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Review Mechajammer (PC) – Potencial e pressa não combinam

Um dos subgêneros do RPG que tem ganhado maior atenção nos últimos tempos, depois de ficar submerso em esquecimento, é o CRPG. De forma simplificada, é um RPG de mesa, mas levado para os computadores. Por mais que aspectos desse estilo de jogo estejam misturados a outros subgêneros, a principal característica aqui é o foco em probabilidades como, por exemplo, rolagem de dados. Modelos bons disso são os primeiros Fallout, Baldur’s Gate e os The Elder Scrolls antigos.

Mechajammer é um CRPG de horror em um mundo Cyberpunk, o que o torna muito interessante à primeira vista, principalmente pela pixel art excepcional. Porém, parece que essa temática está fadada ao desapontamento, visto que jogos que a utilizam são lançados fora de hora.

Desenvolvimento: Whalenought Studios

Distribuição: Modern Wolf

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Estratégia, RPG

Classificação: Livre

Português: Não

Plataformas: PC

Duração: Sem registros

Customização complexa e história misteriosa

A customização conta com perguntas para criar o personagem.

Mechajammer se inicia com o personagem principal caindo na Terra. De tão avançada que a sociedade ficou, os humanos colonizaram com afinco o universo. Consequentemente, aqueles deixados para trás no planeta se tornaram uma sociedade distópica, em que militares não toleram nada e estão em constante guerra com indivíduos monstruosos. É nessa vibe de suspense e terror que o enredo é introduzido.

Com muita cerimônia e diálogos interessantes, Mechajammer demora para engatilhar a narrativa e seu objetivo. Nesse meio tempo, muitas perguntas são feitas conforme o game avança, e poucas respostas são dadas. Mesmo sem tradução para o portguês, em muitos momentos me peguei preso nos diálogos e na interação com os NPCs. A história e todo seu desenvolvimento é demorado, mas são interessantíssimos.

Os personagens caem na Terra.

Dito isso, a customização é uma das mais complexas que já vi. Seguindo os moldes de qualquer jogo da saga Fallout, no início escolhemos nosso nome, atributos e estudos. Porém, não são distribuídos pontos manualmente, mas sim respondendo perguntas baseado na história do personagem. Por exemplo, com 20 anos ele possui uma profissão e uma desvantagem, só que com 30 ele possui outras. Assim, dependendo dessas escolhas, toda a história do personagem é moldada.

Entretanto, o maior diferencial e dificuldade de Mechajammer são as probabilidades. Ainda na customização, é necessário distribuir dados nos estudos. Colocar um dado significa que o personagem sabe fazer aquilo e, quanto mais dados, maior a chance de conseguir realizar a tarefa. Como não há muitos no início, muitas ações são necessárias para múltiplas tentativas. Por exemplo, para arrombar uma porta é preciso rodar um dado e, caso não consiga, é necessário fazer até conseguir ou encontrar outro meio de entrar. Portanto, avançar no início é demasiado difícil e é preciso paciência, ainda mais com o número de problemas existentes.

Consequências de um lançamento prematuro 

O combate, tanto com monstros quanto militares, é por turno.

Mechajammer tem um combate demasiadamente simples em comparação com outros títulos de CRPG. Toda a movimentação é feita pelo mouse e isso traz alguns problemas, principalmente ao pilotar veículos. Com o botão esquerdo interagimos com os objetos no ambiente e com o direito atacamos. Os combates são por turnos, então, quando um inimigo está próximo, cada movimento ou ação conta como um turno.

Simples, não? Falando assim até parece mesmo, mas as complicações que existem nesse processo são frustrantes. Primeiramente, e talvez pareça meio “fresco” da minha parte, acertar golpes – tanto corpo a corpo quanto à distância – é quase impossível. Os dados não ajudam em quase nada e não é possível ter noção da probabilidade do acerto. E, quando ele ocorre, em muitos momentos Mechajammer “buga” e não conta isso como um hit.

As probabilidades ocorrem até mesmo nos combates.

Além disso, há cenários em que andar é um verdadeiro desafio, pois o personagem costuma ficar preso a corpos de inimigos ou objetos invisíveis, sendo necessário fazer reload. Esses foram os problemas mais irritantes encontrados nos primeiros de lançamento, mas atualizações recentes suavizaram um pouco isso. Porém, o maior problema que tive foi a perda de um save após uma dessas atualizações, logo após passar horas explorando o mundo de Mechajammer.

Perdido na arte 

A ambientação é uma das maravilhas aqui.

Se você assistir a algum vídeo de Mechajammer, com toda certeza, a pixel art será o maior atrativo dele. Felizmente, isso é algo que se manteve fiel aos trailers iniciais. Boto minha mão no fogo ao afirmar que é uma incrível ambientação de terror, inclusive por misturar isso com a temática Cyberpunk. 

Explorar uma Terra completamente desolada, escura e com um campo de visão limitado é um problema para o coração. Por mim, consideraria Mechajammer um survival horror com elementos de CRPG. A munição escassa, monstros humanóides, cenários macabros e um design de áudio que arrepia até os cabelos, que você nem sabe da existência, são os pontos mais atrativos de toda experiência – como um amante de jogos de terror.

Destruição e medo perseguem os personagens.

Vale mencionar que Mechajammer é um game de mundo aberto, então, consequentemente, há missões secundárias, companhias para serem salvas e muito mais. Por fim, andar por essa Terra esquecida é um misto de curiosidade e tensão pouco visto atualmente. Você quer explorar, mas não sabe se vai sobreviver para aproveitar o que encontrou.

Paciência é a chave do sucesso

Mechajammer tem um potencial gigante, principalmente para os amantes de CRPG que não têm muito o que jogar. A história e arte que envolve o jogador em muitas horas de jogatina são um ponto a ser levado em consideração. Entretanto, há muitos problemas que podem tirar todo o prazer em jogar, como por exemplo perder um save grande. Com isso, digo para ter paciência, visto que há atualizações diariamente para resolver tudo, portanto, esperar uma promoção é a chave para aproveitar Mechajammer.

Cópia de PC cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Mechajammer

6.5

Nota final

6.5/10

Prós

  • Enredo e seu desenvolvimento
  • Customização diferente
  • Ambientação aterrorizante
  • Design de áudio

Contras

  • Probabilidades frustrantes
  • Bugs demais
  • Perda de save