Sakuna: Of Rice and Ruin é uma surpresa muito grata. É competente como farming sim, graças aos seus minijogos, e eficiente como jogo de aventura com seus combates simples e divertidos.
Desenvolvimento: Edelweiss
Distribuição: XSEED Games
Jogadores: 1 (local)
Gênero: Ação, Simulação
Classificação: 12 anos
Português: Não
Plataformas: PC, PS4 e Switch
Duração: 30.5 horas (campanha)/49 horas (100%)
O dever de Sakuna
A protagonista se chama Sakuna, e é tida como Deusa da Colheita em Yanato. Vivendo desde sempre uma vida de regalias, a pequena deusa cresceu recebendo oferendas dos mortais, que sempre ofereciam arroz a ela em suas preces.
Após uma confusão com um grupo de humanos no reino dos deuses, Sakuna é banida para a Ilha dos Demônios junto a este grupo. Para voltar ao reino celestial, a pequenina deve eliminar os demônios da ilha e tomar o controle dela para a deusa Kamuhitsuki.
A protagonista é extremamente mimada e irritante no começo de sua jornada. Não obstante, é muito difícil torcer por ela no início. Entretanto, sua personalidade e caráter se moldam de forma mais amigável conforme a história avança e Sakuna desenvolve sua relação com os humanos, os quais agora moram com ela em uma pequena fazendinha na ilha.
O grupo de humanos é formado por Tauemon, Myrthe, Yui, Kinta e Kaimaru. Cada um destes personagens ajuda Sakuna de alguma forma efetiva em sua aventura, seja com dicas de plantio e cultivo na lavoura ou na produção de vestimentas e ferramentas de trabalho.
A maior qualidade de Sakuna: Of Rice and Ruin é que seus personagens são carismáticos e possuem muito coração, assim como sua história. Ver laços sendo formados e fortalecidos durante os diálogos nos jantares e momentos diversos na fazenda dá um quentinho no peito.
Cultivando arroz
Para se fortalecer e derrotar os demônios da ilha, Sakuna deve cultivar arroz na fazenda. É aqui que se encontra o aspecto de farming do jogo. O cultivo de arroz é, basicamente, uma coletânea de minijogos simples, mas divertidos e que, em alguns casos, simulam bem o trabalho manual ao exigir ações repetidas do jogador.
No começo, as tarefas são mais simples e tediosas, visto que a protagonista não possui habilidade nas atividades realizadas. Basicamente, o cultivo se resume a preparar o solo, plantar as sementes e fazer a manutenção da plantação até a época de colheita chegar.
Após a colheita, o arroz deve ser secado e preparado com descasque, que ajuda a definir a qualidade da colheita e a quantidade de níveis que a protagonista irá ganhar ao fim do processo. Quanto maior o nível de Sakuna, melhores são suas capacidades de ataque e defesa nas fases de exploração.
Conforme a aventura progride, novas opções de cultivo surgem no intuito de melhorar as colheitas, e assim o sistema vai se tornando cada vez mais robusto, desde a separação de sementes boas das ruins até o preparo de fertilizantes mais nutritivos com os itens adquiridos durante a exploração nas fases.
Embora seja possível delegar as tarefas para os outros personagens, é importante as realizar manualmente. Assim a protagonista obtém proficiência em cada atividade, com bônus passivos que melhoram principalmente sua velocidade de execução das tarefas. O sistema de cultivo em Sakuna parece simplório por ser usado apenas com arroz. Mas a verdade é que ele é robusto, inteligente e eficaz, que mistura minijogos diversos em tarefas divertidas de serem executadas.
Basicamente tudo influencia a qualidade do arroz cultivado, e esse é o desafio a ser superado. Produzir fertilizantes mais nutritivos, seguir as orientações de irrigação que Tauemon provê, ter atenção ao nível de chuva e saber realizar os processos de colheita e preparo do arroz são importantes para evoluir mais rápido.
Felicidade é ter a barriga cheia
Para explorar a Ilha dos Demônios, Sakuna deve elevar seu nível de exploração. Para tal, basta concluir objetivos listados nas áreas de exploração e aventura. Diversos cenários compõem as fases, desde cavernas e áreas rochosas até lagos amaldiçoados e florestas mais densas.
O combate é bem simples, mas efetivo e satisfatório. Sakuna conta com duas armas corpo a corpo: uma para ataques rápidos e leves, outra para golpes lentos e pesados. À medida que progride, habilidades especiais são desbloqueadas e ajudam a deusa a causar dano mais agudo nos inimigos. Além disso, é possível equipar gemas nas armas, que as fortalecem ainda mais.
Derrotar os demônios concede itens diversos, bem como a exploração das fases em si. Estes itens variam entre materiais de produção e alimentos, e são a principal razão para a repetição das fases. Ao fim do dia, o jogador pode optar por jantar com o grupo na fazenda. Os alimentos consumidos concedem bônus passivos que potencializam a protagonista durante o dia seguinte.
Mesmo que Sakuna: Of Rice and Ruin exija repetição constante das mesmas fases, é importante ressaltar que, no fim das contas, isso não chega a atrapalhar o jogo. Isso se dá graças ao fato de que as fases são bastante curtas em sua maioria. Além disso, particularmente falando, eu jamais deixaria minha “família” passar fome na fazenda.
Kinta e Yui podem produzir novas armas e vestimentas, respectivamente, desde que Sakuna ofereça os materiais necessários para eles. Cada equipamento possui suas próprias potencialidades, e cabe ao jogador decidir quais são os que atendem melhor seus interesses.
Quatro estações
Um ano em Sakuna: Of Rice and Ruin consiste em 12 dias, sendo três para cada estação. Cada uma delas têm influência direta nos processos de cultivo, e o objetivo maior é terminar a colheita antes do inverno. Mas é interessante também o fato de que as estações do ano impactam diretamente nas fases de exploração. Seus visuais mudam de acordo com a época do ano, e alguns itens, principalmente culinários, são coletados mais facilmente de acordo com a estação.
Sakuna: Of Rice and Ruin é uma das grandes surpresas que tive este ano (o jogo é de 2020, eu sei). Sua história e seus personagens possuem muito coração, e tornam a jornada mais apreciativa e a repetição das fases propositais. Os visuais são agradáveis, a variedade de fases é muito boa e as batalhas contra inimigos são simples, divertidas e rápidas. O game pode, com toda certeza, se tornar algo repetitivo com o tempo, mas ele acaba por possuir um sistema de cultivo robusto para sua proposta.
Cópia de PS4 cedida pelos produtores
Revisão: Jason Ming Hong
Sakuna of Rice and Ruin
Prós
- Personagens e história carismáticos e cativantes
- Sistema de cultivo de arroz robusto
- Minijogos são divertidos e possuem um propósito de verdade
- Fases de rápida exploração mitigam uma possível repetitividade
Contras
- Ainda assim, o título pode se tornar repetitivo com o tempo
