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Review Marvel Midnight Suns (Xbox Series X) – Melhor jogo da Marvel

Existem momentos na vida onde seu nerd interior precisa agradecer aos deuses por uma boa ideia. Eu não sei quem teve a consciência de sair do clichê de sempre fazer jogos de heróis seguindo o gênero de ação ou aventura e tentar uma coisa nova. Mas agradeço muito por isso. Talvez tenha sido um lampejo genial do famoso Sid Meier, criador da desenvolvedora do game ou de algum figurão da Marvel viciado em XCOM. 

Marvel: Midnight Suns é um RPG tático por turnos, que funciona com o adicional de cartas de habilidades e conta com um bom selecionado de personagens da Casa das Ideias. É uma aventura nova com um um grupo obscuro de heróis que pode ser imersiva, épica e viciante. 

Desenvolvimento: Firaxis 
Distribuição: 2K
Jogadores: 1 (local)
Gênero: RPG, estratégia
Classificação: 16 anos
Português: Legendas e interfaces
Plataformas: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X/S, Switch
Duração: Não há registros 

Mistérios da meia-noite 

O lider dos Midnight Suns nas HQs

O game da Firaxis nos coloca na pele de um personagem novo, no meio de um dos grupos mais desconhecidos da Marvel, os Filhos da Meia Noite. Eles foram criados na década de noventa, em uma época onde as vendas de HQs iam de mal a pior. A sacada foi formar um time da Casa das Ideias com super heróis mais ligados à magia, sombras e seres ocultos, na primeira, e acredito que única saga do grupo original, eles são recrutados para combater a vilã Lilith, mãe de todos os demônios. 

Em Marvel: Midnight Suns estamos numa situação bem parecida, mas existem várias diferenças e a adição de um personagem novo: The Hunter. Que é ninguém mais ninguém menos que um avatar seu, customizável e tudo. Filho da Lilith e ressurreto para combater a mãe, o nosso personagem se aloca numa antiga abadia na cidade de Salém de uma dimensão alternativa, cheia de coisas para fazer e personagens para interagir. Além de, é claro, lugares para treinar, batalhar e esse tipo de coisa. No fim o objetivo é parar a vilã.

Não falaremos mais sobre o enredo porque acredito que possa tirar um pouco da graça da coisa. Mas se for entrar pros Midnight Suns, se prepare para uma experiência imersiva e única. 

Hail Hidra? 

Abata os inimigos da HIDRA

Como é de praxe, a famosa organização Hidra está presente no título, são eles que querem trazer a Lilith de volta, e bem, é neles que você vai ter que descer a porrada. E é aqui que o jogo brilha, o combate diferenciado de Midnight Suns é viciante, inovador até. 

Não é somente um XCOM da Marvel como muitos poderiam pensar, vai além disso. Os elementos que fizeram a franquia de aliens da Firaxis ser tão bem quista entre os RPGs táticos estão também no novo game, mas melhorados. Eu me perdi de ler em fóruns sobre pessoas que perderam 600h ou 500h em XCOM e não compreendia o motivo. Sempre gostei muito de Final Fantasy Tactics e sou um fã de carteirinha de Fire Emblem, mas na franquia dos alienígenas temos mais conteúdos e fator replay do que nas obras japonesas e o mesmo se aplica a Marvel Midnight Suns. 

Boas lutas de rpg tático
As cartas dão um ar novo à jogabilidade

O combate é parecido com XCOM e até Fire Emblem, então pessoas acostumadas com jogos do tipo se sentirão em casa. Contudo o game da Marvel é mais acessível, e ainda inova colocando um deque de cartas nas nossas mãos. Só podemos usar habilidades se tivermos a carta de tal naquele momento, isso dá um fator replay absurdo, porque nunca você virá com as mesmas cartas. 

É preciso cuidar direitinho das nossas cartas, elas variam bastante; desde usar o Ataque Ágil do herói Blade para ganhar mais um turno, ou usar os ventos do Dr. Estranho e empurrar adversários contra paredes, as habilidades curativas de Hunter e até o possante envenenado do Motoqueiro Fantasma para detonar inimigos. O game tem várias dificuldades, mas para ser jogado da maneira mais empolgante acredito que acima do normal é o ideal. É ali que você estoura seus miolos pensando em como vai derrotar os inimigos no menor número de turnos possíveis e assim ganhar mais recompensas. 

As habilidades, os personagens e outras coisinhas podem ser melhoradas na Abadia, mas falaremos disso depois. Na minha experiência em Marvel: Midnight Suns, senti uma empolgação de vencer inimigos, fazer abates em sequência que nem mesmo em Fire Emblem que amo de paixão, havia sentido. 

O caçador e a abadia

Molde seu personagem como quiser

Como citado antes, apesar de podermos utilizar vários heróis nas batalhas, dentro do nosso QG – a abadia – utilizamos o nosso avatar, Hunter. O local serve como um lobby, ali vamos aos painéis de missões, área de treinamento, e lugares que nos contam mais sobre a história do jogo, mas nada é engessado, sendo tudo muito fluido. É enquanto exploramos a abadia – que parece uma mistura de Hogwarts com Mansão X – que descobrimos naturalmente como podemos evoluir, sobre as cartas e sobre a lore. 

O local é cercado por uma floresta sombria, que não é assim tão legal de explorar, mas nos dá recompensas que valem a pena. No recinto existem vários locais que podemos desbloquear para termos histórias novas, e todo tipo de conteúdo para Hunter e nossos colegas de equipe.

Os trevosos da Marvel interagem

O caçador é completamente movido por nós, tanto nas andanças quanto nas opções de diálogos. Escolhemos como ele vai ser, se será mais do mal ou do bem. Existe um sistema de karma muito bem usado em Marvel Midnight Suns. Se formos mais “maldosos” ganharemos habilidades mais sombrias, se formos bonzinhos, habilidades da luz. Isso se aplica aos itens e roupas (o que tem em toneladas no jogo). 

Os itens e roupas, dinheiro e coisas do tipo são desbloqueadas não só pelos combates, mas interagindo com os heróis que lá estão. Sim, você pode se tornar um amigão do Homem Aranha e ganhar recompensas por isso, ou não. No meu caso estou apaixonado pela Magia dos X-MEN e indo por um caminho mais místico na minha jogatina.

Escolha cada diálogo

Tudo é muito aberto. O sistema de amizades é simples: ajude os heróis, os chame para atividades como ir pra piscina, pintar ou jogar videogame, dê presentes, tente descobrir sobre o passado deles, e quem sabe você ganhe uma boa recompensa enquanto mergulha naquele universo mais e mais. Cada personagem é muito diferente, então não adianta querer chamar o Motoqueiro Fantasma para meditar e o Blade para jogar videogame, isso não vai dar resultado, é preciso conhecer o perfil dos personagens e daí chamá-los para interagir da forma certa. 

Assim como nos últimos jogos de XCOM, a Abadia pode ser customizada. Desde coisas que nos ajudam nos treinamentos, até itens meramente estéticos como quadros de parede com screenshots que tiramos. Isso dá um dinamismo incrível, faz o lugar parecer vivo e nos imerge mais no jogo. 

Vamos aplaudir tudo?

Graficamente, Midnight Suns é na média e tem bons gráficos e um bom sistema de iluminação, o character design acerta mais do que erra. Os cenários são fantásticos, a Abadia é linda. Algumas animações não são tão bem feitas, mas não atrapalham. 

A trilha sonora é boa, mas não ótima. Não existe aquele tema que fica nas nossas cabeças como alguns do outro RPG de estratégia Fire Emblem ou até mesmo do famoso Marvel’s Spider-man (2018). Mas contudo, em algumas ocasiões temos temas épicos de batalha que dão uma certa emoção a mais. 

O jogo possui uma ótima dublagem

O título conta com uma equipe ótima na dublagem original em inglês: temos a incrível atuação de atores que dublaram One Piece, AOT, Owl House etc. O Teioso, por exemplo tem a voz original do Spider-man nos jogos e alguns desenhos. Além de todos os profissionais serem geniais e experientes, temos uma participação especial: Graham McTavish (Hobbit, House of Dragon e The Witcher) também dá a voz a um herói. Em suma, a dublagem em inglês é perfeita. Mas, mesmo assim, ver o jogo dublado em português como são os jogos da DC Comics, seria ainda mais. E ajudaria também na imersão de quem não entende tanto o Inglês.

Marvel Midnight Suns não sofre tanto com  bugs quanto XCOM 2 na época em que foi lançado, mas tem quedas de FPS quando estamos explorando a floresta. Problemas de textura e animações um pouco travadas às vezes ocorrem. Um mapa ou uma bússola na tela ajudaria na exploração da abadia e seus arredores. Como dá para customizar tudo do Hunter, queria que isso fosse possível com os outros heróis, só podemos mudar as skins e as cores, há diversidade, mas isso seria tão legal, quem sabe num segundo jogo? Infelizmente o fato de não ser dublado também é um pequeno contra. 

É o melhor jogo da Marvel, sim

Marvel: Midnight Suns inova, traz uma atmosfera que nunca vimos em jogos de heróis que geralmente são caça níquéis e tem tudo pra ditar moda, popularizando ainda mais o gênero. As batalhas com cartas e a constante evolução de habilidades impedem o jogo de ser repetitivo. Dito isso, temos lutas desafiadoras e muito gostosas de serem jogadas. Um sistema de interação com o mundo e personagens que é ótimo, tudo isso numa história bem feita e redondinha. 

Lutar ao lado de figurões e figurinhas da Marvel nunca foi tão divertido, a obra tem muito o que ensinar ao vindouro Hogwarts Legacy e ensina como fazer um jogo de super herói bem feito saindo do clichê de esmagar botões.

Marvel: Midnight Suns é obrigatório para fãs da Marvel, fãs de quadrinhos, fãs de um bom jogo de estratégia e rpg. Além disso, é uma ótima porta de entrada para o gênero de RPG tático. Ah vamos admitir logo: É um must play, um jogão pra todo mundo. 

Cópia de Xbox Series X cedida pelos produtores

Revisão: Ailton Bueno

Marvel Midnight Suns

10

Nota final

10.0/10

Prós

  • Ótimo sistema de combate
  • Inovador no gênero
  • Fator replay
  • Muito conteúdo
  • Viciante

Contras

  • Podia ser dublado em PT-BR
  • Trilha sonora abaixo do esperado