Lost in Fantaland é uma mistura inteligente de roguelike e deck builder, com visual retrô que remete diretamente à era de ouro dos 16 bits. É o tipo de jogo que conquista de cara pelo estilo artístico caprichado, mas te prende de verdade pelo ciclo viciante de morrer, evoluir e tentar novamente. Cada nova tentativa traz oportunidades diferentes: comprar melhorias, trocar de classe e explorar novas estratégias — um loop que te desafia e recompensa na mesma medida.
Desenvolvimento: Supernature Studio
Distribuição: Game Source Entertainment
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG, Tabuleiro
Classificação: 12 anos (Linguagem Imprópria)
Português: Não
Plataformas: PC, Android, iOS, Switch, PS5
Duração: 13 horas (campanha)
Humor e leveza em um mundo cruel

Apesar do visual melancólico e do tema de fantasia sombria, Lost in Fantaland tem uma veia cômica deliciosa. Os diálogos são cheios de humor e ironia, o que dá uma personalidade marcante ao protagonista e evita que a experiência se leve a sério demais. Essa leveza contrasta bem com o desafio constante, criando um equilíbrio raro entre frustração e diversão.
Além disso, a trilha sonora calma funciona como um bálsamo entre as batalhas. Ela não tenta roubar a cena, mas se encaixa perfeitamente na proposta do jogo, tornando cada sessão mais relaxante do que estressante — algo raro no gênero roguelike.
Estratégia em cada carta

A parte de construção de deck é o verdadeiro coração do jogo. É possível adicionar novas cartas, aprimorar efeitos e coletar artefatos que concedem bônus passivos, o que cria uma sensação constante de crescimento e personalização. As decisões importam, e encontrar combinações que funcionem bem entre cartas e artefatos é parte do prazer.
Somado a isso, o mapa é cheio de pontos de interação, todos claros e intuitivos, o que evita confusão e deixa o ritmo fluir naturalmente. O sistema de aceleração de batalhas também é uma dádiva — apertar um botão e ver o combate resolver-se rapidamente é o tipo de qualidade de vida que faz diferença, especialmente em runs mais longas.
Uma aventura solitária demais

Mesmo com tantas qualidades, Lost in Fantaland peca na sensação de solidão. Só é possível controlar um personagem por vez, o que deixa o campo de batalha sempre em desvantagem numérica e faz a estratégia se repetir com o tempo. Ter mais heróis na equipe daria ao jogo uma nova camada de profundidade e variedade, além de ampliar as possibilidades táticas.
Outro ponto é a dificuldade. Embora exista um modo fácil, ele limita o progresso até o segundo mundo, o que acaba frustrando quem busca uma experiência mais acessível e completa. O resultado é um jogo que exige dedicação, mas nem sempre oferece caminhos equilibrados para quem quer apenas se divertir.
Um pequeno grande vício
Lost in Fantaland é uma grata surpresa: bonito, desafiador e cheio de personalidade. Seu humor peculiar, pixel art encantador e sistema de cartas profundo o colocam entre os melhores títulos do gênero indie recente. Mesmo com limitações e certa repetição, é fácil se perder — e se divertir — nesse mundinho de fantasia e estratégia onde cada derrota é só o início de uma nova tentativa.
Cópia de Switch cedida pelos produtores




