Rise: Race the Future

Review Rise: Race the Future (Switch) – Diversão para um

Não são muitos os jogos atualmente que focam em conteúdo single player, e menos ainda os que optam pelo gênero corrida. Às vezes, cortar qualquer tipo de multijogador em games deste tipo pode ser perigoso, como também tem chances de se tornar algo saudável já que a atenção e o cuidado se voltam completamente para o modo de jogador único.

Rise: Race the Future curiosamente é um produto que escolheu se ausentar de qualquer tipo de opção de duas ou mais pessoas e acabou investindo mais em diversão para gente solitária. Sinceramente, pensei que sentiria bem mais falta de um splitscreen ou modo online, mas não.

Desenvolvimento: VD-DEV
Distribuição: VD-DEV
Jogadores: 1-2 (local)
Gênero: Corrida, Arcade
Classificação: Livre
Português: Não
Plataforma: Switch, Xbox One e PC
Duração: Sem registros

Um corrida precisa ter multiplayer?

Motion blur

Indo na “contramão” da maioria dos competidores dentro do gênero corrida arcade, Rise: Race the Future é um jogo criado para ser uma experiência solo. E quando digo que este jogo tem uma abordagem arcade não é à toa. Não existe qualquer tipo de introdução ou tutorial apresentando o game, enredo, uma razão para todos estarem correndo, etc. – é basicamente “liga e joga”. Como sou o tipo de pessoa que se importa muito mais com jogabilidade do que com enredo em uma experiência de vídeo game, confesso que não me incomodei com a escolha por algo mais direto. Porém, ainda assim sinto que algo falta em Rise: Race the Future como uma apresentação.

Para começar, existe apenas o menu principal com opções e start, sendo que este segundo inicia de fato o jogo e apresenta os três modos disponíveis: Challenges, Championship e Time Attack. Challenges são desafios separados por temporadas e contém objetivos para serem cumpridos dentro de uma corrida como se manter sempre em primeiro lugar, nunca usar turbo, chegar em um tempo menor do que uma quantia especificada, etc. São oito desafios por temporada, e este jogo parece ser o principal de Rise, já que apenas através dele é possível liberar os veículos desbloqueáveis – principal divertimento do jogo que gera fator replay.

O Championship é um campeonato com um número bastante exagerado de corridas exigidas para ser completadas, por volta de 6 ou 9 cada um. Cada qual concede um número de pontos, os quais são acumulados e contabilizados ao finalizar um campeonato para decidir sua colocação no placar. Apesar de normalmente esta ser a forma de jogar principal dos games de corrida – ou modo carreira -, por aqui não é, nem mesmo no menu. Cada campeonato é liberado assim que o jogador chega em pelo menos terceiro lugar na colocação do campeonato anterior, criando uma necessidade de progresso para avançar.

Bastante conteúdo single player

O último e que já fala por si só é o Time Attack, que não passa de uma corrida contra o tempo e um fantasma de sua última volta. Fica sendo algo já batido quando pensamos em jogos de corrida e que, sinceramente, nunca me atraiu muito por ser uma briga contra o relógio e mais nada. Aqui ele funciona como um modo livre, já que é o único lugar onde podemos escolher o cenário e a pista para correr, ao contrário dos outros dois modos em que tudo é pré estabelecido. Mesmo assim, para que diferentes cenários e suas respectivas pistas sejam habilitadas, é necessário jogar o modo Championship, criando uma amarração de um modo com o outro para que todos sejam experienciados. Bom, este é todo o conteúdo que o jogo oferece. Pode parecer pouco, mas para um título que tem foco total em single player considero de excelente tamanho. Fora isso, é possível abrir novos adesivos e acessórios para os carros disponíveis também através do modo Challenge.

Porém, eu diria que o grande chamariz de Rise: Race the Future é seus modos diferenciados de turbo. São três formas de acumular aquele “nitro”: mantenha a velocidade acima de 120km/h, ganhe 3 boosts por volta ou então acumule turbo apenas durante o drift. Achei essa uma sacada genial, dando opções para todos os gostos. A maioria dos jogos de corrida com a possibilidade de turbo restringem o acúmulo deste recurso apenas ao drift – o que muita gente condena em títulos do gênero.

60 fps e trilha sonora

Corrida sobre a água

Algo bastante importante de se notar em Rise: Race the Future é que os desenvolvedores adicionaram o modo de performance ao longo do tempo, fazendo com que o jogo rode em 60 fps. Isso foi crucial, já que no modo de performance padrão o jogo comete o mesmo erro já visto em outros títulos de corrida que funcionam na mesma taxa de quadros no Switch: o input delay. Não diria que fica injogável em 30 fps, mas é absurda a diferença entre enviar comandos para o jogo no modo 60 fps, sem falar o efeito de embaçado por movimentação que o carro apresenta de uma forma bastante exagerada nos 30 fps. Tudo se torna mais fluído e os controles respondem extremamente bem nos 60, então esta opção deveria estar incluída em todo e qualquer jogo de corrida – questão de bom senso.

Visualmente o jogo remete à alguns jogos da geração passada, não apresentando nada incrivelmente belo, mas ainda assim é impressionante. Tudo casa bem e a direção de arte manda bem em sua proposta, criando algo coeso e uma mistura entre cenários que lembram jogos como Asphalt 8, da GameLoft, e carros futuristas que transformam suas rodas em locais aquáticos sem mudar a jogabilidade – ao contrário de Sonic All-Star Racing Transformed.

Diferentes carros para escolher

Por outro lado, confesso que achei as trilhas sonoras do jogo um desastre. Digo, não são ruins, mas bastante genéricas e repetitivas. Não culpo os desenvolvedores, visto que músicas licenciadas são o olho da cara. Porém, o maior erro foi não criar playlists das músicas existentes para serem tocadas numa fase, e o resultado acaba sendo a mesma trilha sendo tocada durante uma corrida toda, em um looping que faz com que odiemos a música em poucos minutos.

Cenários também não são tão variados assim e apresentam um pouco de repetição entre eles. São ambientes de montanhas e derivados, muitas vezes trazendo um momento de superfície aquática para levantar aquele aguaceiro no piloto de trás. Aliás, piloto que nada: se você mudar a câmera de posição para ver os bancos dianteiros de seu veículo, perceberá que absolutamente ninguém o está pilotando. Seriam os carros autônomos da Tesla? Nunca saberemos.

Carros desbloqueáveis

Na questão de tentativa e erro, o jogo também é um pouco punitivo ao retirar um comando que retorne seu veículo à pista para continuar tentando. É necessário voltar manualmente para a corrida uma vez que você colide com a parede, e o jogo só te lança de forma automática de volta caso você realmente saia voando para fora do trecho definido sem ter uma forma de voltar.

Aguardo novidades

Sinceramente, Rise: Race the Future não faz nada de inovador, apenas consegue trazer uma boa combinação de fatores para satisfazer os fãs de experiência single player. Os gráficos são acima da média, bem bonitos para o Switch, e isso de fato impressiona. As formas de turbo também são inovadoras e confesso que nunca vi nada parecido – adorei poder ter opções. O maior problema mesmo fica por conta das músicas extremamente repetitivas, mas obviamente um modo multiplayer viria muito bem a calhar no futuro. Como o jogo recebeu a atualização para 60 fps depois de vários meses do lançamento, fico com grandes esperanças em que ele ganhe também pelo menos um splitscreen para desafiar amigos e família no mesmo console. Porém, Rise: Race the Future é altamente recomendado para aqueles que gostam de ligar e jogar, além de se divertir com desafios na medida certa.

Atualização 15/01/2021: nesta semana, a equipe de Rise: Race the Future nos enviou um comunicado dizendo que o jogo recebeu o modo multiplayer de tela dividida para duas pessoas. Testei e comprovei de que o recurso foi muito bem implementado, podendo ser usado em todos os modos disponíveis.

Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Bia Bock

Rise: Race the Future

9.5

Nota final

9.5/10

Prós

  • Visuais belos
  • Performance excelente
  • Formas de turbo diferenciadas
  • Muito conteúdo
  • Dificuldade adequada

Contras

  • A música se repete nas corridas
  • Muitas corridas por campeonatos
  • Time Attack sem graça