Guars (Xbox One)

Review Guards (Xbox One) – Um jogo tático incomum

Apesar de ainda parecer um tabuleiro quadriculado, esqueça tudo que você sabe sobre jogos táticos para jogar Guards! Incomum e interessante, nele você derrota hordas de inimigos com combinações variadas de apenas 4 heróis. 

Desenvolvimento: Battlecruiser Games

Distribuição: Drageus Games

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Estratégia

Classificação: 10 anos

Português: Não

Plataformas: PC, Xbox One, Switch, PS4, Xbox Series X/S

Duração: 5 horas (Campanha)

Uma estratégia diferente

Campo/ Tabuleiro de batalha

À grosso modo, os  táticos são uma representação de dois “exércitos” se enfrentando, com guerreiros de habilidades distintas, quase como um xadrez. Em um “tabuleiro” quadriculado, você desloca sua tropa para enfrentar e derrotar a do inimigo. 

O que costuma mudar nesses tipos de jogos são as quantidades de membros em sua equipe, itens, relíquias, artefatos chamativos e diferentes, fora golpes e habilidades para deixá-los mais atraentes e interessantes, além de um enredo geralmente bem desenvolvido. Ironicamente, Guards não faz uso de quase nada disso e mesmo assim é bem interessante. 

O enredo é o mais simples possível, explicado brevemente apenas em sua sinopse. Quatro heróis que enfrentam hordas de inimigos, combatendo o mal até derrotar o líder dos monstros. 

Com mais uma diferença estranha, porém, que funciona muito bem, temos o fato de que os personagens não podem se mover. Para atacar é preciso trocá-los de posição. Apenas os inimigos podem se locomover pelo tabuleiro, mas, ao se movimentarem, eles não podem atacar. Não existe um número definido de inimigos, e sim a quantidade exata que deve derrotar para avançar para a próxima fase. Isso faz com que de tempos em tempos mais adversários surjam no tabuleiro.

Seleção de personagem

Nossos heróis possuem habilidades especiais que só podem ser ativadas quando eles passam de uma posição da linha de trás, em que todos ficam em espera, para a linha da frente, de onde é permitido atacar. 

Outra particularidade é essa, já que sempre haverá um personagem na reserva. Apesar dos 4 personagens estarem juntos, seu ataque consiste em usar apenas 3 deles. A vantagem é que, sempre que recuar, você recuperará um pouco de vida. Ao final de cada fase é possível melhorar até 2 de seus heróis à princípio, podendo ser expandido depois. Porém, não é possível escolher qual deles será melhorado, sendo algo aleatório e temporário. Só é válido enquanto estiver nas batalhas, e ao morrer o nível de seu herói também é restaurado.

Não se pode perder nenhum dos heróis em batalha ou o resultado é game over, começandotudo desde a primeira fase.Felizmente, existe um sistema que permite aprimorar os personagens fora das batalhas com melhorias permanentes, sendo que apenas o progresso das fases é zerado ao perder. Fora o aprimoramento direto dos 8 personagens disponíveis que melhoram seus status, há ainda um quadro de habilidades gerais, que servem para as batalhas. Estas seriam como as habilidades passivas da equipe. 

Os gráficos estão longe de serem bem elaborados ou super lindos, mas isso nem é necessário para o jogo. Seu visual combina muito bem com seu estilo simples e direto. Até mesmo a falta de um enredo não chega a incomodar quando você considera sua proposta. A trilha sonora também é bem legal. Apesar de não haver grande variação nas faixas – na verdade, não há quase nenhuma -, elas possuem tamanha qualidade que isso nem chega a se tornar um problema. Empolgante e imponente, as trilhas apresentam habilmente uma batalha do bem contra o mal. 

Pontos negativos

Loja de itens

Apesar de divertido e interessante, as mudanças drásticas no gênero e estilo acabam pesando contra Guards. Tudo isso, começando pela loja de itens que foi muito mal utilizada. Existem diversos itens a serem adquiridos, porém eles são restritos, e você não possui a liberdade para comprar os itens que desejar até finalizar ao menos 90% do jogo. 

Existe um quadro de missões que precisam ser cumpridas gradativamente para que novas possam ser apresentadas. O problema é que elas te recompensam um pouco mal. As estrelas para o aprimoramento das habilidades passivas, extremamente necessárias para o avanço do jogo, só são ganhas por meio dessas missões, mas que são muito mal elaboradas. Algumas descrições pedem que algo seja cumprido e simplesmente isso não funciona, não importa quantas vezes você tente. Não sei se é algum bug ou erro na descrição, mas o único jeito é ir jogando e rezar pra missão aparecer uma hora ou outra.  

Infelizmente, a pior recompensa só acontece na campanha. Depois de sofrer o diabo e perder incansavelmente em batalhas que começam bem desequilibradas propositalmente – não que esse seja o problema -, o jogo simplesmente não te dá o merecido valor, e é ridícula a “gorjeta” dada pelo seu esforço. 

Tela de vitória

Quando o mapa é finalizado automaticamente, somos levados à uma batalha survival, tendo de sobreviver o máximo possível contra hordas “infinitas” de inimigos. E mesmo chegando relativamente longe nesse desafio, não recebemos uma quantia equivalente pelo feito. Isso ocorre para obrigar o jogador a ficar em um ciclo chato e irritante de aprimoramento lento do personagem para conseguir avançar minimamente. Isso se torna tão repetitivo e cansativo que, em poucas horas, já  vem o desinteresse em continuar.

A ideia de um inventário expansivo parece bem bacana no início, até descobrir que ele só pode ser acessado uma única vez durante as batalhas, em seu início ou término, a depender do item que carrega. Isso acaba tornando ele bem inútil em vários momentos, dependendo do que estiver carregando.  Ressalva apenas para aqueles que ressuscitam os personagens, que são ativados no meio do combate quando algum deles é derrubado. 

Isso tudo nos leva a outro ponto extremamente frustrante. Ao perder qualquer um dos seus 4 heróis, é game over. O fato de não poder continuar com os outros 3, mesmo sabendo que seria possível alcançar a vitória, com um a menos tendo de voltar desde o começo é simplesmente desanimador. 

Mas, de longe, o pior de tudo é o cursor, pois simplesmente não dá pra enxergá-lo. A cor que escolheram é praticamente do mesmo tom dos itens e personagens e aí não dá pra ver quase nada. Quando não aparece uma descrição para você de localizar, o jeito é ir na dedução e torcer pra ter colocado ele no lugar certo. 

E, no fim

Guards é sim um jogo divertido, apesar de seus defeitos, mas infelizmente acaba desanimando o jogador a se manter nele por muito tempo. Porém aos amantes de games táticos, vale a pena dar uma conferida, principalmente pela jogabilidade diferenciada explorada dentro de seu gênero. 

Cópia de Xbox One cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Guards

6.5

Nota Final

6.5/10

Prós

  • Jogabilidade diferenciada para o gênero.
  • Trilha sonora boa
  • Heróis com habilidades muito distintas

Contras

  • Jogo te recompensa mal
  • Quase impossível ver o cursor do jogo pela má escolha da cor
  • Loja de itens mal utilizada
  • Uso péssimo do Inventário
  • A perda de apenas um herói encerra o jogo