AVISO: Informamos que este jogo contém cenas com conteúdo sexual, além de violência gráfica extrema ao longo de toda a sua campanha.
Ninja Gaiden 2 Black é uma remasterização do clássico jogo de ação lançado em 2008 para o Xbox 360. O título foi refeito na Unreal Engine e chegou de surpresa, trazendo a mesma jogabilidade com melhorias visuais. Entretanto, o game aparenta estar um tanto ultrapassado em alguns aspectos específicos.
Desenvolvimento: Team Ninja
Distribuição: KOEI Tecmo Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação
Classificação: 18 anos (conteúdo sexual, drogas, violência extrema)
Português: Não
Plataformas: PC, Xbox Series X|S, PS5
Duração: 9 horas (campanha)
História desnecessária

A campanha coloca Ryu Hayabusa, o personagem principal, em uma jornada por diversos locais, como a cidade de Veneza, partes da América do Sul, Nova York e Tóquio para derrotar ameaças e demônios que surgem no decorrer da história. A narrativa não é exatamente o ponto forte de Ninja Gaiden 2 Black, que funciona mais como um longo jogo arcade. As cutscenes exibidas entre fases são estáticas e enfadonhas, com exceção dos momentos em que apresentam alguma acrobacia insana.
Além de faltar com qualquer tipo de profundidade ou sentido, a trama falha com todas as personagens femininas, que são tão objetificadas a ponto de parecerem desconectadas do restante do universo do jogo. Portanto, é melhor não se concentrar muito na narrativa, e sim na jogabilidade.
Câmera prejudica boa gameplay

A gameplay é um pouco ultrapassada, especialmente ao considerarmos que Devil May Cry 4 foi lançado na mesma época, elevando os padrões dos hack ‘n’ slash. Claro, isso significa que Ninja Gaiden 2 possui a sua própria identidade e se diferencia de outros nomes do gênero, principalmente pela agressividade dos oponentes e pela constante sensação de que o protagonista está sempre em perigo. O título funciona melhor para quem já é familiarizado com esse gênero, embora haja tutoriais na interface que explicam cada mecânica com clareza.
O combate tem um ritmo lento e cadenciado, com golpes rápidos e responsivos, além de uma grande quantidade de armas distintas disponíveis. A movimentação pelo mapa é livre, permitindo andar por paredes e até usar os próprios inimigos como escada nas lutas. Porém, o que faz Ninja Gaiden 2 parecer datado é o sistema de câmera, que, não à toa, acaba se tornando o maior inimigo do game. Apesar de apresentarem um design excelente, as fases foram projetadas com uma câmera semi-fixada que atrapalha os confrontos em boa parte do tempo – algo que não ocorre em Devil May Cry 4, que também utiliza ângulos fixos, mas sem prejudicar sua jogabilidade.

O título impede o foco direto na ação por conta dos ângulos da câmera, que favorecem os cenários em detrimento da visão das batalhas – que, por sua vez, já podem sofrer com um balanceamento irritante e frustrante dependendo da dificuldade escolhida. A câmera pode ser manipulada com o analógico, mas o sistema não é dinâmico o suficiente para resolver esse problema, agravado pela falta de uma mecânica de mira fixa. Ou seja, atacar o nada é uma normalidade, justamente porque não é possível mirar em um adversário com precisão e tranquilidade.
A câmera atrapalha até as cenas de desmembramentos, um dos pontos altos do jogo por sua brutalidade e sanguinolência. Quando combinados com os golpes exagerados e estilosos dos quatro personagens jogáveis, esses momentos resultam em um grande show audiovisual – vale destacar que o nível de violência pode ser personalizado de acordo com as sensibilidades de cada jogador.
Gráficos melhorados, mas num remaster incompleto

Desde sua retomada em 2004, a franquia Ninja Gaiden sempre teve uma organização de lançamentos um tanto confusa, devido à quantidade de versões diferentes que cada jogo recebeu. Esse remake não foge dessa regra, sendo uma terceira versão do segundo título da saga 3D, uma vez que não é completamente fiel ao original nem à sua versão Sigma. Os responsáveis removeram alguns chefes, funcionalidades online e até um modo adicional, sem oferecer grandes novidades para compensar essas ausências.
O principal chamativo dessa nova edição é, sem dúvidas, o trabalho de remasterização feito através da Unreal Engine. A apresentação é repleta de efeitos visuais modernos, embora os gráficos não sejam tão consistentes, com algumas partes lembrando bastante a versão original, sem sombras ou modelos detalhados. Ainda assim, a versão de PC é excelente. Há compatibilidade nativa para telas no formato ultrawide, suporte para o traçado de raios, técnicas de upscaling e até a geração de quadros – que, contudo, introduz um atraso nos comandos que prejudica significativamente a jogatina.

A remasterização priorizou os aspectos gráficos do jogo, dado que o lado sonoro não recebeu o mesmo tratamento. O áudio apresenta uma qualidade baixa e comprimida, algo comum na época do lançamento original, que lidava com limitações no espaço em disco. Teria sido bem-vinda uma atenção maior para esse detalhe e ao pop-in nos mapas, que é recorrente durante toda a gameplay.
Enfim, Ninja Gaiden 2 Black é competente no que se propõe e reintroduz a franquia com sucesso ao imaginário popular, faltando apenas uma localização em português para expandir de fato o público da saga. Esse remaster também serve como um bom aperitivo para aguardar o lançamento do quarto título da série, previsto para o fim de 2025.
Problemático, mas satisfatório
Embora conte com um sistema de câmera limitado, que compromete diretamente sua jogabilidade dinâmica, diversa e fluida, Ninja Gaiden 2 Black oferece uma ótima experiência. No entanto, alguns aspectos dessa remasterização deixam a desejar, já que os desenvolvedores poderiam ter adicionado todo o conteúdo das várias edições do game ou aproveitado a oportunidade para modernizar certas mecânicas e o design dos personagens.
Cópia de PC cedida pelos produtores
Revisão: Ailton Bueno