções de personalização, tantas que já foram capturadas mais de 15 milhões de imagens pelos jogadores ao redor do mundo. Para dar ainda mais um clima de filme de samurai, há a opção Kurosawa que permite jogar em preto e branco, com som de filme antigo. É lindo para alguns duelos, mas impraticável para a exploração de um mundo cheio de cores e sons.

Os sons, inclusive, importam muito para o jogador se orientar nesse mundo. O canto do pássaro amarelo indica pontos de interesse próximos, o zumbido da libélula indica a existência de colecionáveis por perto e o vento substitui o mini-mapa, audível também pelo falante do controle Dualshock. Não senti falta de nenhum elemento na hud do jogo. A trilha sonora não é memorável, mas é adequada e combina com a ambientação do jogo, sem ser intrusiva.  

Ilha de Tsushima à noite em um santuário de Inari

Vai jogar de novo?

A campanha tem, diferentemente do reportado no HLTB, entre 40h e 60h – longa o suficiente para se pensar duas vezes antes de começar tudo de novo. É um bom jogo, apesar de ser repetitivo: coletar itens, melhorar equipamentos, infiltrar bases inimigas, combater inimigos. A falta de um modo NG+ (novo jogo “extra”, em que se mantém todos os itens coletados na primeira jornada) não incentiva a jogar novamente. A história também não é inspirada, dando para perceber os desdobramentos dela já no início da narrativa. Pois é, ao contrário dos cenários, Jin Sakai não é um personagem bem construído. 

No entanto, eu jogaria de novo. Não pela história principal, nem pelos NPC dos Contos de Tsushima, mas para combater os mongóis – estes sim, mais diversificados que os ilhéus de Tsushima.  

Duelo com um general mongol em Ghost of Tsushima

Enfim…

Bom combate, gráficos bonitos, trilha sonora adequada e sonorização bem feita. A dificuldade poderia ser mais balanceada, as animações poderiam ter sido melhor trabalhadas e a variação de modelos dos NPC também poderia ser maior. 

Games lançados em final de geração costumam se beneficiar do conhecimento acumulado pelos desenvolvedores ao longo da vida útil do console, como é o caso de Hagane, o plataforma futurista de ninja para SNES. Ghost of Tsushima não foge à essa tradição e essa é a única semelhança entre os dois jogos. Ghost of Tsushima é o último Triplo A exclusivo para PlayStation 4 – até um inevitável lançamento em PC, ao menos. É um mundo aberto que ocupa menos de 40GB no HD do videogame, virtualmente sem loadings. Vale a pena jogar se você gosta do gênero. 

O jogo é uma pequena amostra do que nos aguarda na próxima geração de consoles, mas torço para que as narrativas futuras sejam melhores. 

Esta review foi feita com uma cópia de PS4 adquirida pela autora.

Revisão: Jason Ming

Ghost of Tsushima

9

9.0/10

Prós

  • Combate
  • Visual
  • Modo Foto
  • Load rápido

Contras

  • História
  • Pode se tornar repetitivo