Capa de Like a Dragon: Infinite Wealth

Review Like a Dragon: Infinite Wealth (PC) – Uma novela nipo-havaiana

Like a Dragon: Infinite Wealth, o nono capítulo principal da franquia Yakuza, marca uma mudança histórica na série, pois o Japão sai de cena em favor de uma nova localidade: o Havaí. A história é ótima e esse novo universo é refrescante, mas o título erra em manter o mesmo combate por turnos do seu antecessor, além de não dosar bem o conteúdo secundário, que frequentemente interrompe a progressão da campanha.

Desenvolvimento: Ryu Ga Gotoku Studio

Distribuição: SEGA

Jogadores: 1-4 (local)

Gênero: RPG, Ação

Classificação: 18 anos

Português: Interface e legendas

Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S

Duração: 25 horas (campanha)/149 horas (100%)

Casos de família

Cena da campanha

Trocando o ritmo sucinto de The Man Who Erased His Name por uma trama longa e complexa, Infinite Wealth retrata um Ichiban que perdeu tudo depois de ser demitido devido ao vazamento de informações a respeito de sua ajuda na reabilitação de ex-yakuzas.

O herói idealista volta a viver à margem da lei, e após receber um convite inesperado e descobrir que foi trocado na maternidade, ele viaja até Honolulu para conhecer sua mãe biológica, uma diretora de um orfanato que está sendo procurada por todo o submundo havaiano – incluindo Kiryu, que recebeu a mesma missão de seus chefes. Juntos, eles embarcam em uma insana aventura para investigar o paradeiro da mãe de Ichiban, desvendando uma grande conspiração envolvendo uma criança e um pingente.

Cena com Ichiban e seus aliados

Paralelamente, o Dragão de Dojima descobre ter câncer e apenas poucos meses de vida pela frente. Mesmo diante dessa notícia, Kiryu insiste em viver no limite, se recusando a buscar tratamentos. É claro que isso não termina bem para ele, e o homem que fingiu a própria morte agora se vê de cara com a verdadeira, fazendo com que o resultado seja uma narrativa pesadíssima, que é o ponto forte de Infinite Wealth.

A trama é multicultural, repleta de reviravoltas e consistente com o tom novelesco da série, trazendo um melodramático bobalhão que sempre funciona bem. As tradicionais sub-histórias complementam o pacote e contribuem para uma construção de mundo sensacional. Os responsáveis disponibilizaram até um podcast dentro do jogo – mas esse não possui legendas em português ou sequer opção de dublagem, ao contrário do restante do game.

Combate decepciona

Combate de Like a Dragon: Infinite Wealth

Infinite Wealth adota um sistema de combate por turnos que leva toda a temática fantasiosa do gênero para Yakuza. As batalhas são situadas em um mundo realista, mas ainda imaginativo, já que a mente maluca de Ichiban dá um ar engraçadíssimo para as batalhas – mas nem sempre condizente o que a franquia se propõe a ser. A mecânica de party é ótima, e as habilidades da equipe podem ser aprimoradas por meio de um sistema de vínculo social semelhante ao de Persona que desenvolve a personalidade de cada personagem da história.

Kiryu, que compartilha o protagonismo com Ichiban, possui uma habilidade única que transforma o combate no modelo clássico por alguns segundos, além de diversos estilos táticos e múltiplos ataques por turno. Tudo isso faz com que as lutas dele sejam mais divertidas em comparação ao que pode ser feito quando jogamos com Kasuga e seus aliados.

Ataque especial de Ichiban

Apesar dos desenvolvedores terem feito diversas melhorias na movimentação dos personagens nessa sequência do sétimo Yakuza, os confrontos ainda estão longe de ser tão polidos e cativantes quanto o tradicional sistema de pura porradaria da saga. Além de não possuir a mesma intensidade de um beat ’em up, as batalhas atrapalham o ritmo da exploração e da narrativa. Todas as lutas demandam bastante tempo e parecem desconectadas do resto da experiência, sendo extremamente destoantes do conjunto da obra em termos de gameplay. 

Conteúdo infinito

Minigame estilo Crazy Taxi de Like a Dragon: Infinite Wealth

Fora das lutas, Infinite Wealth brilha em seu conteúdo secundário, assim como em todos os jogos da franquia. A equipe de desenvolvimento sempre se supera nesse fator e atinge a excelência em sua própria fórmula, que vem sendo lapidada há anos.

A exploração é regada a minigames constantes, como o fliperama com Virtua Fighter e SEGA Bass Fishing; um modo para turismo no Havaí; karaokê e baseball, e novidades inusitadas, como um minigame inspirado por Crazy Taxi em que é preciso entregar comidas o mais rápido possível.

Modo foto de Like a Dragon: Infinite Wealth

Dessa vez, os produtores trouxeram até um sub-jogo completo que satiriza Pokémon, com torneios e capturas. Há também uma ilha adicional na qual Ichiban precisa cuidar, seguindo o estilo de títulos como Animal Crossing e Stardew Valley. É muito conteúdo extra, e essas adições estendem a longevidade do jogo com sucesso para muitas horas após o término da campanha principal.

Ritmo ruim e uma monetização bizarra

Kiryu e seus aliados

No entanto, Infinite Wealth erra ao constantemente paralisar a narrativa para introduzir esse conteúdo extra, quebrando o ritmo da campanha múltiplas vezes com bobagens. Faltou saber equilibrar esse material corretamente, para que esse conteúdo seja, de fato, secundário – e não pesar a mão na monetização adicional.

Além do jogo, a SEGA decidiu vender diversos bônus pela loja da Steam, totalizando mais de 800 reais em DLCs com boosters de XP, roupas e funcionalidades básicas, como o Novo Jogo +. A existência desses produtos extras é completamente desnecessária, e ainda põe a progressão do combate em xeque.

Cena da campanha do título

Esses pacotes dão a impressão de que algumas partes da aventura foram propositadamente projetadas para incentivar os jogadores menos pacientes a comprar os boosters para progredir na experiência com mais facilidade. Afinal, nem mesmo a possibilidade de ajustar a dificuldade no decorrer da campanha, uma função que esteve presente em grande parte dos títulos da saga até então. 

Excelente, apesar dos pesares

Apesar da falta de foco, da monetização desnecessária e de uma jogabilidade que não está no mesmo patamar dos outros títulos da mesma desenvolvedora, Like a Dragon: Infinite Wealth é sensacional, carregado totalmente por sua narrativa espetacular. A culminação de anos de história em um único pacote torna o título em uma experiência imperdível para os fãs da saga.

Cópia de PC cedida pelos produtores

Revisão: Ailton Bueno

Like a Dragon: Infinite Wealth

8.5

Nota Final

8.5/10

Prós

  • Narrativa excelente
  • Muito conteúdo secundário

Contras

  • Combate ruim
  • Minigames prejudicam ritmo da campanha
  • Monetização sem noção