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Review Phoenotopia: Awakening (Switch) – Não se enganem pela fofura

Acredito que os jogos de plataforma bidimensionais geralmente representam uma experiência nostálgica. Eles, muitas vezes, acabam por aguçar a curiosidade dos mais diversos jogadores, seja por sua simplicidade ou pela estética que nos remontam aos clássicos dos anos de 1990. Se apresentando como mais uma uma opção para aqueles que gostam de cair de cabeça nas mecânicas desse gênero, Phoenotopia: Awakening chegou no último dia 20 de agosto para o console híbrido da Nintendo. Desenvolvido e publicado pela Cape Cosmic, trata-se de um jogo de aventura e plataforma 2D, com gráficos retrô e cheio de inspiração em mecânicas de outros games de sucesso.

Desenvolvimento: Cape Cosmic
Distribuição: Cape Cosmic
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura, Plataforma
Classificação indicativa: 12 anos
Português: Não
Plataformas: Switch
Duração: Sem registros

Eu vi um disco voador

Começamos o jogo em Panselo Village.
Começamos o jogo em Panselo Village.

Na história, o mundo havia passado por uma grande guerra. E diante de toda a destruição, uma criatura chamada de Fênix conseguiu restaurar a paz. Porém, tudo se deteriorava e o planeta não suportava mais vida. Dessa forma, os sobreviventes do conflito criaram bunkers subterrâneos que serviram de morada até que a vida no planeta se restabelecesse. Iniciamos o jogo na cidadezinha de Panselo Village e somos apresentados à nossa heroína de cabelos rosados, Gail. Certo dia uma nave pairou sobre a cidade e abduziu todos os adultos do lugar. Cabe agora à jovem Gail – como a mais velha dos seus – tentar decifrar o enigma por trás do rapto dos demais moradores de Panselo Village.

Se você está com aquela cara de “hein?!” ao ler essa introdução da história, saiba que foi exatamente esta a minha reação. Com poucas horas de jogatina, o game quebra a nossa expectativa, apresentando um roteiro que se afasta demais da sua premissa inicial. Podemos encarar a ideia como uma forma de se debater questões como responsabilidade, amadurecimento e união frente à uma ameaça maior. Mas, as decisões na narrativa fogem de todo o belo contexto que nos é apresentado anteriormente, de um mundo renascido do fogo assim como a mitológica fênix. A mensagem que nos foi passada é a seguinte: “sabe aquela belíssimo preâmbulo que você viu tem pouco tempo? Então! Esquece tudo. Se concentra na abdução dos adultos de sua cidade”.

Referências à Zeldinha

O jogo possui várias referências a Zelda.
O jogo possui várias referências a Zelda.

Phoenotopia não possui uma estrutura linear de fases. Temos um mundo aberto com cidades interligadas. Você tem a liberdade de escolher o seu destino na campanha. Porém, certos lugares só podem ser acessados após descobrirmos algum item ou arma. Nesse sentido, temos aqui um pouco dos elementos do jogos Metroidvania. Porém, as referências ao sub-gênero param por aí. Não há níveis de experiência, árvore de habilidades e nem mesmo um mapa no menu para nos situarmos no jogo. Como não existe um senso de progressão ligado às batalhas, elas servem mais para pegarmos itens de cura e conseguirmos levantar Rin (o dinheirinho do jogo) para comprar equipamentos necessários para avançarmos.

A estética retrô é bonita, apesar de simples, com gráficos coloridos e “pixelizados” que nos fazem lembrar o visual de jogos como Zelda: A Link to the Past. Inspiração que fica ainda mais perceptível ao ouvirmos certos efeitos sonoros. Alguns sons emitidos por Gail, por exemplo, são idênticos aos de Link. Por falar nisso, as músicas são belíssimas, se apresentando – de longe – como o maior ponto forte do jogo.

As referências à Zelda não param por aí. Gail pode cozinhar (apesar do minigame que inicia o processo de cozimento não funcionar direito, nos fazendo estragar a comida); pescar; possui vestimentas de diferentes cores que te concedem proteções de todo tipo; vários modelos de armas (como estilingue, besta e bombas); e uma flautinha mágica – similar à ocarina de Link em Ocarina of Time – que serve para descobrirmos passagens secretas e acessarmos certas dungeons.

Em Phoenotopia temos dois tipos de gameplay. Dentro das cidades ou dungeons temos a clássica jogabilidade bidimensional dos jogos de plataforma. Aqui temos que resolver alguns puzzels interessantes e passar por certos inimigos. Já quando estamos diante do mapa aberto do jogo, a visão muda para um desnecessário e estranho top-down, onde os inimigos aparecem do nada no mapa e podem te atacar iniciando uma “batalha”, assim como nos jogos de JRPGs. Perceberam as aspas na palavra batalha? Não estão lá por acaso! Pois, quando isso acontece o visual muda, novamente, para o 2D e aparece uma onda de inimigos em tela que você pode enfrentar ou correr para fugir deles. Nada de batalha por turnos, apenas um easter egg maroto.

Combates imprecisos

No jogo encontramos itens que melhoram nossa vitalidade e vigor.
No jogo encontramos itens que melhoram nossa vitalidade e vigor.

O HUD do jogo é bem simples. No canto superior esquerdo temos um coração vermelho que indica nossa vitalidade. Ao lado temos um espaço dedicado ao item ou arma secundária que temos equipada, seguido de uma barra verde de vigor. Tanto nossa vitalidade quanto o vigor podem ser aumentados coletando corações e gemas verdes, respectivamente. Temos um botão para corrida (limitado pela mesma barra de vigor), pulo, utilização de item ou arma secundária, agachar, pegar objetos dos cenários e ataque. Com o analógico direito podemos ainda configurar certos itens e armas secundárias para acesso rápido.

A escolha de combate pelos desenvolvedores foi, no mínimo, estranha. Parece que eles tentaram aproximar a experiência aos combates de jogos como Dark Souls e afins. Cada ataque desferido consome barra de vigor, o que te obriga a cadenciar sua sequência de golpes, caso contrário ficará impossibilitado de desferir qualquer tipo de ataque. O problema é que os controles nas batalhas não são muito precisos, nossas armas causam poucos danos e certos inimigos se comportam de forma a te obrigar a desferir vários ataques simultâneos rápidos para serem derrotados. E pra piorar, não existe um comando de defesa ou um sistema de parry para defletir os ataques. Nas lutas contra os chefes – como os mesmos são muito velozes – a dificuldade é insana. Principalmente no início do jogo, em que nossa barra de vitalidade e vigor são pequenas e nossa arma é fraca. Tudo isso torna a nossa experiência com Phoenotopia em algo um pouco frustrante.

As batalhas com os chefes são muito difíceis.
As batalhas com os chefes são muito difíceis.

Ciente dos problemas ligado a dificuldade, a desenvolvedora liberou um patch de atualização para melhorar o balanceamento de certos inimigos em tela e alguns glitchs (como o do cozimento de alimentos que citei acima). Porém, até a publicação deste review a Nintendo ainda não havia aprovado a atualização disponibilizada pela Cape Cosmic.

Experiência frustrante

Phoenotopia: Awakening é um bom jogo de plataforma e exploração que tinha tudo para ser muito melhor. Porém, ao buscar inspiração em diversos jogos, acabou perdendo a chance de construir – com maior riqueza – a sua própria identidade. É um jogo que, infelizmente, para descrevê-lo temos que citar vários outros como exemplo. Soma-se a isso problemas ligados aos combates e a dificuldade absurda. Então, não se enganem pela fofura do game. Gostaria de frisar aqui que jogos difíceis não necessariamente são um problema. Só passam a ser quando o gameplay deles é desbalanceado de tal maneira que faz com que a gente não se sinta instigado a superar o desafio, mas se render a frustração de uma mecânica falha.

Esta review foi feita com uma cópia de Switch cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Phoenotopia: Awakening

7.5

Nota final

7.5/10

Prós

  • Gráficos retrô
  • Belas melodias
  • Puzzles interessantes

Contras

  • Dificuldade elevada
  • Combates imprecisos