A franquia Harvest Moon recebeu um novo capítulo: Home Sweet Home, um título exclusivo para dispositivos Android e iOS (por enquanto, talvez). Desenvolvido para plataformas móveis, o game traz elementos já conhecidos dos fãs, mas também faz escolhas que o distanciam de outros títulos recentes, como The Winds of Anthos.
Desenvolvimento: Natsume
Distribuição: Natsume
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Simulação, Aventura
Classificação: Livre
Português: Não
Plataformas: Android, iOS
Duração: 50 horas (campanha)
A volta à cidade esquecida

Em Home Sweet Home, você chega a uma cidade em ruínas com a missão de restaurar sua vitalidade. A estrutura lembra bastante Harvest Moon: Light of Hope, com um foco em missões que ajudam a reconstruir o vilarejo aos poucos. Ao completar tarefas, mais moradores retornam à cidade, novos visitantes aparecem e seu campo se expande.
Embora comece devagar e com cenários vazios, isso faz parte da proposta. Mesmo assim, podia ser um pouco mais rápido o desenvolvimento, ou até possível de escolher a duração da evolução da história.
Visualmente, o game se assemelha bastante a The Winds of Anthos, usando os mesmos modelos e estética, porém, com visuais um pouco reduzidos para acomodar mais aparelhos—não há a opção de gráficos aqui. Entretanto, a jogabilidade é mais contida, adaptada para telas sensíveis ao toque, o que resulta numa experiência simplificada, mas ainda envolvente e que funciona bem.
Sistema de agricultura mais profundo

A mecânica de cultivo segue o tradicional da série: preparar o solo, plantar sementes e cuidar das plantações. Mas, com o tempo, novas camadas são adicionadas. As colheitas podem ter três níveis de qualidade (de uma a três estrelas), que influenciam diretamente no valor de venda. Isso adiciona um objetivo a longo prazo para quem busca lucrar mais com a fazenda.
Além disso, o sistema de solo é dinâmico, e plantar repetidamente no mesmo local esgota os nutrientes, exigindo rotação das áreas cultivadas. Adubos diferentes também ajudam a melhorar os resultados, e o desenrolar de tudo incentiva o plantio em diferentes estações para gerar híbridos.
Os controles por toque funcionam bem: é possível tocar e arrastar o dedo para plantar, regar ou colher em fileiras, o que torna a rotina agrícola bem fluida e prática no celular. Felizmente, podemos conectar controles externos genéricos e de marcas famosas para executar as tarefas e navegação no menu, tudo muito bem mapeado. Dá até pra mandar o personagem correr até outro ponto do mapa com um comando sem precisar caminhar até lá.
Criação de animais é simples, mas eficaz

A pecuária também está presente com vacas, ovelhas, galinhas, cavalos e até pets. A qualidade dos produtos (leite, ovos, lã) também varia em três níveis, o que incentiva o bom tratamento dos bichos. No entanto, o sistema de domar animais selvagens — presente em The Winds of Anthos — está ausente aqui, o que tira um pouco da profundidade e mostra o downgrade.
Porém, é com alegria que digo que não temos um mundo aberto como no game mencionado anteriormente, o que torna a experiência mais focada e menos vaga.
O sistema de criação é bem satisfatório para um título mobile. Ver seu animal de estimação comendo junto com seu personagem todas as manhãs é gratificante, além de que ver a evolução das coisas é bem bacana. No mais, atividades extras envolvem os famosos eventos, como corrida de cavalo que rende um dinheiro.
Pesca e mineração: mais simples, mas ainda funcionais

A pesca permanece semelhante à de títulos anteriores. É tocando a tela que você lança a isca e captura os peixes. Ainda há estratégia envolvida, mas no geral é um sistema mais simples. Para quem não curte essa mecânica, ela continua sendo opcional e, como o retorno financeiro inicial é baixo, pode facilmente ser deixada de lado.
Já a mineração é talvez o ponto mais fraco aqui. Ela demora algumas boas horas de gameplay (quase 10 horas) para ser desbloqueada, e o sistema de pedras caindo, herdado de The Winds of Anthos, parece mal adaptado para o toque. Tentar escapar das rochas muitas vezes é frustrante, já que o tempo de reação é mínimo. Particularmente, não gosto dessa pegada.
Relações sociais é um dos grandes destaques

O aspecto social é, sem dúvidas, um dos pontos altos. O título traz de volta personagens de jogos anteriores como One World, Light of Hope e The Winds of Anthos, mas com pequenas alterações em visual e personalidade. Isso dá a sensação de reencontrar velhos amigos em uma nova realidade — quase como se fosse um multiverso, como o pequeno Professor dá a entender.
As interações são mais bem escritas e com mais personalidade do que em games anteriores. Alguns diálogos são engraçados, outros surpreendentes, e todos ajudam a criar uma cidade mais viva e interessante. Ainda há repetição de falas durante missões específicas, mas em menor escala do que em outros títulos da série.
A maior decepção, eu diria, é a falta de propósito quando você se casa. Não é possível fazer com que seu filho(a) e esposa(o) ajude nas tarefas do dia-a-dia, sendo que isso é substituído por automações como irrigadores que regam as plantas toda manhã, além de outras coisas repetitivas. Acredito que nunca vão criar algo como existia em A Wondeful Life, jogo no qual se casar e ter filhos era bem substancial.
Um acerto bem grande
Para quem já gostou de Light of Hope ou The Winds of Anthos, essa nova aventura tem boas chances de agradar. É ideal para sessões curtas, com uma estrutura adaptada para jogabilidade mobile e uma boa dose de conteúdo, apesar da enrolação absurda. Por outro lado, se você nunca foi fã da série ou se decepcionou com os títulos mais recentes, Home Sweet Home talvez ainda não seja o jogo que vai te fazer mudar de ideia. Ele ainda carrega traços das limitações que a franquia tem enfrentado nos últimos anos. Mas considerando sua proposta, seu bom desempenho no celular e a familiaridade reconfortante de seu universo, essa é uma ótima adição à biblioteca de qualquer fã de simulação agrícola.
Cópia de Switch cedida pelos produtores