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Review Mosaic (Switch) – Uma jornada à monotonia

Muitos jogos parecem querer adotar o modelo contemplativo de ser, ultimamente. Quando dou este adjetivo, estou falando especificamente de títulos onde o gameplay é algo secundário, e às vezes ele quase nem existe.

A última análise que fiz foi justamente de algo desse tipo. E agora você acha que estou como?

Desenvolvimento: Krillbite
Edição: Raw Fury
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Aventura, Puzzle
Classificação indicativa:
 12 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS4, Xbox One, Switch e iOS
Duração: 3 horas (campanha)/3 horas (100%)

A rotina

A rotina

Mosaic é um simulador de vida infeliz. O jogo busca de várias formas apontar o quão deprimente e zumbificado socialmente você pode acabar se tornando vivendo sempre a mesma coisa sem buscar novos desafios.

Controlamos um protagonista sem nome, inexpressivo, sem reação para nada, viciado em seu smartphone e que trabalha para uma corporação gigante. Sua rotina se resume em acordar, checar mensagens no celular, ver as contas ganhando um débito cada vez maior e, por fim, ser mais uma peça qualquer na empresa onde trabalha.

A jornada de trabalho

Entre uma jornada de trabalho e outra, o personagem procura se entreter com coisas que, supostamente, não leva a lugar algum. Como, por exemplo, jogos completamente supérfluos que se resumem em tocar na tela sem uma recompensa ou desafio real.

Dia após dia chegam SMS aleatórias em seu smartphone, às vezes de pessoas desconhecidas. Você pensa que tudo terá um propósito mais em frente? Não, pode esquecer. Talvez as únicas mensagens que fazem algum sentido em existir sejam as de ameaça de que você será demitido caso se atrase para o trabalho novamente – e não, você não tem controle sobre isso.

Preenchendo o vazio

Preenchendo o vazio

O protagonista demonstra que vive num ritmo tão automático da vida que parece ter perdido a própria vontade de viver. Mosaic é uma grande metáfora para lhe fazer pensar em vários pontos nos quais você pode estar sendo arrastado para o buraco – figurativamente falando.

Quem sabe você não é do tipo que levanta todos os dias sem um objetivo geral ou um alvo? Ou talvez você tenha deixado de estebelecer até mesmo planos pequenos e está deixando apenas “a vida te levar”?

O peixe

O jogo é um compilado de várias cenas bizarras que, as quais transmitem um sentimento bastante depressivo e incômodo. A mensagem fica bem clara, mas a forma como ele faz isso… argh. É muito monótona!

Tudo por aqui acontece num loop, até que, um dia, eis que surge um peixe imaginário que começa a abrir a mente do protagonista com alguns comentários conflitantes que o desafiam a fazer escolhas diferentes.

Mas calma, antes de ver alguns cenários novos e migalhas de novidades aqui e ali, é preciso repetir o mesmo processo várias e várias vezes.

O pequeno gameplay

O pequeno gameplay

Sinceramente, Mosaic é bem pobre na jogabilidade como gênero adventure, transformando tudo num grande walking simulator sem sal.

Até mesmo no único minigame que o jogo oferece é possível encontrar reflexões como “não importa o quanto você se esforce, nunca será valorizado”. Às vezes acho que ele se preocupa demais em passar a mesma mensagem e esquece da diversão.

Falando da pouca jogabilidade existente, que acontece apenas quando chegamos ao trabalho, ela se trata de um puzzle onde seu objetivo é alimentar um objeto no topo da tela chamado “meta” – aí, mais uma metáfora.

Ameaças

É necessário criar vários caminhos e bifurcações para levar os pontinhos provenientes das fontes no extremo inferior da tela até lá no alto. Provavelmente este momento representa a “empresa malvadona” que suga as pessoas que estão abaixo dela. Outras cenas posteriores inclusive parecem até confirmar essa impressão que tive.

A verdade é que esse pequeno momento possui um quebra-cabeça bem interessante que vai adicionando novos elementos a medida que o jogo vai progredindo.

Em alguns momentos surgem ameaças que você precisa conter para não deixar com que seus pontinhos sejam consumidos por elas. Já em outros, será necessário criar brechas que teleportam seus pontos para que cheguem ao objetivo rapidamente.

Diversão curta

Diversão curta

Não vou mentir, a parte mais divertida de Mosaic foi sem dúvida este momento onde “trabalhamos”. Apesar disso, seu empenho não parece fazer a mínima diferença no enredo, então nem se esforce tanto para terminar estes desafios.

Fora isso, existe o app em seu smartphone de nome BlipBlop, onde você apenas toca a tela pra somar pontos. Além do aplicativo de relacionamento que funciona como uma espécie de Tinder, onde você aceita ou nega pessoas do sexo oposto com rostos completamente parecidos.

Um pouco mais em frente, liberamos um outro app de compra e venda de ações da bolsa, que alterna os valores a cada segundo. Sabe o objetivo de todos estes aplicativos? Nenhum.

Mal polido

Mal polido

Olha, vou mandar a real aqui: a versão de Switch é vergonhosa e existem alguns vários problemas de performance. É possível percebe bastante engasgo em vários momentos e até mesmo personagens desaparecendo da tela quando jogamos o BlipBlop – não pareceu proposital.

A taxa de quadros por segundo também é instável, então é comum o jogo estar rodando em 30fps e de repente aumentar um pouco. Para um título originalmente de iOS, eu não esperava essa falta de otimização.

É basicamente isso mesmo. Um abraço!

Reflexivo, porém raso

O objetivo de Mosaic é claro: trazer reflexão sobre o que estamos fazendo com a nossa vida. Infelizmente o gameplay deixa muito a desejar, apesar do minigame “alimente a meta” do trabalho ter sido algo bem divertido e promissor no início.

A decepção é inevitável uma vez que o jogo assume que não passa de um simulador de caminhar, apertar um mesmo botão de vez em quando e ver eventos automáticos acontecerem. Uma pena, pois a ambientação e o trabalho sonoro são louveáveis, mas não o suficiente para sustentar a experiência como um todo.

Como ferramenta de reflexão, o jogo é competente. Porém, como um jogo de fato, Mosaic é uma ótima ferramenta de reflexão.

Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores

Mosaic

3

Nota final

3.0/10

Prós

  • Ambientação
  • Mensagem reflexiva

Contras

  • Monótono
  • Gameplay raso
  • Repetitivo
  • Lento