Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name marca o retorno de Kiryu a uma posição de protagonismo na franquia Yakuza. O jogo é divertido e apresenta uma boa história, apesar da presença de vários problemas no desenrolar de sua campanha.
Desenvolvimento: Ryu Ga Gotoku Studio
Distribuição: SEGA
Jogadores: 1-2 (local)
Gênero: Ação
Classificação: 18 anos
Português: Interface e legendas
Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S
Duração: 18 horas (campanha)/40 horas (100%)
A novela não acabou
Agindo como ponte entre o suposto fim da história de Kiryu e os eventos que serão mostrados por Infinite Wealth, Like a Dragon Gaiden dá sequência aos acontecimentos de Yakuza 6. Na trama, vemos o personagem principal vivendo como Joryu.
O homem agora trabalha como espião para a facção que o ajudou a fingir sua morte, realizando serviços esporádicos em troca de financiamento para seu orfanato. A campanha explora o espiral depressivo do protagonista por conta de toda essa situação, ao mesmo tempo em que retrata os impactos de sua decisão e os dramas internos das facções e alianças envolvidas no submundo da criminalidade japonesa.
Sem grandes inovações, The Man Who Erased His Name é um ótimo epílogo, com uma trama dentro das expectativas do que é geralmente apresentado pela série, mantendo a mesma linguagem novelesca, emotiva e melodramática de sempre. O game funciona perfeitamente como um fim da saga de Kiryu, embora isso não seja o que irá ocorrer, pois Gaiden só existe para preparar terreno para os eventos do oitavo produto da franquia – fazendo com que seja necessário jogar esse título para compreender a narrativa de Infinite Wealth.
O jogo tem um ritmo mais sucinto do que o habitual devido à sua duração reduzida, dado que a aventura possui apenas cinco capítulos. Gaiden foi produzido pela Ryu Ga Gotoku Studio em somente seis meses, e isso é perceptível já que a campanha é constantemente prejudicada por conteúdos secundários que consomem um tempo que poderia ser dedicado à história de fato.
Um parque de diversões
Uma abundância de material suplementar faz parte da identidade de Yakuza, e isso está presente em The Man Who Erased His Name. Apesar do jogo não adotar as sub-histórias em seu formato tradicional, Gaiden tem a Rede Akame como uma de suas principais novidades.
A função traz pedidos aleatórios e repetitivos para Kiryu, funcionando como missões semelhantes às histórias secundárias. Entretanto, grande parte deles não dispõem de uma narrativa significativa, e isso tira muito do carisma do universo do game. Completar missões é um requisito, uma vez que os aprimoramentos para as habilidades de Kiryu são obtidos através dos pontos recompensados ao cumprir as tarefas.
Felizmente, os conteúdos complementares não se limitam à Rede Akame. No jogo, temos corridas de autoramas, cassinos, karaokê, dardos, sinuquinha e até um cabaré, no qual Kiryu pode conversar com mulheres live action.
O melhor de todos esses modos extras é o fliperama, que traz games como Sonic the Fighters, Motor Raid, Virtua Fighter e Daytona USA 2 (hoje chamado de Sega Racing Classic 2, por motivos de licenciamento), que faz sua estreia nos consoles por meio de Gaiden. Além de ser uma ótima forma de acessar esses clássicos da SEGA, os arcades também oferecem suporte para jogatinas com até duas pessoas, expandindo o valor do jogo de uma maneira muito legal.
Porradaria empolgante
O combate é o ponto alto de The Man Who Erased His Name. Gaiden não é um RPG baseado em turnos, mas sim um título com a característica porradaria da saga. Kiryu é extremamente forte, e como espião, tem acesso a diversos gadgets que lhe concedem habilidades típicas de filmes de espionagem. Porém, essas bugigangas não combinam com a pancadaria e fazem pouco sentido até dentro do próprio sistema de batalhas, que destoa da tonalidade sisuda da campanha graças à sua violência de desenho animado.
Apesar disso, as mecânicas são responsivas e funcionam bem, proporcionando lutas divertidas com inimigos que possuem ataques surpreendentes. O sistema de combate se destaca no modo Coliseu, um outro conteúdo secundário que ocupa um tempo considerável da experiência. Essa atividade possibilita lutas que fogem do normal da saga, reciclando também confrontos históricos de Kiryu contra seus rivais além de ter sua própria narrativa e sistema de ranqueamentos.
Apresentação sensacional
Like a Dragon Gaiden é um grande avanço visual em relação aos outros games que foram produzidos na engine usada pela RGG. A cinematografia das cenas é excelente, e a iluminação dos mapas é espetacular. A versão de PC oferece várias opções gráficas que propiciam uma performance livre de travamentos, embora a qualidade da imagem seja um pouco afetada por serrilhados.
A dublagem em inglês ficou para uma atualização futura, existindo apenas a opção de áudio em japonês no lançamento. Gaiden é apresentado em português, com uma localização que toma liberdades para adaptar os diálogos da história e gírias que nem sempre correspondem ao tom das cenas – mas nada que prejudique a compreensão da narrativa. No entanto, Like a Dragon Gaiden é uma prova de que os responsáveis deveriam ir além e traduzir também o nome dos jogos. “O Homem que Apagou o Próprio Nome” certamente seria um nome mais coeso para o público brasileiro do que The Man Who Erased His Name.
Poderia ser melhor
Like a Dragon Gaiden é sustentado totalmente por sua narrativa, já que a campanha é arrastada e sofre pela necessidade de se ter um jogo cuja duração justifique os altos valores cobrados pela SEGA. O game propriamente dito não está no mesmo nível de excelência dos outros títulos da série, mas ainda assim consegue proporcionar uma aventura eletrizante e emocionante.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno