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Review Ninja Gaiden: Ragebound (Switch) – Voltando ao 2D em altíssimo nível

Ninja Gaiden: Ragebound traz a clássica série de ação de volta às suas origens como um side-scroller 2D que homenageia os clássicos, ao mesmo tempo em que entrega uma excelente experiência para os tempos atuais.

Desenvolvimento: The Game Kitchen
Distribuição: Dotemu
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação
Classificação: 10 anos (violência, linguagem imprópria)
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS4, PS5, Switch, Xbox One, Xbox Series S|X
Duração: 4.5 horas (campanha)

Voltando ao 2D

É possível desativar o sangue nas opções
Pixel art é ótima, com animações mostrando o impacto dos golpes

A série Ninja Gaiden surgiu no final dos anos 80 pelas mãos da Tecmo (muito antes da sua fusão com a Koei) e foi muito bem recebida por sua jogabilidade, dificuldade desafiadora e história contada por cenas cinemáticas, uma novidade para a época. Posteriormente, a série migrou para o 3D, ampliando bastante o escopo e as possibilidades, mas mantendo a ambientação e a dificuldade. Agora, a The Game Kitchen (responsável pela série Blasphemous) foi encarregada de trazer a série de volta para o 2D.

Ninja Gaiden: Ragebound se passa em paralelo ao primeiro jogo da série. Enquanto o protagonista Ryu Hayabusa viaja para os Estados Unidos, o seu pupilo Kenji Mozu é responsável por proteger o vilarejo Hayabusa contra demônios e outros adversários que surgem. Após algumas fases, Kenji encontra a kunoichi Kumori e, para se salvarem da morte, eles se fundem e unem seus poderes. Assim, a jogabilidade mistura tanto a tradicional espada quanto atirar kunais.

Ande e destrua

A história é simples mas legal de acompanhar
A história é contada por cenas e diálogos, sempre em um estilo retrô

A jogabilidade básica do game é semelhante à dos jogos originais. Ninja Gaiden: Ragebound é dividido em fases repletas de inimigos e eventualmente com um chefe no final. A maioria dos inimigos morre com um golpe, enquanto alguns exigem mais esforço. O arsenal de Kenji (e Kumori) é bem razoável: além da espada e kunais, é possível pular, escalar, esquivar, fazer uma espécie de parry no ar que causa dano, equipar talismãs com diferentes propriedades (inclusive algumas que dificultam a jornada, mas melhoram seu ranking), um golpe mágico e uma técnica especial que causa enorme dano. Alguns inimigos emitem um brilho e, quando derrotados, o seu próximo ataque normal será mais poderoso (hipercarregado), inclusive quebrando escudos.

Todas essas possibilidades são muito bem integradas ao gameplay, com as fases e a disposição dos inimigos que estimulam o uso de todo o arsenal para se dar bem. Por exemplo, quase sempre antes de um inimigo mais difícil e com escudo, há por perto alguém com o brilho que fornece um ataque hipercarregado para vencer esse adversário com facilidade.

As 25 fases são bastante variadas em seus cenários e desafios propostos, com itens escondidos que podem ser usados para comprar talismãs e técnicas. Algumas dessas fases são extras que podem ser acessadas após encontrar um item escondido para desbloquear e que fornecem desafios adicionais, e é onde alguns dos maiores desafios do jogo se encontram. O seu desempenho em cada fase é ranqueado com base em fatores como tempo, maior combo, inimigos abatidos, metas concluídas e itens coletados. Naturalmente, buscar o melhor ranking possível é um estímulo ao fator replay.

Dificuldade no ponto, mas se preferir é só ajustar

A sensação é de sempre melhorar um pouco a cada tentativa
Chefes são um dos destaques do jogo

Como os jogos clássicos, e mesmo alguns dos modernos, a dificuldade é um ponto importante aqui. É um jogo difícil e que está ciente disso mas, o que acho mais importante, é justo e conveniente, no sentido de que é fácil morrer e tentar novamente, com checkpoints bem espalhados, além de não haver um sistema de vidas. O ninja aguenta poucos golpes antes de morrer e, por vezes, os inimigos aparecem aos montes, sendo necessário pensar rápido e usar todas as possibilidades.

Porém, em nenhum momento pareceu que o jogo me sacaneou ou foi injusto, me sentindo apenas motivado para tentar mais uma vez. Isso vale especialmente nas excelentes lutas contra chefes, onde garanto que é muito improvável que você vença algum de primeira. No entanto, em várias seções é possível apenas saltar por cima dos inimigos e avançar pela fase, o que quebra um pouco o objetivo do jogo.

Para além disso, é possível personalizar vários aspectos da dificuldade, para mais ou para menos, como aumentar a sua vida ou até mesmo retirar os checkpoints. Assim, o jogo sugere um nível de desafio, mas quem preferir pode deixar do jeito que mais lhe agradar.

Ótimos visuais e sons

Assim como também é possível se pendurar no teto
Escalar, um dos movimentos clássicos do ninja, também está presente

O visual pixel art do game é excelente, com ótimos personagens, cenários e animações. Para quem jogou Blasphemous, percebe que a qualidade do estúdio se manteve aqui, agora em um novo ambiente e gênero, ainda que tenha suas semelhanças. No geral, a espanhola The Game Kitchen honrou a missão de produzir o novo título da clássica série japonesa, entregando um jogo que mistura o antigo com o moderno de forma muito harmoniosa – o que pode ser um pouco irônico, já que a série original é ambientada num cenário retrofuturista.

Um ótimo retorno – que continue assim

Ninja Gaiden: Ragebound é um excelente game de ação que faz jus ao peso da franquia ao retornar às suas origens 2D, entregando uma jogabilidade rápida, visceral e desafiadora – tudo isso embalado em uma ótima arte gráfica e sonora.

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Julio Pinheiro

Ninja Gaiden: Ragebound

9

Nota final

9.0/10

Prós

  • Jogabilidade divertida e fluida
  • Excelentes visuais e trilha sonora
  • Personalização de habilidades e dificuldade

Contras

  • Em algumas partes é possível apenas passar reto pelos inimigos