G.I. Joe: Operation Blackout Capa

Review G.I. Joe: Operation Blackout (Switch) – Fuja do genérico

Consigo me lembrar que o primeiro e único contato que tive com a série G.I. Joe foi há alguns anos através do filme de 2013, The Rise of the Cobra. De qualquer forma, não posso dizer que foi algo marcante, já que não lembro nem mesmo uma única cena daquilo que assisti. Porém, sei que existe uma grande importância em relação ao nome G.I. Joe para aqueles que cresceram se divertindo com os brinquedos e com o desenho – famoso nos anos 80. Dito isso, mesmo sem ter qualquer amor à franquia, é possível se divertir em G.I. Joe: Operation Blackout?

Desenvolvimento: IguanaBee, Fair Play Labs
Distribuição: Game Mill
Jogadores: 1-4 (local)
Gênero: Ação, Tiro, Multiplayer
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataformas: PC, PS4, Switch e Xbox One
Duração: Sem registros

Entre Gears e Army of Two

Single player

O jogo G.I. Joe: Operation Blackout conta uma história costumeira onde a equipe G.I. Joe tenta deter os capangas da Cobra e evitar sua dominação mundial. Enredo básico, e sem problemas com isso. Enredo esse, aliás, que é contado usando cenas animadas remetendo à história em quadrinhos, e com uma atuação bastante digna, eu diria. A campanha é dividida por missões, cada qual nos possibilita jogar com os G.I. Joe e, por vezes, com o ponto de vista dos Cobra. São 12 personagens ao todo possíveis de serem escolhidos – além de suas respectivas skins e diferentes cores de armas que são desbloqueáveis. Cada personagem é dotado de uma habilidade única, duas armas próprias e seus golpes especiais usando o botão A que podem ser investidas, esquivas, criação de uma defesa temporária, etc. A escolha de dificuldade também está presente e são 4 opções diferentes para se adequar a todos os tipos de jogadores por aí.

A jogabilidade devo dizer que me surpreendeu. Eu não esperava algo tão próximo de um Army of Two, já que a campanha sempre coloca dois personagens juntos nas fases para desbravarem o cenário e destruir tudo, e você pode optar por controlar um deles, enquanto que o outro fica por conta da inteligência artificial. Achei bastante divertido poder ter a ajuda de um bot e também ter a opção de um co-op local em que outra pessoa toma o controle do personagem secundário. Porém, a alegria acaba rapidamente, pois jogar sem uma pessoal real te ajudando é um verdadeiro desastre. Sinto de verdade que esqueceram de adicionar uma inteligência qualquer ao bot, já que este fica assistindo seu personagem sob uma rajada de tiro por diversas vezes, sem realizar qualquer tipo de ação ou proteção. Em vários momentos cheguei a pensar até mesmo que havia acabado sua munição, já que o segundo personagem estava literalmente parado enquanto o meu levava tiros. Depois de alguns testes fazendo o bot “encostar” em pacotes de munição, comprovei que sim, a programação é realmente péssima.

Co-op

Jogar sozinho também tem suas desvantagens além de ser acompanhado de um personagem controlado por computador deveras incompetente. Apesar de G.I. Joe: Operation Blackout claramente ter influências de jogos como Gears of War e Army of Two, as mecânicas que ele traz de ambos os jogos são bem superficiais. De Gears, temos aqui a recarga feita no momento certo pressionando o R uma vez para iniciar o carregamento, e uma segunda para acertar o tempo certo para uma recarga mais rápida. Porém, suas balas não ficam mais fortes como na franquia da Microsoft, e nem mesmo seus personagens se ajudam ou tem ataques em conjunto como em Army of Two. Fora isso, bate um grande desânimo ao perceber que, uma vez que você morre, o jogo te manda um game over em vez de permitir com que o bot te levante ou algo assim – também presente em Gears. Sinceramente, parece que tiveram preguiça de programar esse tipo de coisa já que, em dois jogadores, quando um morre, é mostrado uma contagem de tempo na tela desta pessoa simbolizando em quantos segundos ela ressurgirá.

Estrutura mal aproveitada

Gameplay diferente em dados momentos

Depois de bater bastante na jogabilidade em si, vamos falar dos cenários. Devo dizer que todas as missões possuem um level design competente, mas completamente mal aproveitado. São ambientes decentes e até bonitos de se ver, e normalmente jogos como, mais uma vez, Army of Two e Gears sabem usar seus cenários para levar o jogador de um local ao outro, enquanto enfrenta alguns inimigos e avança. Aqui não, a estrutura das fases seguem uma mesma linha de raciocínio o tempo todo. Até acontece sim a situação de enfrentar inimigos, andar mais um pouco, conhecer o cenário – exploração sem recompensa ou itens escondidos -, até que finalmente chega no clímax (pelo menos acho que os desenvolvedores pensaram assim) da missão: as hordas.

Em vez de nos contar uma história, G.I. Joe: Operation Blackout claramente se preocupa em nos manter ocupados enfrentando ondas infinitas de inimigos em todas as missões. Estes momentos sempre acontecem em espaços confinados onde existem algumas poucas munições, itens para preencher a saúde do personagem e alguns locais que podiam ter sido muito bem usados com uma mecânica de cover – o que não existe por aqui. Com isso, a jogabilidade se mantém bastante previsível e repetitiva, e o jogador consegue prever o que vai acontecer em todas as missões. Vez ou outra surge um chefe durante a horda de inimigos, e você pode derrotá-lo como um objetivo secundário para liberar uma skin aqui e ali, mas tudo acontece de uma forma nada gratificante ou prazerosa. De fato, a jogabilidade de G.I. Joe: Operation Blackout peca por sua execução péssima, e me entristece por causa do tamanho potencial que o jogo demonstra ter. Uma vez finalizada a fase, são liberados modificadores para rejogar com várias opções de melhorias para a saúde do personagem, balas infinitas, inimigos que explodem quando morrem, entre outros.

Modificadores

Fora a campanha bastante maçante, o jogo disponibiliza desde o início o modo Team Battle. Aqui, até 4 jogadores podem se enfrentar em fases existentes na campanha em alguns modos de batalha numa tentativa desesperada de estender o conteúdo do jogo. O problema é que não existe um modo online e você vai precisar de mais três amigos para conseguir se divertir de alguma forma. Também não há opções de jogar contra bots, o que não faz sentido já que a campanha adiciona uma “inteligência” artificial no segundo personagem, como já mencionado. Mais uma perda absurda de potencial e criação de um modo extra com uma boa proposta, mas execução terrível. Olha, pensando bem, eu aceitaria se tivessem investido mais no modo história e retirado completamente este multiplayer superficial.

Com isso tudo analisado, o que sobra? Visuais, músicas e sons, certo? Bom, os efeitos sonoros usados nas armas são “ok”, os gráficos são bacanas no Switch mas apresentam uma demora nítida no carregamento de texturas em geral, as músicas de ação cumprem o seu papel e a animação dos personagens são bastante esquisitas. A movimentação também não é lá grande coisa, passando a sensação de algo bem travado e duro, sem falar que a mira também parece pesada e os ajustes de sensibilidade não resolvem isso de forma alguma – deveriam ter adicionado um ajuste de suavidade.

Fraco, fraco e fraco

G.I. Joe: Operation Blackout é um jogo bastante fraco e sem apelo. Até consegui me divertir no início do modo campanha, mas quando percebi que estaria enfrentando hordas de inimigos em todas as missões, meu ânimo foi por água abaixo. O game parece algo genérico com a skin de G.I. Joe, e isso não seria um problema se a jogabilidade ao menos ajudasse no divertimento. Fora a campanha desastrosa, o modo multiplayer não oferece motivos o suficiente para ser visitado, muito menos sem uma forma de jogar através da internet com amigos. Quatro jogadores apenas também? Fala sério.

Por fim, G.I. Joe: Operation Blackout pode te fazer lembrar vagamente das franquias Army of Two e Gears of War, porém nem de longe possui a qualidade de ambos. É um produto caro e que fica devendo bastante no quesito diversão. Poderia sim ter sido algo melhor, mas duvido muito que irão investir em pacotes de atualização que arrumariam tantos problemas assim.

Esta review foi feita com um código de Switch cedido pelos produtores

Revisão: Bia Bock

G.I. Joe: Operation Blackout

4

Nota final

4.0/10

Prós

  • Campanha multiplayer
  • Jogabilidade levemente variada
  • Vários personagens

Contras

  • Sem online
  • Desbloqueáveis sem apelo
  • Inteligência artificial péssima
  • Controle de mira estranho
  • Repetição excessiva