Jogos de aventura se tornaram uma ótima maneira de se contar histórias de forma dinâmica, divertida e envolvente. Imp of the Sun utilizou esse nicho para contar uma lenda típica de regiões andinas, onde hoje encontra-se o Peru. Com um ritmo que lembra muito um grande um livro de contos, este jogo promete te encantar muito… e irritar um pouco no processo.
Desenvolvimento: Sunwolf Entertainment
Distribuição: Fireshine Games
Jogadores: 1 (Local)
Gênero: Ação, Aventura, Plataforma
Classificação: 14 anos
Português: Legendas e Interface
Plataforma: PC, PS4, Switch, Xbox One
Duração: 5 horas (campanha)/8 horas (100%)
O enviado do Sol
O Sol está com sua existência em risco por causa de um estranho e perigoso eclipse, que está trazendo criaturas sombrias para a Terra. Para resolver esse problema, ele envia um pequeno diabrete que terá que lidar com quatro seres poderosos, que estão encabeçando essa tomada das sombras.
Seu ponto de partida é um vilarejo, onde o enviado do Astro Rei é batizado de Nin por uma garotinha que vive lá, com a sua avó e um lhama. Agora, o nanico esquentado terá que ir a quatro lugares diferentes (Deserto, Floresta, Montanhas e Inframundo) para derrotar essas criaturas e restabelecer o poder do Sol.
Vai e vem Andino
Podemos escolher livremente a ordem das áreas que podemos explorar, até porque elas consistem no mesmo tipo de desafio. Sempre haverá setores que só poderão ser superados após derrotar algumas levas de inimigos, quebra-cabeças que envolvem o acionamento de alavancas e plataformas e a procura de duas joias que liberam o portal para enfrentarmos o chefão da área.
Como os inimigos aparecem sempre que revisitamos uma área, ou damos respawn após perdermos uma vida, é possível juntar muitas orbes e fortalecer nosso diabrete rapidamente, mas isso torna tudo meio monótono, já que o esquema do jogo como um todo é o mesmo. Além disso, cada área guarda uma habilidade especial que só é realmente útil naquele local, não sendo tão importante para o restante da jornada.
Ou seja, podemos rodar tudo, achar todas as joias necessárias, liberar todos os aprimoramentos possíveis e, aí sim, partir para cima dos chefes na ordem que que bem desejarmos.
Ainda há alguns segredos escondidos, como itens colecionáveis e colares que nos levam a conhecer mais alguns detalhes da história, e nos incentivam a explorar todo o ambiente mais algumas vezes. Com certeza tudo isso seria muito mais agradável se a jogabilidade não se apresentasse de maneira meio truncada, tanto nos combates quanto nas sessões de plataforma.
Podemos dar pulos simples e duplos, além de utilizar uma espécie de dash direcional no ar, só que eles não são tão precisos. Em áreas fechadas e fixas tudo vai bem, mas na hora de ter longas sessões de saltos em plataformas móveis, pequenas e distantes umas das outras, a coisa muda de figura, se tornando mais estressante do que desafiadora, de fato.
Quanto aos combates, a área de acerto e dano de Nin é bastante confusa. Mesmo quando lidamos com apenas uma criatura, parece haver uma variação de quando elas nos acerta ou não, o que é totalmente proporcional com o quanto já estávamos irritados após uma sessão de saltos consecutivos. Se contra os monstros a tarefa já é um pouco esquisita, na hora de enfrentar os chefes isso piora um pouco, pois parece que o alcance deles é sobrenatural em certos momentos, não importando o que você faça.
Esses defeitos comprometem até certo ponto a dinâmica do jogo, que apesar de tudo até que tem uma estrutura charmosa, mesmo sendo simples e um pouco repetitiva. Não é nada que um patch de correção não possa resolver, mas espero que ele saia o quanto antes!
Para não dizer que não há nada de bom na movimentação, a mecânica de Fogo Interno é muito bem vinda. Como nosso herói é diretamente advindo do Sol, nada mais justo que ele retire seus poderes do calor. A barra de Fogo Interno dita o uso das nossas habilidades, incluindo a de conseguir regenerar vidas perdidas.
Para carregarmos nosso Fogo Interno, devemos sempre estar perto de tochas, lugares iluminados e, é claro, abertos sob a luz do Sol. A barra até pode recarregar fora destas condições, mas demorará bastante para poder ser utilizada.
Charme folclórico
Se as mecânicas de Imp of the Sun tem todas essas ressalvas, o aspecto visual e sonoro já é um pouco mais agradável, mas também conta com suas leves falhas. O estilo artístico escolhido é bem colorido e combina bastante com a riqueza cultural da região, retratando paisagens que se espalham pelo continente sulamericano, como a Floresta Amazônica, a Cordilheira dos Andes e o Deserto do Atacama.
A câmera alterna entre dois planos. Em áreas abertas, ela se mantém afastada e mostra como cada cenário foi bem trabalhado. Entretanto, em locais mais fechados, ela se aproxima da ação e aí podemos notar algumas falhas no acabamento de alguns inimigos e elementos do cenário. Não é nada muito grave, mas acaba não passando despercebido.
Quanto às músicas, elas fazem bem o papel de trazer o elemento folclórico à tona. É exatamente certeira a mistura de canções tribais para os momentos de exploração, e trilhas mais épicas nos momentos de batalha, principalmente contra os chefes.
De esquentar o coração… e a cabeça
O pecado de Imp of the Sun não está na sua repetição de elementos ou simplicidade no level design, pois a ambientação ajuda a dissipar esses problemas. A grande questão está na movimentação, que é uma peça chave para jogos deste gênero. No mais, ele é um título que pode render algumas boas horas de diversão e conhecimento, e um pouco de frustração.
Cópia de PS4 cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong