Capa do jogo.

Review Little Nightmares II (Switch) – O poder da amizade

Em um mundo distópico, onde nem mesmo as leis da física fazem sentido, a única coisa capaz de superar os obstáculos é o poder do companheirismo e da surpresa. Essa é uma frase que representa bastante Little Nightmares II. Inicialmente bem parecido com Limbo e Inside, o jogo já traça suas diferenças de cara, de forma natural e condizente.

Desenvolvimento: Tarsier Studios

Distribuição: Bandai Namco Entertainment

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Ação, Aventura, Suspense

Classificação: 14 anos

Português: Legendas e interface

Plataformas: PS4, PS5 , Switch, Xbox One , Xbox Series X/S, PC

Duração: 5.5 horas (campanha)/9.5 horas (100%)

Ambientação incrível

Mono e Six percorrendo o mapa, com a torre misteriosa de fundo.

Ambientado num mundo cinza e macabro, onde os habitantes têm uma clara necessidade de estocar e descartar TVs de tubo, sapatos e vários outros objetos, Mono – provavelmente uma referência à sua paleta de cores e ao número um – se une a Six – protagonista do primeiro jogo – para desativarem uma torre distante, que produz um zumbido constante, afetando não só a população local como também a arquitetura. Isso acabou curvando os prédios e construções em sua direção.

Um paralelo importante a se traçar aqui é que, por mais obscura e tenebrosa a ambientação seja, os cenários são bem mais claros do que os do primeiro Little Nightmares. Talvez pelo fato de Mono não possuir o isqueiro, como Six possuía no primeiro título. A temática macabra toca em assuntos como morte, suicídio, abandono e abuso. E isso tudo traz uma reflexão ao jogador: “qual o lado humano dos pesadelos?”.

A interação de Six com Mono é um ponto muito polida. Além de acompanhar o protagonista, auxiliando em puzzles, segurando alavancas e dando “pezinho” para alcançar lugares mais altos, ela reage ativamente com quaisquer decisões que Mono tomar.

Six também faz falta em dados momentos. Das partes em que ela não está presente do seu lado, a sensação de isolamento e solidão vêm com tudo, sendo necessário o jogador solucionar puzzles sozinho e sofrer um pouco mais para resgatá-la. Sinto que parte do caminho para o segundo jogo da série foi pavimentada com os DLCs do primeiro, especialmente a parte de coop como no conteúdo adicional The Hideaway, e a parte de combate em The Residence.

Furtividade e adição de combate agressivo

Mono e Six passando por uma TV, que passa a imagem de duas mãos saindo de dentro, clara referência ao filme Poltergeist.

A mecânica de stealth presente no Little Nightmares anterior volta com tudo, e bem mais dinâmica, possibilitando até o combate de forma bem mais agressiva do que no primeiro. E se prepare para ser pego de surpresa. O que não falta em Little Nightmares II é oportunidade para levar bons sustos, com momentos de tirar o fôlego.

O combate é necessário em certos momentos do enredo. Os chefes voltaram, porém a possibilidade de combatê-los diretamente auxilia na quebra de expectativas. É preciso bater na hora certa, fugir, se esconder, e por aí vai. O uso de armadilhas também pode ser amplamente abusado pelo jogador, inicialmente sendo uma série de obstáculos, que requerem uma cautela bem minuciosa e que podem (e devem) ser utilizados contra os seus inimigos.

Objetos podem ter interações de diferentes formas, criando várias opções de resolução de puzzles, e vão desde chaves e caixas até ferramentas como marretas e parafusos. Tudo pode e vai ser utilizado para a progressão do jogador no cenário, de forma bem intuitiva ou, às vezes, bem fora da caixa, sendo necessário um auxílio progressivo do jogo ao explicar mecânicas de forma indireta.

Uma ótima continuação

Mono levantando num cenário diferente, enquanto uma luz forte vem em sua direção.

Por fim, Little Nightmares II mantém a expansão de universo iniciada nas HQs, lançadas após o primeiro jogo. Os gráficos estão bem polidos, porém não são nada a serem destacados no Switch. Um ponto positivo são os cenários, principalmente das cidades. Nas florestas a qualidade gráfica infelizmente deixou a desejar. O design de som é outro ponto que merece ser exaltado. Os inimigos ditam suas ações por meio não só de grunhidos e palavras, mas a cada passo e respiração. Entretanto, isso pode atrapalhar os que decidirem jogar sem fone de ouvido.

Little Nightmares II é um ótimo jogo, e você pode começar tranquilamente a franquia por ele, embora isso vá despertar dúvidas sobre o universo da série, fazendo o jogador consumir o primeiro Little Nightmares e seus DLCs, além das histórias em quadrinhos. 

Cópia de Switch cedida pelos produtores.

Revisão: Jason Ming Hong

Little Nightmares II

9

Nota final

9.0/10

Prós

  • Design de personagem e mundo
  • Trilha sonora excelente
  • Jogabilidade inovadora e intuitiva

Contras

  • Curto, apesar de maior do que o primeiro
  • Gráficos no Switch polidos, porém fracos
  • Posicionamento confuso para alguns saltos