Harvest Moon: The Winds of Anthos apresenta uma aventura agrícola que começa com uma premissa simples, mas cativante: após um grande desastre natural, as vilas do continente foram separadas, e agora cabe a você restaurar conexões perdidas, reerguer as comunidades e trazer vida de volta às terras abandonadas. Esse é o ponto de partida que dá o tom da campanha, misturando gestão de fazenda, exploração e narrativa, para tentar modernizar a série sem perder suas raízes clássicas.
Desenvolvimento: APPCI
Distribuição: Natsume
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Simulação
Classificação: Livre
Português: Não
Plataformas: PC, Switch, PS4, PS5, Xbox One, Xbox
Duração: 30 minutos (campanha)
Um charme moderno, ainda que irregular
Visualmente, o game consegue dar um ar atualizado à franquia. Os gráficos têm um estilo leve, limpo e com cores bem definidas que, apesar de simples, oferecem um charme moderno. A estética ajuda a criar um ambiente acolhedor, e a sensação de descobrir novos biomas ou ver sua fazenda ganhar forma segue sendo um dos pontos mais cativantes da experiência.
A história também chama atenção, especialmente no início, com a ideia de reconectar povoados isolados e reconstruir relações afetadas pelo desastre. O problema é o ritmo: tudo se desenrola devagar, às vezes até demais, fazendo com que avanços importantes cheguem de forma espaçada. Ainda assim, a sensação de progresso existe — só exige um pouco mais de paciência do que o esperado.
Rotina melhorada por sistemas úteis
Entre as melhorias mais bem-vindas está a possibilidade de obter upgrades que automatizam tarefas diárias. Poder regar plantações automaticamente ou agilizar certos processos reduz bastante a repetitividade típica do gênero, algo que muitos (eu incluso) vêm pedindo há anos. A rotina continua sendo o coração, mas agora é possível torná-la mais eficiente à medida que você avança, especialmente com a viagem rápida.
Outra mecânica interessante é a ausência de qualquer punição de stamina ao desmaiar. Em vez disso, você simplesmente acorda em casa, o que torna esse comportamento uma espécie de fast travel improvisado. É uma solução simples, mas criativa, que traz um toque bem-vindo de qualidade de vida.
Explorando um mundo enorme… talvez grande demais
O mundo de Winds of Anthos é vasto e tem muito pra se fazer, mas nem sempre isso funciona a seu favor. As áreas são muito espaçadas, criando uma sensação de vazio que não combina com a proposta de um universo vibrante e cheio de vida. Muitas vezes o mapa parece exageradamente grande, como se tivesse sido estendido só para justificar a troca constante da fazenda de região.
Além disso, ao entrar em zonas de interação, como a pesca e o cultivo de plantas, a câmera muda automaticamente para um ângulo top-down e não permite o controle de 360 graus. Essa decisão tira o controle da sua mão e, em vários momentos, prejudica a imersão. Decisão mais do que falha, essa.
Por fim, o sistema de romance é tradicional, mas absurdamente demorado. Mesmo presenteando seu interesse romântico todos os dias com itens favoritos, a progressão é lenta, o que acaba desmotivando quem gosta dessa parte social dos jogos da série.
Como mencionado, essa lentidão também se manifesta na história principal, que se estende mais do que deveria e perde impacto ao longo da campanha. Com cerca de 15 horas de jogo, eu sentia que podia ter evoluído bem mais e até ter me casado.
Bonito, mas arrastado e vazio
Harvest Moon Winds of Anthos tenta equilibrar modernização e tradição, oferecendo uma experiência simpática, com boas melhorias na rotina e um mundo visualmente agradável. Mas escolhas de design, como o mapa excessivamente grande, o ângulo de câmera imposto e o ritmo lento da narrativa e dos relacionamentos, enfraquecem o ritmo geral. Ainda assim, para quem ama a série e está disposto a relevar esses pontos, o jogo oferece uma aventura tranquila, charmosa e repleta de pequenos progressos que fazem valer a jornada.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Harvest Moon: Winds of Anthos
Prós
- Gráficos modernos
- História interessante
- Upgrades que automatizam tarefas importantes
- Possibilidade de usar o desmaio como fast travel natural
- Sensação constante de progresso
Contras
- Mudança automática da câmera para top down
- Mundo grande demais, com sensação de vazio
- Romance extremamente lento
- Desenvolvimento da campanha arrastado
- Botão de ação não pode ser segurado
