Há aproximadamente 10 anos, numa sexta-feira, um jovem Eduardo (eu) chegava eufórico em casa depois da escola. O motivo da euforia? Ele tinha pego uma cópia de Mass Effect 2 com um amigo para jogar no seu Xbox. E desde então, esse sentimento passou por altos e baixos. Mas, retornou em cheio com o anúncio desse pacote, que compila os três primeiros jogos da franquia, juntamente de seus conteúdos adicionais.
Desenvolvimento: Bioware
Distribuição: Electronic Arts
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura, Tiro, RPG
Classificação: 14 anos
Português: Interface e Legendas
Plataformas: PS4, PC, Xbox One, Xbox Series X/S e PS5
Duração: 83.5 horas (campanha)/101 horas (100%)
Uma aventura espacial
Ambientado no futuro, o primeiro Mass Effect conta a história do Comandante Shepard, o primeiro Spectre. Ele descobre um artefato capaz de induzir visões apocalípticas do futuro, relacionados a uma raça antiga conhecida como Reapers. Na cola de Saren, General do exército Geth, Shepard comanda a Fragata Espacial Normandy e recruta vários personagens icônicos para essa tarefa.
Conseguimos traçar vários paralelos em relação à história, assim como cada personagem desempenha uma função específica. A própria Normandy é personificada, tornando-se uma nave tão icônica quanto o Going Merry de One Piece, obra do mangaká Eiichiro Oda. Ao mesmo tempo, ela toca em temas como tensões políticas, genocídio, xenofobia, sexualidade e moral
Já em Mass Effect 2, Shepard, após dois anos após sua última batalha contra Saren, descobre informações que revelam a participação de uma facção conhecida como Os Coletores, que planejam a volta dos Reapers e o rapto de colônias humanas inteiras, sem deixar vestígios. A Normandy é completamente destruída num confronto contra essa facção, e uma nova é construída pela organização Cerberus, que conhecemos brevemente no primeiro jogo. Tal organização é uma espécie de Black Ops.
Shepard precisa mais uma vez recrutar novos companheiros para dar continuidade à sua missão suicida. Companheiros antigos do primeiro Mass Effect retornam, e novos aparecem, como uma IA, e até mesmo um Geth. Os temas citados previamente estão de volta e de maneira mais agressiva, pois a ameaça dos Reapers foi exposta e a humanidade está em pânico total. A repressão está a todo vapor, e Shepard precisa unificar as raças em prol da galáxia – novamente.
No terceiro Mass Effect, Os Reapers invadem a galáxia e rapidamente já começam seu genocídio. A Terra é aniquilada em poucas horas de guerra. Então, mais uma vez, cabe a Shepard, de volta a Aliança, pedir ajuda do conselho – que não o levou a sério – e derrotar os Reapers de uma vez por todas, enquanto enfrenta a mesma organização que o ressuscitou e lhe deu recursos para enfrentar os Coletores no jogo anterior, a Cerberus. Organização essa que se aproveitou da histeria galáctica para dominar planetas, recursos e tecnologia, a fim de monopolizar o universo sob o domínio corporativo.
Jogabilidade nostálgica e única
Mass Effect é um shooter em terceira pessoa com elementos de RPG. No sistema de criação de personagem, você consegue decidir se seu Shepard será o Soldado, especializado em diversos tipos de munição, implantes de adrenalina e armaduras; ou Engenheiro especializado em drones de combate, torretas automáticas, hacking, deferimento de choques neurais em inimigos; ou se será o Adepto, utilizando implantes bióticos que permitem levantar, puxar, arremessar, e destruir inimigos em nível molecular, ou usar barreiras, campo de congelamento, e forçando inimigos a explodirem seus escudos. O jogo te força a tomar decisões e lidar com as consequências, e cada especialização inicial do seu personagem te deixa abordar problemas de maneiras diferentes: Um Engenheiro consegue aproveitar mais recursos de uma sonda abandonada do que um Soldado, que por sua vez, é o único que possui treinamento de combate com armaduras pesadas.
Essa edição, além de remasterizar texturas e arquivos de áudio, também muda alguns elementos e mecânicas, e implementa shaders. No primeiro jogo, entre diversas otimizações e limpeza da HUD, a melhor mudança foi na dirigibilidade, que era extremamente frustrante. O veículo de exploração superficial atravessa terrenos difíceis de maneira bem agressiva, simples e dinâmica, embora alguns bugs ainda aconteçam.
No segundo Mass Effect, a dirigibilidade também foi melhorada, e é feita através do Hammerhead, uma espécie de tanque-planador. Já a exploração galáctica fica por conta do jogador, que decide para qual corpo celeste deseja ir, quais recursos deseja extrair e como manejar combustível e sondas de extração. Essa mecânica permanece no terceiro game, juntamente a um sistema de notoriedade. Caso Shepard utilize o radar para procurar recursos muitas vezes, pode ser detectado e perseguido por Reapers. Isso pode deixar jogadores recém-chegados completamente perdidos, pois não há um tutorial ensinando esses conceitos, mas em contrapartida são bem intuitivos. A nova edição diminui muito os efeitos aleatórios gerados, mantendo o seu sucesso ou fracasso de acordo com as suas escolhas, focadas no seu personagem (como sempre devia ter sido).
Importar saves é uma função bem simplificada, agora. Os jogadores podem manter o mesmo personagem desde o primeiro Mass Effect, mantendo as escolhas e os romances. Sim, existe a possibilidade de se relacionar com alguns aliados, sejam eles da mesma espécie ou não. O romance, além de fazer parte da história, é uma das motivações do personagem na hora de continuar. Vale ressaltar que, com essa edição, todo o conteúdo adicional pode ser jogado novamente, de graça, embora os DLC não apresentem nenhuma consequência significativa no universo dos jogos seguintes, mas somente algumas linhas de diálogo a mais.
Talvez, por ser muito novo quando joguei pela primeira vez, eu não tenha dado a atenção que os diálogos merecem. Percebi que o sistema de Paragon/Renegade é impressionante. Ele te deixa escolher entre ser mais calmo e mais cauteloso com suas ações, falas e missões; ou mais bruto e direto com a aproximação de certas missões, pular etapas diplomáticas e simplesmente correr atrás dos resultados. Cada personagem reage positivamente a ações diversas. Não adianta “falar fino” com os Krogan, uma raça de brutamontes que nascem somente para a guerra, por exemplo. Do mesmo jeito, ser rude contra os Asari ou os Salarianos é pedir para ter sua recompensa cortada pelo mau comportamento.
Vale ou não vale?
Mass Effect: Legendary Edition vale a pena sim, principalmente se você é fã de longa data, ou caso se interesse por RPGs de exploração espacial com esse sistema de carisma, gerenciamento de recursos e de equipe. Houveram correções de problemas extremamente frustrantes, como a dirigibilidade (já citada), atravessamento de paredes, soft block, e diálogos que antes travavam o protagonista num impasse. O reavivamento dos gráficos acaba trazendo jogadores novos à franquia, que é uma das clássicas da sétima geração de consoles. Mass Effect continua sendo um must play.
Cópia de PS4 cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong