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Review Redout: Space Assault (Xbox One) – Batalhas espaciais

Desde Spacewar!, desenvolvido na década de 1960 por um grupo de estudantes do MIT (Instituto Tecnológico de Massachusetts), jogos de batalhas espaciais como Space Invaders, Galaga, Ikaruga e Star Fox, são figuras cativas nos videogames. Eles, na verdade, são precursores da própria indústria de jogos eletrônicos e os principais responsáveis pela consolidação desse mercado.

Em 2016, o estúdio indie italiano 34BigThings nos brindou com um competente jogo de corrida anti-gravidade aos moldes de Wipeout e F-Zero, de nome Redout. A equipe de desenvolvedores responsável alterou o gênero e a fórmula do game para lançar, em 22 de janeiro deste ano, para PC, PS4,  Switch e Xbox One, Redout: Space Assault. 

Ele se vende como um jogo de tiro espacial da próxima geração. Porém, bebe em demasia de uma fórmula já batida do gênero e não apresenta inovações seja na história ou em suas mecânicas. Não que isso seja um problema, mas está longe de apresentar algo, verdadeiramente, revolucionário. Para todos os efeitos Redout é um shooter on-rails, com uma história simples e uma pegada muito próxima da vista em jogos como Panzer Dragoon.

Desenvolvimento: 34BigThings
Distribuição: 34BigThings
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Aventura, Tiro
Classificação: 10 anos
Português: Legendas e interface
Plataformas: PC, PS4, Switch e Xbox one
Duração: Sem registros

Uma epopeia espacial

Toda história é narrada através de imagens estáticas que aparecem na tela.

No jogo encarnamos Leon Barret, um exímio piloto de um caça de reconhecimento superorbital da Poseidon Security Forces. No século XXIV, a raça humana passa por grandes dificuldades. A escassez de recursos impulsiona uma verdadeira epopeia espacial patrocinada por grandes corporações. Nesse sentido, a Poseidon Corp patrocina a colonização de Marte no intuito de sanar parte desse problema. Nossa missão é combater drones e caças de rebeldes e piratas espaciais que aparecem no caminho. Em meio à essa disputa interplanetária, no entanto, Leon entra num conflito moral e passa a questionar não só o seu papel como a integridade da Poseidon Security Forces. 

Apesar do que foi dito acima, não se enganem, a história em Redout é simples, cheia de clichês e sem qualquer originalidade. Afinal de contas, o mais comum é nos deparamos com obras de ficção focadas na temática de colonização espacial. Salvo o roteiro manjado, o jogo não apresenta uma cutscene sequer. Tudo é contado através de imagens estáticas in-game e sem muita inspiração (mas que, ao menos, contam com dublagem). No fim, muito do enredo de Redout serve apenas para contextualizar minimamente a ação em tela.

Pegada arcade e progressão linear

Com as fichas podemos fazer upgrades em nossa nave.

Redout: Space Assault até que apresenta gráficos bonitos, mas, os mesmos parecem não possuir inspiração ou criatividade. O level design, nesse sentido, é simples, com cenários escuros, repetitivos e com pouquíssimos elementos em tela. A ambientação espacial como um todo é subutilizada e, simplesmente, não possui vida. A trilha sonora ao menos cumpre o seu papel, mas não espere nada marcante e memorável como as composições de Saori Kobayashi.

Com uma forte pegada arcade, a progressão em Redout é linear e solitária. Há apenas um único modo de jogo para se aventurar (campanha) sem coop local ou online. O jogo é dividido em capítulos e cada capítulo possui um número específico de níveis com objetivos diversos. Cada fase, na verdade, possui três objetivos: um principal e dois opcionais. Quando concluímos nosso objetivo, temos acesso a cartas e fichas que podem ser usadas, respectivamente, para aumentar certo percentual de algum status de nossa nave ou fazer um upgrade permanente (casco, escudo, armas de energia e mísseis). No final de cada capítulo, uma nova arma de energia é adicionada ao nosso arsenal, e toda vez que iniciamos uma nova fase podemos escolher qual queremos utilizar.

Jogabilidade limitada

A jogabilidade é bem simples.

Sem a liberdade de jogos de tiro espacial mais recentes como o subestimado Starlink: Battle for Atlas, da Ubisoft, a jogabilidade em Redout é limitada como qualquer shooter on-rails. Dessa forma, o máximo que podemos fazer – salvo torpedear e atirar nas naves inimigas – é realizar manobras evasivas para a esquerda ou direita, usando o analógico direito ou os botões de ombro (LB e RB). Podemos ainda acionar a propulsão de nossa nave para fugir de certas situações em tela ou ganhar tempo nas missões de corrida. Os mísseis funcionam como os tiros concentrados que acertam alvos automaticamente em Panzer Dragoon. Já a arma de energia – que podemos escolher entre disparo manual e automático – possui pouca eficácia durante a partida.

Ser abatido em combate não resulta necessariamente num game over. Nossa nave pode ser abatida várias vezes durante a fase. O máximo que pode acontecer é não ganharmos a bonificação que nos dá certo número de fichas ao concluirmos o objetivo opcional de não usar ressurgimento durante a partida. A única coisa que pode resultar de fato numa derrota é o não cumprimento do objetivo principal ao final da fase. No entanto, não é nada muito punitivo. Apenas teremos que jogá-la novamente do início.

Uma experiência frustrante

Apesar de bonito, a experiência com o jogo pode ser um pouco frustrante.

As repetições de missões e cenários em Redout: Space Assault tornam a jogatina cansativa e nos passa a sensação de que o game dura mais do que deveria. As opções de customização e upgrade de nossa nave até buscam prolongar nosso contato com o jogo – na medida em que forçam a repetição de fases para ganharmos fichas para fazermos tais melhorias – mas, infelizmente, não é suficiente para manter o nosso interesse.

Isso se dá, em muito, pela ausência de um roteiro que seja capaz de gerar no jogador uma maior identificação com o que se passa na tela. Leon, por exemplo, não possui carisma, pois não há qualquer construção do personagem. Tudo isso quebra demais nossa imersão na rasa história do game. Em linhas gerais a experiência com Redout é frustrante mesmo para aqueles que são fãs de shooter on-rails com temática espacial ou que curte o bom e velho “joguinho de navinha”. Simplesmente, esperava mais.

Cópia de Xbox One cedida pelos produtores

Revisão: Jason Ming Hong

Redout: Space Assault

6

Nota final

6.0/10

Prós

  • Gráficos bonitos
  • Trilha sonora razoável
  • Legendas em PT-BR

Contras

  • História rasa
  • Sem coop local ou online
  • Muito repetitivo
  • Fácil demais