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Review Mostrocopy (PS5) – Não um jogo de terror, mas um terror de jogo

Mostrocopy é um jogo de luta mexicano com estética inspirada em filmes de terror e nos luchador mexicanos da década de 1950. Apesar da boa intenção e alguns pontos positivos, o jogo é fraco em praticamente todos os pontos imagináveis.

Desenvolvimento: Oribe Ware Games
Distribuição: Oribe Ware Games
Jogadores: 1-2 (local)
Gênero: Luta
Classificação: 10 anos (violência)
Português: Legendas e Interface
Plataformas: PC, PS4, PS5, Switch, Xbox One, Xbox Series S|X
Duração: 0.5 horas (campanha)

Sistema básico do básico

Personagens, porém, são basicamente estereótipos ao invés de personalidades próprias
Estética peculiar mistura terror e luchadores

O sistema de comandos de Mostrocopy é simples: há um botão para ataques normais e outro para comandos especiais. Apertando uma direção simultaneamente a esses botões, temos mais variações dos ataques normais ou especiais. Segurando o botão especial por um tempo, temos os golpes EX e, segurando mais, temos os especiais. Também há o modo showtime, onde os supers podem ser acionados sem precisar segurar o botão. Por fim, há um botão para a defesa, como acontece em Mortal Kombat. Os botões normais e especiais se conectam com certa facilidade, permitindo a execução de combos até que elaborados.

Até aí, tudo tranquilo. O problema é que é basicamente isso. Sequer há um agarrão, um elemento tão essencial em jogos de luta. Se existe mais algo, não tenho como saber, pois o jogo não explica mais nada, nem encontrei testando. Tudo o que é ensinado se resume a uma imagem estática no menu de pausa que descreve essencialmente o que eu falei acima. Não há explicação individual por personagem, apenas é dito que todos possuem os golpes especiais. Trata-se de uma gameplay sem qualquer profundidade ou novidade, sem nenhuma mecânica interessante para se explorar.

Modos fracos e limitados

Variedade vale tanto para personalidade quanto para jogabilidade
Elenco é relativamente grande para um jogo indie

Daí pra frente, fica difícil encontrar mais algo para se curtir ou elogiar. Ao começar a jogar no PS5, já encontro o primeiro problema: o game não reconhece controles arcade de PS4, o que é padrão em jogos de luta (o PS5, por padrão, não permite utilizar controles de PS4, mas há exceção para controles arcade em jogos de luta). O leitor de inputs é ruim, com botões funcionando com certa inconstância. Ele claramente lê diferentemente os direcionais analógico e digital, sendo que no último é muito mais difícil executar um dash, por exemplo.

Os modos de jogo entregam o mais elementar possível: arcade, versus, treino, desafio de combo e jukebox. Ao menos no PlayStation, não há um modo online. Não há nada de notável nesses modos: arcade é totalmente básico, apenas com uma arte no final. O modo treino é terrível: simplesmente não há nenhuma opção para auxiliar ou configurar a prática.

O verdadeiro desafio é a paciência

Uma explicação para os golpes de cada personagem seria o mínimo esperado
Isso é tudo o que temos de tutorial no jogo; repare no português

O desafio de combos também é ruim, pois não há um demonstrador do desafio para você ver como deve ser feito. Não é possível escolher o desafio, ir para o seguinte, voltar, sequer ver quantos existem. Por fim, a jukebox dá até um pouco de vergonha, pois as músicas, no geral, são bem ruins. Nesse assunto, vale comentar que, o que é meio inacreditável, as músicas por vezes acabam durante a gameplay e recomeçam, ao invés de ficar no loop infinito.

Ainda que sejam poucos botões, não é possível personalizar os controles. Isso particularmente me irrita pois o modo showtime é acionado apertando, na notação do PlayStation, quadrado e triângulo, o que é muito menos intuitivo e inconveniente que apertar X e quadrado, por exemplo, um padrão tão aplicado em jogos de luta há muitos anos.

Até tem algo de bom, procurando bem

Modos treino e de desafios são muitíssimo vazios
Desafios de combo variam de fáceis a não se ter ideia do que fazer

Como pontos positivos, podemos citar o elenco, que é relativamente grande para um jogo indie e bastante diversificado, tanto em design quanto em jogabilidade (ainda que cheios de estereótipos). A estética do jogo também é interessante, com particular destaque para o fato dos cenários implementarem diferentes filtros, que emulam filmes de diferentes estilos.

Mas meio que é só isso que temos de bom. Por fim, mais uma vez temos um jogo feito com tradução automática. Como já comentei em outros casos, acho isso particularmente ofensivo, pois é fazer o consumidor de idiota. É melhor não traduzir.

Rever as prioridades no desenvolvimento

Não gosto de menosprezar trabalhos indie (ainda mais que Mostrocopy foi desenvolvido essencialmente por apenas duas pessoas) e avaliá-los em seu contexto e proposta. Mas não há como negar quando estamos na frente de algo que parece mais um projeto em versão bastante inicial. Eu diria que é melhor investir os recursos em entregar uma experiência mais polida, pois um jogo com menos personagens mas uma gameplay e elementos de qualidade de vida mais elaborados seria muito melhor recebido.

Cópia de PS5 cedida pelos produtores

Revisão: Julio Pinheiro

Mostrocopy

3

Nota final

3.0/10

Prós

  • Elenco relativamente grande e diverso
  • Filtros nos cenários emulam várias estéticas

Contras

  • Jogabilidade ruim e sem profundidade
  • Poucos e precários modos de jogo
  • Sem online
  • Tradução automática