Capa do jogo

Review Mullet Madjack (PC) – Frenesi e nostalgia em um dos melhores jogos do ano

Mullet Madjack encanta com sua jogabilidade rápida e divertida, juntamente com uma estética impecável, consagrando-se como um dos melhores jogos brasileiros do ano.

Desenvolvimento: HAMMER95

Distribuição: Epopeia Games

Jogadores: 1 (local)

Gênero: Tiro 

Classificação: 16 anos

Português: Interface e legendas

Plataformas: PC, Switch, PS5, Xbox Series S|X

Duração: 3 horas (campanha)/8 horas (100%)

Siga o fluxo

Demonstração da jogabilidade do jogo, com o personagem principal destruindo o inimigo

Mullet Madjack é um jogo de tiro em primeira pessoa com um conceito muito interessante: temos apenas 10 segundos de vida para passar de cada fase, que chamaremos de “andar” no contexto do jogo. A cada inimigo abatido, ganhamos uma quantidade de segundos para nos mantermos vivos; porém, se formos atingidos, perdemos segundos, colocando a vida de nosso personagem em risco.

Para que esse conceito funcione, é necessário que o jogo seja rápido e extremamente dinâmico, e é exatamente isso que Mullet Madjack oferece. O jogo flui muito bem e mantém o jogador na adrenalina, exigindo rapidez para subir de andar e eliminar todos os adversários para ganhar segundos extras.

Além disso, temos diversos tipos de habilidades que nos dão vantagem no jogo. Durante a jogatina, podemos eliminar nossos adversários de formas criativas usando o cenário para ganhar mais segundos de vida. A cada andar que subimos, podemos escolher vantagens, como em um roguelike, totalizando até 10 por capítulo.

Em Mullet Madjack, cada segundo conta

As armas no jogo também são diversas, indo desde pistolas e metralhadoras até espadas samurais e armas laser, cada uma respondendo de forma diferente a cada situação. É interessante notar que, embora frenético, há um pouco de estratégia nas escolhas das armas e vantagens, tornando a jogatina mais fácil ou difícil.

Por fim, temos diversos modos de dificuldade, além de um modo infinito em que jogamos até sermos derrotados, ganhando pontos e competindo contra outros jogadores, como em um bom arcade.

Pulando na jugular da estética anime noventista

Parte Roguelike do jogo

Os gráficos do jogo são ótimos. Temos um shooter mais “fechado”, que lembra muito Doom, mas com uma técnica de cel shading que é muito bem animada, contribuindo para a fluidez da jogatina.

A direção de arte é estupenda. Os desenvolvedores souberam usar muito bem a estética dos animes dos anos 90, mais especificamente do gênero cyberpunk, e vemos essa estética aplicada nos cenários, inimigos e até mesmo na temática do jogo. O filtro que simula o “chuvisco” das fitas VHS, por exemplo, ajuda o jogador a mergulhar na proposta do jogo.

As animações durante as fases são muito boas, com diversas referências a animes como Akira. Até o layout das opções do game e os avisos que aparecem na tela foram pensados com muito carinho para passar a sensação daqueles filmes de anime com uma violência acentuada, que ficavam escondidos nas locadoras. Muito bom!

Exemplo da estética do jogo

Ainda que coadjuvante em um jogo onde só dá para prestar atenção nos inimigos à sua frente, a trilha sonora de Mullet Madjack não fica por baixo, com ótimas faixas que emanam uma vibe dos anos 80, com muito saxofone, além de uma batida eletrônica comumente vista em criações no estilo vaporwave, que combinam bastante com a temática do jogo.

Filme de brucutu com boa crítica social? 

Imagem mostrando a influenciadora que deve ser resgatada

Em um futuro distante, a humanidade e a internet se fundem em um novo ser, onde o mundo é controlado por robôs super ricos chamados Robilionários. Aqueles que ousam viver a cada 10 segundos de vida apenas para acabar com esses robôs são chamados de Moderadores.

Jack, um desses Moderadores vinculado a uma megacorporação que transmite ao vivo suas façanhas mortais em troca de likes e engajamento, tem como missão se infiltrar em um edifício repleto de adversários, eliminando todos os que cruzarem seu caminho para resgatar uma influenciadora sequestrada por robôs bilionários para um ritual sinistro.

Apesar da ação desenfreada, a temática e narrativa, muito inspirada em produções cyberpunk dos anos 80 e 90, permite discutir, ainda que de forma rasa, diversas questões que rodeiam nossa sociedade de consumo e a alienação que esse consumo desenfreado pode trazer à humanidade.

Influenciadora e Mullet olhando o horizonte.

Apesar disso, a temática fica presa nas suas referências. Para quem tem mais repertório, principalmente em cinema, é fácil perceber que a temática do jogo é extremamente parecida (ou até mesmo idêntica) com They Live (Eles Vivem, na nossa tradução), um filme clássico de John Carpenter, trocando o cenário de uma invasão alienígena pelo cyberpunk.

Mas, no final das contas, isso não tira o brilho nem o mérito de uma narrativa que traz um pouco de reflexão à jogatina, o que é ótimo.

Um dos melhores jogos do ano

Além de ser bastante divertido, Mullet Madjack tem uma jogabilidade consistente e uma temática visual coesa e coerente com os conceitos apresentados pela narrativa. Diante de tudo que foi exposto, não me surpreenderia se esse jogo figurasse entre os melhores do ano para muitas pessoas. Uma jogatina obrigatória para quem curte um FPS.

Cópia de PC cedida pelos produtores

Revisão: Julio Pinheiro

Mullet Madjack

9

Nota Final

9.0/10

Prós

  • Direção de arte impecável
  • Atenção aos detalhes
  • Jogabilidade divertido

Contras

  • Temática poderia estar menos encostada em referências