Capa do Monster Hunter Rise

Review Monster Hunter Rise (PC) – Um frenesi no Japão feudal

Num mundo onde monstros gigantes cercam vilas e ameaçam a vida pacífica dos moradores, treinamentos especiais e a coragem para enfrentá-los é o que separa os homens comuns dos verdadeiros caçadores. Essa premissa é forte em Monster Hunter Rise, a continuação de uma das maiores franquias da Capcom. Inicialmente lançado apenas para Switch, o jogo hoje encontra-se disponível também para PC.

Desenvolvimento: Capcom
Distribuição: Capcom
Jogadores: 1 (local) e 1-4 (online)
Gênero: Ação
Classificação: 12 anos
Português: Interface e Legendas
Plataformas: PC, Switch
Duração: 19,5 horas (campanha)/135 horas (100%)

Bem-vindos(as) à Vila Kamura!

A Vila Kamura sob as lentes do Modo Foto

Em Monster Hunter Rise, a aventura inicia em um novo local, a Vila Kamura. O enredo principal, conforme explicado através de diálogos com personagens-chave, se desenvolve ao redor de um evento conhecido como Frenesi, que são hordas de monstros atacando a aldeia num determinado intervalo de tempo. Apesar do fenômeno não ser inédito, sua anormalidade está relacionada à periodicidade dos ataques que, agora, estão ocorrendo com uma maior frequência devido a causas desconhecidas.

A franquia Monster Hunter não é bem conhecida pelo seu enredo, ainda que alguns plots sejam revelados com certa surpresa, como no final de Monster Hunter: World. Contudo, Rise deixa esse aspecto muito mais explícito que seu antecessor. A narrativa é rasa e não chega a surpreender em momento algum, talvez pela brilhante [alerta de ironia] ideia de dividir a progressão do jogo entre missões de Aldeia e da Área de Encontro. Tal decisão não é suficientemente errada a ponto de deixar a história confusa, mas faz soar como se uma das partes fosse meramente um grande tutorial.

Se tratando de design, no entanto, Kamura é uma obra de arte em sua proposta. A temática é fortemente baseada na cultura japonesa e asiática como um todo, o que o torna um título bem mais oriental do que o World. E já era de se esperar, considerando que o diretor Yasunori Ichinose também dirigiu o Monster Hunter Portable 3rd, lançado para PSP em 2010 e o único da série, até então, a possuir um tema inspirado no Japão. A trilha sonora consegue combinar perfeitamente com o ambiente, destacando as influências nipônicas e dando vida ao lugar. Inclusive, o uso de haicais – curtos poemas japoneses – nas cinemáticas de introdução das criaturas talvez seja a cereja do bolo.

Ainda sobre o mapa, todos os pontos de necessidade estão concentrados numa mesma área. Poucos segundos de distância são o que separa o ferreiro da vendedora de itens e da cantina, locais que, por exemplo, ficavam em andares diferentes em Astera, a principal base de operações em Monster Hunter: World. Esse e outros tipos de acessibilidade que tem por objetivo poupar nosso tempo são sempre bem-vindos, em qualquer jogo.

Quem não tem cão, caça com gato. E quem tem ambos?

Tutorial de uso do Cabinseto.

Em relação às mecânicas, os desenvolvedores conseguiram pegar o que funcionou no título anterior e aprimorá-las para a sequência. Por exemplo, o Cabinseto, que é uma versão melhorada da Prendedora, não tem seu uso limitado contra criaturas, servindo também para escalar partes do cenário e modificar ataques em cada tipo de arma no qual for equipada. A ação de montar em monstros foi igualmente alterada, facilitando o processo e o resumindo a um simples apertar de botão. Quando montado, ao invés de apenas jogá-las contra as paredes, agora podemos forçar as bestas a andar para outras áreas ou mesmo atacar outros bichos.

O companheiro de aventuras felino, o já conhecido Amigato, foi outro que recebeu alguns refinamentos. Com a IA aperfeiçoada, eles agora curam com maior frequência e são mais eficientes ao ajudarem os caçadores a saírem de estados negativos, como paralisia e sono. Porém, eu não poderia deixar de destacar a melhor adição à franquia: o Amicão! Funcionando de maneira similar ao Amigato, o novo amigo canino, além de ajudar nas batalhas, funciona como montaria, permitindo que o jogador percorra rapidamente longas distâncias pelo mapa, otimizando o tempo-limite das missões.

Imagem pós-caçada, com o Amicão e Amigato.

Correndo o risco de ter a opinião taxada de maneira negativa dentre os fãs mais fervorosos, eu preciso falar: o jogo ficou fácil demais e, talvez, até um pouco desestimulante. Além das vantagens já citadas, Rise ainda acrescenta parte da vida nativa das zonas exploráveis como itens utilizáveis que concedem reforços duradouros durante as caçadas, como aumentos de saúde, dano e vigor. Mesmo no modo multiplayer – no qual as criaturas possuem um aumento nos pontos de vida e no dano -, todos esses benefícios encarecem os desafios e tornam a experiência um tanto decepcionante.

Um mundo (quase) ideal

Finalmente, concluo dizendo que Monster Hunter Rise não é, nem de longe, ruim, só poderia ser melhor. Para balancear a dificuldade e justificar a quantidade de vantagens, o moveset dos monstros poderia ser mais diverso, com a IA ajustando-se à habilidade e os movimentos dos jogadores. Outro ponto de melhoria é em relação à interface: são muitas informações na tela ao mesmo tempo, o que acaba prejudicando a visibilidade do nosso próprio personagem nas lutas. Nas configurações, conseguimos ocultar determinadas informações, mas o ideal seria apenas diminuí-las de tamanho. Fora isso, a versão para PC ficou perfeitamente polida, sem quedas de frames ou travamentos.

Por enquanto, o que nos resta é aguardar, com expectativas, o lançamento do DLC Sunbreak, prevista para o inverno de 2022.

Cópia de PC cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Monster Hunter Rise

7

Nota final

7.0/10

Prós

  • Linda ambientação
  • Excelente trilha sonora
  • Variedade de monstros
  • Bem otimizado

Contras

  • História rasa
  • Interface poluída
  • Baixo nível de desafios