Capa de Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii

Review Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii (PC) – Um pirata doidão

Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii é um spin-off da principal franquia da SEGA que foge das expectativas ao transformar um dos personagens mais queridos da série em um pirata. O jogo foi construído sobre a base de Infinite Wealth, mas isso não significa que o título seja mais do mesmo – pelo contrário, pois há uma infinidade de novos sistemas, além de uma ótima história e uma jogabilidade excelente.

Desenvolvimento: Ryu Ga Gotoku Studio

Distribuição: SEGA

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Ação

Classificação: 18 anos (violência extrema, linguagem imprópria, drogas lícitas)

Português: Interface e legendas

Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S

Duração: 21 horas (campanha)

Sem memória no Havaí

Protagonista de Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii

Pirate Yakuza in Hawaii é uma sequência direta dos eventos de Infinite Wealth, continuando a trama do oitavo jogo após seu encerramento. Naquela ocasião, Majima estava no Havaí supervisionando os ex-yakuzas na limpeza de resíduos nucleares nas ilhas. Ao retornar para o Japão, ele foi atacado por uma lula gigante, ficando naufragado e sem memória. Após ser resgatado por um garoto cujo pai é um caçador de tesouros, Majima acaba se envolvendo no submundo da pirataria. E ao mesmo tempo em que tenta recuperar suas memórias, ele se torna capitão de um navio e se vê em meio a um jogo de interesses na busca por um tesouro perdido.

Um dos principais equívocos dos desenvolvedores foi deixar Majima em segundo plano após sua excelente representação em Yakuza 0, que foi lançado originalmente em 2015. De certa forma, esse jogo tenta corrigir isso e com sucesso, trazendo toda a insanidade que marca o personagem e até cenas musicais. Entretanto, a trama do game, com o tempo, perde fôlego ao retornar em alguns dos elementos mais fracos da campanha de Infinite Wealth, que foi carregado mais pelos momentos emocionais de Kiryu do que pelas desventuras de Ichiban no Havaí.

Pegando tesouro em Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii

A trama principal não é tão longa quanto os outros títulos da franquia, visto que os cinco capítulos duram, em média, duas horas cada. O problema é que esse ritmo mais sucinto é prejudicado pela forma que o conteúdo secundário é introduzido. É necessário gastar um bom tempo de jogo nas histórias secundárias e nos minigames apenas para inflar a campanha que, por si só, já é consideravelmente longa.

Porradaria naval

Batalha naval em Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii

A gameplay é o ponto mais surpreendente de Pirate Yakuza in Hawaii. Enquanto o estúdio prioriza mecânicas de RPG que não funcionam tão bem nos títulos principais, os spin-offs refinam ainda mais a fórmula tradicional. A clássica porradaria em tempo real da série está de volta, dessa vez abraçando um absurdismo tão grande na jogabilidade (e perfeitamente compatível com Majima) a ponto do jogo chegar a lembrar Devil May Cry, com pulos espetaculares e golpes insanos.

Além do combate, há batalhas entre navios e fases de exploração marítima, com ilhas repletas de tesouros espalhados pelo mapa. O combate do navio é limitado, pois há apenas dois botões de tiros laterais que precisam ser disparados enquanto Majima se movimenta em direção aos rivais.

Cena da campanha de Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii

O navio pode ser aprimorado ao longo do jogo, o que certamente aprimora a gameplay e deixa esses momentos mais toleráveis – especialmente na segunda metade da campanha, centrada em derrotar vários navios rivais num campeonato do submundo havaiano.

Bastante conteúdo secundário

Karaokê de Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii

Fora do combate, Pirate Yakuza in Hawaii mantém a mesma estrutura de Like a Dragon, com as tradicionais histórias secundárias, e, claro, os minigames. Karaokê, Daytona USA, corridas de kart, jogos de Master system e outros retornam ao game – que oferece muito conteúdo adicional, justificando o preço cheio, mesmo sendo um título de menor escala.

A principal novidade é um sistema de culinária no qual é preciso plantar, colher e preparar alimentos. É uma ferramenta útil para se conseguir itens para as batalhas, que são eletrizantes e dentro da temática, já que há até confrontos especiais entre capitães de navios.

História secundária em Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii

O lado mais decepcionante de Pirate Yakuza in Hawaii é um trecho da campanha em que é necessário recrutar marujos para o navio. É preciso cumprir atividades bastante maçantes várias vezes, tirando a alegria do parque de diversões que os mundos abertos de Yakuza costumam ser. Essa parte leva tempo, tornando o segundo capítulo mais longo do que o normal – pelo menos, depois disso não é mais necessário se forçar a completar essas tarefas.

A mesma engine de sempre

Exploração em Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii

Pirate Yakuza in Hawaii mais uma vez utiliza a Dragon Engine, o motor gráfico proprietário da Ryu Ga Gotoku Studio. A apresentação, portanto, é semelhante à dos outros títulos da franquia, mas algo a se notar é que os visuais já estão ficando ultrapassados para os padrões atuais. A iluminação, principalmente com o HDR ativado, é pouco detalhada e tem um tom esverdeado e cores excessivamente saturadas, enquanto todos os reflexos são exibidos em uma resolução baixa.

Assim como no restante da franquia, existe uma distinção notável entre as cutscenes e as cenas da jogabilidade. As cutscenes possuem uma captura de movimentos excelente, mas as cenas da gameplay são estáticas e robóticas – e como Pirate Yakuza in Hawaii mistura os dois tipos, a experiência cinematográfica acaba tendo uma qualidade inconsistente. A versão para PC funciona bem, oferecendo suporte completo para mouse e teclado, formato de tela ultrawide e até mesmo compatibilidade com a geração de quadros. Um problema, no entanto, está na implementação do FSR, pois a imagem sofre com serrilhados até no modo qualidade, algo incomum em outros games.

Cena secundária de Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii

Um destaque é a localização brasileira. Assim como nos últimos títulos da franquia, Pirate Yakuza in Hawaii está totalmente legendado em português, com adaptações que refletem o tom das situações inusitadas da trama com sucesso. Embora a trilha sonora seja incrível, a dublagem em inglês e japonês deixa a desejar devido à repetitividade das vozes de fundo – mas, fora isso, essa é uma experiência imperdível, superando muitos lançamentos principais da série Like a Dragon.

Excelente

Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii é lento e demorado, mas compensa ao oferecer uma aventura extremamente carismática e divertida. Embora o game sofra com a repetitividade do conteúdo do jogo anterior, as novidades fazem com que ele mereça a atenção de todos os fãs da série. Porém, é importante salientar que quem está em busca de uma experiência focada na pirataria pode acabar se decepcionando, porque esse não é necessariamente o foco do título – que ainda é um Yakuza em sua essência.

Cópia de PC cedida pelos produtores

Revisão: Ailton Bueno

Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii

9

Nota Final

9.0/10

Prós

  • Boa jogabilidade
  • História inesperada

Contras

  • Ritmo lento
  • Visuais ultrapassados