Need for Speed, a primeira coisa que me vem à cabeça quando penso no nome dessa franquia é justamente a série Underground. Sinto uma falta absurda dos dois títulos mais casuais que carregaram o nome NFS em tempos de ouro na era PS2, mas que agora são apenas uma lembrança feliz do passado. Mesmo assim, alguns outros games debaixo do nome Need for Speed conseguem fazer jus ao peso que lhe é imposto pela nostalgia dos fãs, e certamente Hot Pursuit é um deles. Tendo aparecido originalmente em 2010 como uma releitura dos clássicos, Need for Speed: Hot Pursuit possui uma abordagem que traz perseguições entre polícia e corredores de disputas clandestinas por velocidade. E digo com toda a certeza: Hot Pursuit continua lindo e divertido. Porém, merecia mais, e eu te conto o motivo.
Desenvolvimento: Stellar Entertainment Limited
Distribuição: Electronic Arts
Jogadores: 1 (local) e 1-8 (online)
Gênero: Corrida, Multiplayer, Arcade
Classificação: Livre
Português: Não
Plataforma: Xbox One, Switch, PS4 e PC
Duração: 17.5 horas (campanha)/23.5 horas (100%)
Aclamado
Need for Speed: Hot Pursuit é um dos preferidos da comunidade de fãs da franquia Need for Speed, e não posso discordar de maneira nenhuma. Apesar de não existir aquela personalização que eu adorava na série Underground e os cenários noturnos ambientados em grandes cidades, é um jogo bastante divertido por conta dos seus controles fáceis de dominar e uma abordagem arcade, além de, obviamente, a inclusão do nitro como recompensa por tempo de drift mantido.
É uma tarefa de baixa dificuldade entender como as coisas funcionam em Hot Pursuit. As fases são apresentadas através de menus disponíveis no mapa, cada qual com uma lista de estágios diferentes que são liberados após um certo nível que o jogador alcança – isso serve tanto para as fases quanto para desbloqueio de novos carros. Abaixo do nome da fase, existe o Modo no qual a corrida acontecerá, e muitas vezes não se trata apenas de uma corrida até a linha de chegada, mas também de outros modos como Time Trials e fuga da ameaçadora polícia que está de volta com suas viaturas e helicópteros para confrontar os corredores ilegais. E, claro, é possível jogar com as viaturas e atacar os fora-da-lei no melhor estilo Burnout com seus takedowns.
Certamente este último modo é o mais empolgante de todos, já que são fornecidas várias ferramentas para que o jogador enfrente outros veículos. Existem formas de sabotar o motor dos carros, e até mesmo de soltar aquilo que chamamos de “faixa de prego” para dilacerar os pneus. Tudo isso se torna mais divertido no modo online, em que podemos organizar partidas privadas e ingressar em públicas, agora com jogadores de todas as plataformas onde o remaster está disponível para comprar. Fora isso, outro elemento que utiliza o online é o Speedwall, que compara o seu tempo com o de seus amigos através de uma conta EA.
É exatamente como eu me lembro
Need for Speed: Hot Pursuit Remastered chegou em 2020, 10 anos depois do jogo para Xbox 360 e PS3, e os trailers causaram um pouco de revolta nos fãs e pessoas mais críticas da EA Games, e o motivo era bem claro: mudanças quase imperceptíveis e adição de um modo fotografia. É verdade que o game, desenvolvido originalmente pela Criterion Games em 2010, foi uma revolução para a franquia, trazendo o melhor de dois mundos para o mundo de Need for Speed: poder controlar policiais e corredores fugitivos.
A versão Remastered traz algumas novidades de menor peso considerando o valor pedido pela atualização do jogo, como alguns carros licenciados novos, modos criados para esta nova versão e finalmente o crossplay no online que faz com que as salas estejam quase sempre lotadas de jogadores ao redor do mundo. Felizmente, não tive nenhum problema para jogar, e muito menos travamentos e lags causados por conexão ruim.
Mesmo assim, Need for Speed: Hot Pursuit Remastered é bem parecido com o que eu me lembro de ter experienciado em 2010… e isso não é tão bom. É verdade que agora os visuais estão bem mais definidos, já que originalmente ele saiu para PC, PS3 e Xbox 360. As texturas e a resolução estão bem mais nítidas, como também o draw distance foi melhorado para que objetos no horizonte não pipoquem na tela repentinamente – apesar de que alguns continuam tendo esse efeito no Switch. Porém, diria que o mais impactante em termos de performance fica por conta dos 60 fps – apenas no PC, Xbox One X e PS4 Pro -, o que melhora muito a resposta dos comandos em jogos de corrida quando comparamos com o padrão de 30 fps em gerações mais antigas.
Porém, senti muita falta de um melhor aproveitamento do free roam disponibilizado no mapa, que nada mais é do que um modo livre para dirigir sem rumo pelas rodovias de Hot Pursuit. É uma proposta bem interessante, mas completamente sem propósito. Visto que o jogo possui navegação entre fases apenas através dos menus de seleção, o free roam poderia muito bem ter sido aproveitado para acessar estas fases viajando de um ponto ao outro simulando um mundo aberto, com perseguições policiais e afins para aumentar o fator surpresa e consequentemente a diversão. De longe, é o elemento curiosamente mais mal aproveitado de todo o Hot Pursuit, e isso é uma grande tristeza.
No mais, Need for Speed: Hot Pursuit Remastered continua tão linear quanto 2010, o que pode ser um desagrado para muitos que preferem algo mais “puxado” para a série Underground. Sei que pode ser chato essa comparação e até mesmo injusta, já que os dois jogos possuem objetivos distintos, mas não tem como dizer que Hot Pursuit fica devendo muito no quesito personalização.
É inegável o fato de sentirmos que estamos jogando apenas uma lista de fases – o que, no fim das contas, estamos fazendo mesmo -, sem qualquer tipo de modificação visual nos veículos como os maravilhosos body kits, alteração nos pneus, adesivos únicos, etc. Sinceramente, acho que hoje um fã da era PS2 de NFS tem mais chances de gostar de NFS Heat do que Hot Pursuit Remastered por causa de sua liberdade. Ah, também esperava a adição de um splitscreen para jogar localmente com outra pessoa.
A melhor parte é o multiplayer
Chegamos na parte onde Need for Speed: Hot Pursuit Remastered realmente brilha: o multiplayer online. Agora alguns modos que antes eram disponibilizados apenas em DLC foram incluídos na versão remasterizada. Most Wanted e Arms Race eram dois tipos de jogabilidade vendidos separadamente na versão de 2010, e ambos são completamente divertidos para jogar com amigos e familiares.
No primeiro, uma pessoa assume o papel de corredor procurado, enquanto que um time fica a cargo da polícia para parar os oponentes e outro precisa proteger este procurado. Já o Arms Race é a corrida com todas as armas do single player usadas para impedir seus adversários de cruzar a linha de chegada.
Fora estes dois que de longe são os melhores dentre todos, pois existem mais três modos para escolher: Race, a corrida padrão; Hot Pursuit, em que jogadores se enfrentam em uma corrida 4×4 de policiais e procurados; e Interceptor, para tirar o clássico x1 com um amigo.
Campanha linear, online excelente
Verdade seja dita: Need for Speed: Hot Pursuit Remastered é praticamente o mesmo de 2010, com algumas adições e conteúdo de DLC incluso. São mudanças pífias feitas no quesito performance e gráficos, principalmente na versão para Nintendo Switch, que nem mesmo em 60 fps está rodando. Felizmente, isso não impacta absurdamente na resposta de comandos, mas ainda existe um grande atraso no momento em que retornamos à corrida após o jogo ser “despausado”, o que me causou muitas colisões em diversos momentos.
Hot Pursuit retornou para dar uma sobrevida à versão original lançada há 10 anos para os consoles de duas gerações passadas, e vale a pena adquirir o remaster se o seu foco for jogar com amigos no online. Felizmente, o crossplay é um recurso extremamente bem-vindo, e diria que essencial nos dias de hoje para não obrigar ninguém a comprar um jogo na mesma plataforma que seus conhecidos apenas para poder jogarem juntos. Neste ponto, a EA acertou em cheio, mas ficou devendo por não trazer mudanças realmente significativas que justificassem um preço tão alto cobrado por um pouco de conteúdo a mais e uma justificativa para o free roam.
Cópia de Switch cedida pelos produtores
Revisão: Kiefer Kawakami