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Review Imp of the Sun (Switch): Em nome do Sol

A civilização inca foi uma das maiores da América Antiga (ou pré-colombiana). Seu legado ainda permanece vivo séculos depois do povo ser conquistado por Francisco Pizarro, no século XVI. No campo religioso, o deus mais importante do incas era Inti, que é o deus Sol. Rivalizando com Inti temos a deusa Lua, Mama Kilya. Desenvolvido pelo estúdio Sunwolf Entertainment, Imp of the Sun faz uso inteligente dos mitos que permeiam a cultura peruana .

Desenvolvimento: Sunwolf Entertainment

Distribuição: Fireshine Games

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Ação, Aventura, Plataforma

Classificação: Livre

Português: Legendas e interface

Plataforma: PC, PS4, PS5, Switch, Xbox One e Xbox Series X/S

Duração: 5 horas (100%)

Impeça o Eclipse Eterno

Impeça o Eclipse Eterno.

Aqui, controlamos Nin, um pequeno guerreiro enviado do deus Sol, que precisa viajar pelos quatro cantos do Império para derrotar os guardiões corrompidos e impedir o Eclipse Eterno, orquestrado pela deusa Lua. Imp of the Sun traz elementos do antigo povo andino, através de referências diversas das quais vamos tomando conhecimento ao longo da aventura. Vocês querem um exemplo? Uma das características mais marcantes dos incas eram as suas redes de estradas que interligam as diferentes áreas do Império. O título usa isso como elemento definidor de sua própria proposta de gameplay, já que se trata de um Metroidvania. 

Imp of the Sun é, portanto, um jogo de ação e aventura 2D, que apresenta áreas interconectadas onde sua exploração foge a linearidade de títulos de plataforma mais tradicionais. A história é focada no embate maniqueísta entre o bem (representado pelo Sol e sua fagulha salvadora) e o mal (Lua). Cercado de sutilezas, as batalhas contra os Guardiões corrompidos trabalham com a ideia de poder e a corrupção que muitas vezes o acompanha. Nin, nesse sentido, representa a luz que irá restaurar o equilíbrio perdido. 

Companheiros de viagem

Entregue os colecionáveis para Suyana.

Logo no início, somos apresentados aos três únicos NPCs que nos acompanharão nessa empreitada contra o Eclipse Eterno e uma lhama (um de muitos easter eggs da cultura quéchua): Suyana, Izhi e Qari. Em algumas conversas com os NPCs são nos apresentado escolhas de linhas de diálogos diferentes, mas que não pesam em nada nos rumos da história, infelizmente. Suyana é uma jovem colecionadora, que organiza o nosso inventário de itens diversos que vamos coletando ao longo da exploração. Além disso, ela é uma grande entusiasta de nossa missão, sempre pronta a torcer pelo nosso sucesso. 

A anciã Izhi nos apresenta toda a lore do jogo através da leitura de quipos. Os incas eram ágrafos e utilizavam o instrumento para comunicação e registros contábeis. Imp of the Sun resgata esse elemento da cultura andina para situar minimamente o jogador nos acontecimentos do título. Podemos achar nove desses instrumentos, que estão espalhados pelos diferentes cenários e que servem – junto com os colecionáveis – para ampliarem nosso contato com o game e com a própria cultura peruana.

Já Qari é o responsável por resgatar nossas cinzas após uma falha na missão. Ou seja, quando morremos é ele que nos traz de volta à vida. O NPC – com um visual que se assemelha a morte – marca ainda os pontos de salvamento e viagem rápida (quando conseguimos encontrar o mapa das áreas exploradas). Cada inimigo abatido concede runas que podem ser trocadas com Qari para subirmos de nível. Esse upgrade é representado por uma pequena árvore de habilidades dividida em três categorias: Vida, Fogo Interior e Ataque, que aumentam, respectivamente, nossa vitalidade, capacidades mágicas e o dano causado.

Visual bonito e controles imprecisos

O visual do jogo é muito bonito.

O visual, desenhado a mão é muito bonito. Os cenários são bem variados e vão desde áreas montanhosas – como os Andes – a santuários, florestas e catacumbas. Cada área, apesar de não serem gigantes e tão labirínticas como costumamos ver nos Metroidvanias, possui um design e desafios próprios. Por apresentar regiões de exploração bem modestas, o mapa é subutilizado e serve apenas para desbloquearmos a viagem rápida para determinado local e nada mais.

As melodias orquestradas são lindas, mas apresentam alguns slowdowns e travamentos em trechos dos cenários, principalmente em lutas contra os guardiões e sub-chefes, esmaecendo um pouco o seu brilho. O meu maior problema com o jogo, no entanto, está em seus controles. A proposta do título é se apresentar como um jogo ágil e versátil, assim como Ori and the Blind Forest (ou sua continuação). Mas, o comando de pulo e ataque são por vezes falhos e imprecisos. Em áreas de plataformas onde se exige precisão, isso chega a ser irritante, principalmente mais para o final.

Os poderes adquiridos nas lutas contra os guardiões, com exceção de uma ou outra, são subutilizados. Nossa habilidade de cura e pulo duplo (que existe por padrão desde o início), assim como as habilidades conseguidas com os sub-chefes (dash, deslizar nas paredes etc) e o fortalecimento do nosso ataque que estão espalhados, sem nenhuma explicação mais plausível pelos cenários, são muito mais úteis à nossa missão. E são justamente essas habilidades que nos ajudam a solucionar alguns dos puzzles.

Um Metroidvania acessível

Imp of the sun é um bom título de plataforma 2D, que resgata de forma inteligente parte do legado cultural das civilizações andinas. Trata-se de um Metroidvania que, apesar de problemático em alguns pontos, é bonito, possui puzzles interessantes, é direto ao ponto, apresenta desafio moderado e é bem acessível àqueles que não suportam a complexidade labiríntica de títulos mais puristas do sub-gênero.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Imp of the Sun

7.5

Nota Final

7.5/10

Prós

  • Belo visual
  • Cultura peruana
  • Desafio moderado

Contras

  • Slowdown em trechos das músicas
  • Controles imprecisos
  • Poderes subutilizados