Oddworld Soulstorm Capa

Review Oddworld Soulstorm (Switch) – Abe, o messias feioso

Sem ofensa a Toguro e Léo Stronda, mas físico não é tudo. Peguemos como exemplo nosso protagonista Abe com sua cabeça de sapo-boi, olhos arregalados e um corpo de planta de feijão-verde seca. Vinte e quatro anos após sua primeira aparição, o herói feioso da franquia volta para reviver seu êxodo de uma forma um pouco diferente e com um novo nome: Oddworld Soulstorm. Essa é uma bonita aventura, cheia de significado, diversão e alguns problemas 

Desenvolvimento: Oddworld Inhabitants
Distribuição: Oddworld Inhabitants
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Plataforma, Puzzle
Classificação: 12 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: Switch,PC, PS4, PS5, Xbox One e Xbox Series
Duração: 15 horas (campanha)

Não consegue, né, Moisés?

Abe, o messias feioso

Ele os salvou de uma vida de escravidão e “reencarnação”. Após sua odisséia em RuptureFarms, é hora de Abe, um profeta involuntário, liderar os Mudokons, cujo destino parece ter sido desviado por nenhuma razão além da traição dos Glukkons, para a liberdade. Uma tarefa árdua, o herói tendo que lidar com estranhos males que afetam seu povo e uma estrada onde uma infinidade de inimigos e armadilhas cruéis o aguardam.

Soulstorm primeiro se dá ao trabalho de nos ensinar o básico de sua fórmula, optando por uma representação 2,5 D. Uma mistura de plataformas, quebra-cabeças, stealth, com um toque de ação, Abe não é um guerreiro. Ainda assim, ele tem muitas habilidades para mostrar. Ágil, dá saltos duplos, e se pendura em cada lugar. É até possível se tornar em uma bola rolante para entrar em entradas estreitas, se esconder atrás de um muro baixo ou se aproximar discretamente de uma mina para desarmá-la. As habilidades de Abe nos ajudam muito nessa aventurinha. 

Nosso moisés feio ainda possui seu feitiço. Podemos possuir um inimigo próximo apontando sua mente para ele, depois de incorporá-lo, sua arma nos pertence e podemos ter algum acesso a interruptores bem escondidos. Desta forma saímos pelos cenários resgatando nossos irmãos da raça dos Mudokons, que é o principal objetivo do nosso protagonista.

Liberação

Libere aqueles da sua raça

O número de Mudokons para resgatar aqui é enorme, chegando a mais de mil. O campo de possibilidades em termos de resolução das situações a encontrar é bem variado: latas de lixo, armários e oponentes atordoados estão esperando por você para revisá-los. Morrer e tentar novamente a estratégia, para implementar o plano certo, traz uma sensação imediata de satisfação quando conseguimos.

A jogabilidade é bastante polida no Switch, e acolhe nossos experimentos de braços abertos, em um universo que continua maravilhoso para explorar. A estética caprichada, realização sólida, zooms ins e zooms out realçando a grandeza dos percursos sempre muito eletrizantes ao fundo, tudo conduzido por uma atmosfera sonora enfeitiçante. Com uma imersão também trabalhada em todos os tipos de ambientes, tanto industriais quanto naturais, este mundo injusto e implacável, onde as massas são condicionadas e espremidas em benefício de um punhado de líderes sem escrúpulos, nos prende. 

Uma jornada cativante

Essa vontade de resgatar todos os nossos semelhantes, de ter um karma  próximo dos 100% e assim descobrir o melhor e mais feliz dos finais de jogo, se instala em nós. Mas nem tudo são flores, o game possui falhas técnicas como travamentos, engasgos, queda de frames que são difíceis de engolir.

Rumo ao bom karma

Como é difícil julgar Oddworld: Soulstorm. Por um lado, é o que esperávamos da obra no Switch. Espetacular, inteligente, com alguns recursos notáveis, bem ritmado e que nos leva a uma jornada de conexão com Abe e o charme de seu universo único sombrio e majestoso. Por outro lado, há tropeços que são chatos e atrapalham a jogatina, mas que  dificilmente nos farão largar definitivamente o game. O êxodo de Abe é uma provação que apenas os mais corajosos e pacientes podem superar. 

A jornada desse messias horrível é universal, tocante e de certo modo consegue nos proporcionar uma experiência okay – e infelizmente é só isso. O retorno de Abe em Oddworld Soulstorm está longe de ser uma experiência perfeita, mas ainda é uma agradável mistura de ação, quebra-cabeças e plataforma. Apesar do tema e de um personagem que nos causa empatia instantânea, o game precisava de um certo polimento para ser uma obra de arte linda e tocar nossos corações de uma forma mais pesada. O jogo não faz o que se propõe com perfeição, mas mesmo assim, continua sendo uma boa escolha.

Revisão: Ailton Bueno

Cópia de Switch cedida pelos produtores

Oddworld Soulstoem

7.5

Nota final

7.5/10

Prós

  • Boa mistura de plataforma e puzzle
  • Atmosfera irresistível
  • Cutscenes de qualidade
  • Uma boa narrativa

Contras

  • Quedas de FPS
  • Travamentos e bugs